O que seria uma Música Popular Brasileira produzida na Bahia? A resposta é múltipla, assim como o nosso estado, dividido institucionalmente em territórios de identidade que não dão conta das inúmeras formas de sentir e de viver o que é ser baiano.
Bahia Interior, EP autoral de Larissa Caldeira já disponível em todas as plataformas digitais, é a resposta a esse chamado do seu processo de criação: compor e cantar uma música popular brasileira que reúna as suas próprias influências, sua identidade e sua história. A esse trabalho, vem somar a originalidade e competência de seu diretor musical Zezinho Reis, além dos seus parceiros de composição, Teu Soares e Coral. O cancioneiro popular de Vitória da Conquista, as serestas do quintal de casa na infância, os sambas dos anos 30 e 40, a bossa nova, a tropicália e o rock nacional e internacional dos anos 70 e 80 compõem seu universo musical, assim como o de muitos baianos. Dos encontros nas praças das cidades pequenas, em que músicos ensaiam os primeiros acordes nas importantes filarmônicas municipais, à imensa ancestralidade presente nos tambores afrobaianos, tudo isso faz parte do caldeirão cultural e material de criação de Bahia Interior. É assim que a célula rítmica do arrocha está presente na percussão de Ar Que Mede, composição de Coral, Larissa Caldeira e Teu Soares. E o bandolim de Valei-me relembra antigos carnavais, em referência a Armandinho Macêdo, que utilizava o instrumento acústico em suas músicas antes da popularização da guitarra baiana. Os metais de Galeano Já Dizia, com o arranjo de Zezinho Reis, transformam a canção em um samba, e relembram as fanfarras e filarmônicas que, muitas vezes, são o primeiro contato de muitos com o fazer musical.
Salvador e o território do Recôncavo não poderiam ficar de fora. O mar é tema e inspiração de Barcoeu, música lançada como single em 2021 e que retorna remixada em Bahia Interior. Com nova roupagem, Barcoeu expressa ainda mais a singularidade do timbre de Larissa Caldeira ao mesmo tempo que enfatiza importantes elementos da música afro-baiana, como o agogô e os tambores presentes nesse ijexá. A doçura e leveza de Mãe Natureza, primeira faixa do EP, abre o tom original do disco. A canção mescla a leveza e o lamento do cancioneiro popular de Vitória da Conquista com sonoridades como a marimba, instrumento de origem angolana, além da relação dos orixás com a natureza presente em sua letra. “Quando eu pensei Bahia Interior enquanto projeto eu pensei na Bahia que habita em nós, que será diferente para cada pessoa. Essas Bahias que habitam em nós. Essas diversas Bahias possíveis de serem cantadas e construídas a partir de uma canção e um projeto musical, tanto que o EP traz todas essas influências”, afirma Larissa. O Bahia Interior terá show de lançamento no dia 17 de junho, às 19 horas, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista. Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla.
