Saúde Pública | com 70% do corpo queimado, idoso atingido por raio em Teixeira de Freitas é transferido ao HGE

Gildásio estava na varanda de casa, em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul Baiano, quando foi atingido por um raio e teve 70% do corpo queimado, no último sábado (4). A intensidade da descarga elétrica recebida pelo idoso, de 64 anos, durante o incidente foi tanta que desfez o tecido de suas roupas e danificou acessórios como óculos e relógio, ocasionando queimaduras de segundo e terceiro graus. Ele foi socorrido por vizinhos e levado ao Hospital Municipal de Teixeira de Freitas e, em seguida, foi transferido para um Hospital Privado. Na segunda-feira (6), a equipe médica que o acompanhava solicitou sua Regulação para Unidade com Suporte Especializado, sendo aceito no Hospital Geral do Estado (HGE), que é referência no tratamento de queimaduras. “Fui muito bem acolhido desde o acidente. Até agora, tudo foi fácil, graças a Deus. Só tenho a agradecer, uma referência boa aqui no Estado da Bahia, o HGE. Estou muito satisfeito”, contou Gildásio.  Foram cerca de sete horas entre o pedido dos médicos para a regulação do paciente para o HGE e a chegada até o hospital, em Salvador. A rapidez da transferência é resultado do pronto atendimento da Central Estadual de Regulação (CER), da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), à demanda de Gildásio, associado ao transporte via unidade de terapia intensiva (UTI).

O equipamento fez com que o tempo de deslocamento dos 800 quilômetros, até a Capital Baiana, se encurtasse.  O atendimento ao idoso, tanto na regulação quanto durante o tratamento no HGE, tem surpreendido Joare, filho caçula de Gildásio, que acompanha o pai desde a saída de Teixeira de Freitas. “Os médicos solicitaram a transferência [para o HGE] por volta das 13 horas [de segunda]. Embarcamos no Aeroporto de Teixeira na mesma tarde e, por volta das 20 horas, já estávamos no HGE”, conta. Gildásio é um dos 19.434 pacientes regulados, em todo o Estado, no mês de outubro, três mil a mais na comparação com o mesmo período di ano passado, quando a CER registrou 16.366 pessoas encaminhadas para internações hospitalares em todo o estado. O recorde de internação do último mês é comemorado pela diretora da Regulação, Rita Santos. Segundo ela, o resultado veio a partir do trabalho de excelência prestado pela equipe da Central, que, atualmente, conta com 600 profissionais, entre médicos reguladores e auxiliares de regulação, integrado à oferta de equipamentos de saúde e sua capilaridade em todo Estado.

“Isso se deve à ampliação dos serviços e leitos que o governo do Estado vem garantindo a cada mês. Essas ações, implantadas em todas as regiões de saúde, têm garantido, não só um número maior de atendimentos, mas, também, a redução no tempo de espera”, afirma a diretora da Regulação Rita Santos. Diariamente, são 30 médicos que atuam no período diurno e outros 16 no período noturno, o que garante o acompanhamento, 24 horas por dia, de todas as solicitações encaminhadas pelas unidades requisitantes. Rita Santos explica, ainda, a importância do atendimento por profissionais especializados. “Não só garante o aumento do número de atendimentos, porque são mais médicos analisando as ocorrências, mas, também, porque consegue dar uma qualidade melhor na avaliação dos relatórios”, pontua.  Ainda segundo a diretora, além da contratação de mais médicos, o Governo do Estado aumentou o número de leitos, a exemplo da abertura do Hospital 2 de Julho, que ampliou a quantidade de pacientes de clínica médica. Também houve a contratação e credenciamento de diversos hospitais, como o Hospital Dom Pedro Alcântara (HDPA), em Feira de Santana, que credenciou leitos de UTI, serviços de cirurgia cardíaca e marca-passo.

 

Portador de uma Atrofia Muscular Espinhal (AME) do tipo 1, uma doença considerada rara, degenerativa, que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos voluntários vitais simples do corpo, como respirar, engolir e se mover, Breno, de 9 anos, precisou de um atendimento específico. Foi transferido, também via UTI aérea, disponibilizada pelo Governo do Estado, para o Hospital Roberto Santos (HGRS), unidade localizada em Salvador – referência em pediatria de alta complexidade na Bahia.  “Confesso que fiquei com medo do meio do transporte, mas a equipe me tranquilizou e manteve Breno tranqüilo. Foi uma super equipe que transportou a gente, desde o aeroporto até o Roberto Santos. Não acreditava que conseguiríamos uma UTI aérea tão rápido, por a gente morar no interior, mas conseguimos e, muitas vezes, não acreditamos por ser SUS, mas tive essa experiência e foi possível, graças a Deus. Posso dizer que foi um atendimento de excelência”, testemunha Rebeca Rayane, 28, mãe de Breno. A atuação responsável da CER na transferência de pacientes considera as especificidades de cada caso, direcionando-os conforme a necessidade e oferta de recursos que a patologia exige e traz uma nova perspectiva para o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Há 20 anos, existia uma prática na Bahia conhecida como ambulâncioterapia, quando os hospitais colocavam os pacientes em uma ambulância e pediam para que eles procurassem um lugar para buscar atendimento”, lembra Mônica Hupsel, superintendente de Gestão dos Sistemas de Regulação da Atenção à Saúde da Sesab. A gestora destaca o compromisso da CER no encaminhamento do paciente para a unidade adequada. “Não é deixar o paciente, ele próprio, buscar o recurso. Nós é que iremos dizer onde está aquele recurso que ele está necessitando no momento”, defende. A mãe de Maurício, dona Maria Tereza, 77 anos, esperou poucas horas para ser transferida do hospital Menandro de Farias (em Lauro de Freitas) para o Roberto Santos. Ela estava internada para tratar um problema pulmonar. “Não demorou mais do que quatro horas para conseguirem uma transferência para o Roberto Santos. Depois da regulação, chegamos e fomos bem atendidos aqui”, agradece.

De acordo com o diretor médico da Central de Regulação, Eduardo Sampaio, o critério principal para regulação de um paciente é a gravidade. “Não existe uma ‘fila de regulação’. Fila é quando uma pessoa está atrás da outra para entrar na ordem certa. Nosso primeiro critério é a gravidade. Se o paciente entrou agora, e o estado dele é mais grave do que outro que entrou de manhã, essa vaga é do paciente mais grave, sempre”, explicou o diretor médico. Mesmo quando não há vaga em uma unidade hospitalar, o médico regulador está habilitado para atuar como uma autoridade sanitária, podendo determinar uma regulação dentro da chamada ‘vaga zero’. “Em uma unidade médica lotada, quando há necessidade de colocar um paciente com risco iminente de morte ou com alguma situação grave, comunicamos a unidade e encaminhamos o paciente para a vaga zero. Existe uma série de situações, como fratura exposta, infarto agudo do miocárdio, trabalho de parto demorado ou traumatismo craniano, que não passam mais de 15 minutos em nossa tela”, enfatizou Eduardo Sampaio.


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