A Agência Estatal Russa de Notícias TASS informou, nesta quarta-feira (23), que Yevgeny Prigozhin, chefe do Grupo Mercenário Wagner, está na lista de passageiros de um avião que caiu enquanto fazia o trajeto entre Moscou e São Petersburgo. Ainda segundo a Agência, os 10 ocupantes da aeronave morreram na queda. Não há, no entanto, confirmação oficial da morte de Prigozhin. A Embraer tinha a bordo sete passageiros e três tripulantes, conforme a TASS. Prigozhin fundou o Grupo Wagner para ser um Grupo Mercenário que luta tanto no leste da Ucrânia quanto, cada vez mais, por causas apoiadas pela Rússia em todo o mundo. A CNN rastreou mercenários na República Centro-Africana, Sudão, Líbia, Moçambique, Ucrânia e Síria. Ao longo dos anos, eles desenvolveram uma reputação particularmente horrível e foram associados a vários abusos dos direitos humanos. Enquanto muitas tropas regulares russas tiveram contratempos no campo de batalha, os combatentes de Wagner pareciam ser os únicos capazes de fazer progressos tangíveis.
Conhecido por desconsiderar a vida de seus próprios soldados, acredita-se que as táticas brutais e muitas vezes ilegais do Grupo Wagner resultaram em inúmeras baixas, já que novos recrutas são enviados para a batalha com pouco treinamento formal. O processo é descrito pelo tenente-general reformado dos Estados Unidos Mark Hertling como o “como alimentar carne para um moedor de carne”. Prigozhin usou as redes sociais para fazer lobby pelo que deseja e muitas vezes rivalizou com a liderança militar da Rússia, apresentando-se como competente e implacável em contraste com o estabelecimento militar. Em 23 de junho deste ano, Prigozhin acusou abertamente os militares da Rússia de atacar um acampamento do Grupo Wagner e matar uma “grande quantidade” de seus homens. Ele prometeu retaliar com força, insinuando que suas forças iriam “destruir” qualquer resistência, incluindo bloqueios de estradas e aeronaves. “Somos 25 mil e vamos descobrir por que existe tanto caos no país”, disse ele. Mais tarde, Prigozhin voltou atrás em sua ameaça, dizendo que sua crítica à liderança militar russa era uma “marcha de justiça” e não um golpe, mas a essa altura ele parece já ter passados dos limites com o Kremlin. A crise então se aprofundou quando Prigozhin declarou que seus combatentes haviam entrado na região russa de Rostov e ocupado instalações militares importantes em sua capital. Rostov-on-Don é a sede do comando militar do sul da Rússia e lar de cerca de um milhão de pessoas. Prigozhin divulgou um vídeo dizendo que suas forças bloqueariam Rostov-on-Don, a menos que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o principal general da Rússia, Valery Gerasimov, fossem encontrá-lo. Prigozhin passou meses protestando contra Shoigu e Gerasimov, a quem ele culpa pela vacilante invasão da Ucrânia por Moscou.