Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
Quando o Governo Federal lança o programa “Mais Médicos” para atender a população carente nas Cidades e nas Zonas Rurais, em Vitória da Conquista parece que foi implantado o plano do “sem médicos”. Marquei uma consulta para um otorrino, no Posto do Bairro Felícia ou Jardim Guanabara, que já completou agora um ano de aniversário sem ser chamado. Caso fosse uma doença grave já estaria morto. Tente fazer uma mamografia ou uma tomografia. A situação aqui é tão crítica e caótica que estabeleceram o absurdo de que se duas pessoas estiverem doentes na mesma família, só um poderá ser atendido. Entre uma criança, um jovem ou adulto, vai a criança como prioridade. Se for dois adultos, escolhe-se o mais idoso. Pode-se também fazer um sorteio, ou par ou ímpar, se as idades forem iguais. Um pode ser o defunto. Continue a leitura.
A educação, a saúde e a cultura estão a pedir socorro em Conquista, sem contar a falta de pavimentação nos bairros mais periféricos. É bom reformar o Estádio “Murilão”, revitalizar a Lagoa das Bateias e a área do Cristo, mas a educação e a saúde devem estar em primeiros lugares. Sabemos que esse quadro de penúria não acontece apenas em Conquista, mas estou me referindo ao nosso em particular.
Somente num país atrasado e culturalmente ainda colonial como o Brasil não se prioriza a educação e a saúde. Um povo ignorante e sem saúde não sabe nem o significado de nação quanto mais o que é uma democracia. Não existe cidadania num país doente, sem educação e cultura. Não passa de um simples mapa com demarcação territorial que abriga milhões de desassistidos.
O que adianta o desenvolvimento econômico de Conquista, com construções brotando em todos seus pontos cardeais, se temos um povo excluído da saúde? Tem gente que a há anos espera por uma simples marcação de um procedimento simples de uma ressonância para tratar sua doença.
Isso de negar a saúde poderia ser motivo de afastamento de um prefeito ou prefeita, se o Brasil fosse um país sério e respeitasse os direitos humanos. Trata-se de vidas humanas e quem foi eleito tem a obrigação humana de aliviar a dor do outro acima de qualquer tipo de obra.
A lei poderia ser bem mais rígida e criminalizar o executivo ou executiva que deixasse um enfermo sem atendimento médico. O pior é que, mesmo com isso tudo, gasta-se o dinheiro do contribuinte em propaganda. O povo está vendo tudo.
Sei que tem muita gente que não gosta do que falo, mas, paciência, não consigo ver as coisas erradas nessa política para ficar calado. Quando atuava no jornal “A Tarde”, não era bem visto em minhas críticas e observações. Tinha até gente que dizia que eu passava uma imagem negativa de Conquista em minhas reportagens jornalísticas.
Estou completando agora entre março e abril deste ano 50 anos de jornalismo profissional e de diplomação pela UFBA e sempre procurei, mesmo com meus erros e tropeços (somos humanos), fazer meu trabalho com seriedade e ética, seguindo a minha formação familiar. Não minha visão, não se trata de ser de direita, centro ou esquerda. Na minha carreira já tive até inimigos, mas não guardo rancor.