A Polícia Civil Mineira concluiu o inquérito e indiciou o presidente do Conselho de Segurança Pública do Município de Montalvânia, no Norte de Minas Gerais, por crimes sexuais praticados contra dez meninos. O investigado foi preso preventivamente no dia 2 de agosto, conforme noticiou o g1, e permanece no Presídio de Manga. Segundo a Polícia Civil, a maioria das vítimas tinha entre 13 e 16 anos, e em alguns casos, os abusos ocorreram até os 18 anos. Em entrevista coletiva, na sexta-feira (25), o delegado Theles Bustorff Feodrippe de Oliveira Martins, explicou que o investigado escolhia jovens que viviam em situação de vulnerabilidade social e alguns chegaram a morar na casa dele. “O investigado se aproveitava dessa vulnerabilidade social para poder atrair as vítimas oferecendo presentes, ajuda. Então, elas acabavam começando a frequentar a casa dele. […] Quanto mais vulneráveis eram as vítimas, mais violência elas sofriam”. As investigações apontaram que as vítimas eram dopadas com remédios, embriagadas e algumas faziam uso de drogas. “Uma das vítimas disse que ele usava Rivotril, que tinha um vidrinho guardado na geladeira e quando ele queria fazer alguma coisa pegava o vidrinho e dopava a vítima. Além do Rivotril, ele tinha costume de embriagar as vítimas. […] Nós identificamos também que o investigado chegou a oferecer maconha para três vítimas”. O delegado esclareceu que os abusos eram filmados e as imagens eram usadas como forma de chantagear as vítimas. “Nós tivemos acesso por meio das nuvens digitais dele e localizamos um extenso material de pornografia infanto-juvenil. Tem vídeos das vítimas, fotos e filmagens delas desacordadas no quarto”. Ainda conforme o delegado, após saber das investigações, o homem “tentou se blindar e aproximou-se de todo o setor da segurança pública de Montalvânia”, se tornando presidente do CONSEP. >>>>>
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Antes, ele atuou como orientador social do CRAS e agente de saúde. A investigação teve início quando uma das vítimas procurou à polícia e contou que foi abusada dos 13 aos 18 anos. Atualmente, o jovem está com 21 anos. “No caso dessa vítima que denunciou, ele se aproveitou de uma situação na qual o adolescente ficou muito vulnerável e foi chamado para morar com ele. Inicialmente, o investigado dopava o adolescente e ele acordava sentindo dores. Diante disso, começou a achar estranho e quando foi questionar, o investigado mostrou um vídeo que havia feito, praticando os abusos e disse que se ele parasse de frequentar a casa, todo mundo iria saber. […] Depois que fez essa chantagem, ele começou a praticar os abusos com o menino, já acordado”, disse o delegado Theles Bustorff. Além dos abusos, o adolescente também foi usado pelo suspeito para trabalhar vendendo salgados nas ruas. “Ele ficava horas trabalhando e não recebia nenhuma remuneração. Por isso, nós entendemos que nesse caso, ele reduziu a vítima a condição análoga a de escravo”. Após essa denúncia, foram identificadas mais nove vítimas, mas a Polícia Civil não descarta a possibilidade de existirem mais. “É muito importante que as demais vítimas que ainda não nos procuraram ou não tomamos conhecimento, nos procure, nos relate. Nós estaremos lá para acolhê-las e para fazer com que esse investigado pague pelo que ele fez”, alertou o delegado. O g1 procurou o advogado Alano Alves Carneiro, que representava o investigado até a data da prisão, mas ele informou que não está mais no caso e a reportagem não conseguiu identificar quem é o novo defensor. Em nota, a Prefeitura de Montalvânia informou que “não compactua com quaisquer atos ilícitos envolvendo seus servidores ou quem quer que seja, e que irá aguardar o desenrolar das investigações para tomar as providências necessárias”. O inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça com o indiciamento do investigado pelos crimes de estupro de vulnerável, estupro, importunação sexual, tráfico de drogas, condição análoga a trabalho escravo e por posse e produção de pornografia infanto-juvenil.