Jorge Maia | Professor e Advogado
O imaginário de um povo e a preservação da sua memória são patrimônios imateriais detentores de uma riqueza que faz a diferença entre os povos mais humanizados. O imaginário sustenta as fantasias e a esperança. A memória faz repetir as boas lembranças e o aprendizado que procura não repetir os erros. A água do Poço Escuro me remete ao imaginário. A lenda criada sobre o seu poder de fazer retornar a Conquista a todos aqueles que dela beberam. É comum reencontramos alguém que mudando-se daqui, retorna. Então falamos: quem bebeu água do Poço Escuro retorna sempre. É motivo de riso e de início de uma boa conversa que resulta da ativação da memória, falando dos tempos idos, lembranças que não se perderam, pois escondidas em algum lugar da nossa cabeça, retornam sempre que provocadas. Continue a leitura.
Eu era menino, não faz muito tempo, e bebi água do Poço Escuro, nem saí da cidade. Apenas fiquei. Parece que em mim o efeito foi mais forte. Mas cá entre nós; quem bebe água do Poço Escuro, hoje em dia? Não sei. Depois da água tratada da Embasa não sei se alguém bebe dessa água, camarada.
Temos a nossa disposição esse patrimônio de imaginário e memória que não tem sido explorado, quer do ponto da sua preservação, quer do ponto de vista turístico fantasioso. Temos insistido no uso do Poço Escuro como um lugar para ser visitado, antes, preservado. A criação de um parque que seja fonte de lazer e cultura ambiental, mas que permita a continuidade da lenda e fantasia que enriquece as conversas e as lembranças.
E se alguém resolvesse tratar daquela água e oferecer de modo folclórico aos amigos e vender como lembrança da cidade, e até enviar para conquistense que moram em outras cidades? Já pensou? receber em São Paulo uma garrafinha de água do Poço Escuro?
Não sei. Acho que hoje acordei cheio de imaginário e de boas lembranças e resolvi, mais uma vez, falar sobre o Poço Escuro. Fonte primeira de água de beber da nossa cidade que foi além da sua finalidade natural e criou uma atmosfera de história e fantasia que mata a sede das boas lembranças. VC190523