Uma jovem, de 19 anos, morreu por dengue grave em Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais. A causa da morte aparece no atestado de óbito fornecido à família e foi confirmada pela Diretora Clínica do Hospital Doutor Gil Alves, onde ela foi atendida. Conforme o boletim epidemiológico do Governo de Minas Gerais desta segunda-feira (8), o Bocaiuva ainda não tinha mortes causadas por dengue. “Levei minha menina para consultar no hospital de Bocaiuva, cheguei lá, ela tava com 39 graus de febre e a médica só deu um paracetamol e liberou ela pra casa, toda ruim e com febre. Ela ficou ruim e eu voltei com ela pro hospital de Bocaiuva e minha filha veio a falecer”, conta Geisa de Jesus Silva Carvalho, mãe de Danielle Joice Carvalho dos Santos. Segundo a mãe, o primeiro atendimento foi no dia 2 de janeiro e o falecimento ocorreu quatro dias depois. A família mora na comunidade Camilo Prates. Apesar da família questionar o atendimento recebido, a médica e diretora Clínica do Hospital de Bocaiuva, Gabriella Falcão, fala que ela chegou na unidade com sintomas leves. Como tinha alergia de dipirona, principal medicamento para controle da temperatura nesses casos, recebeu outro remédio. Além disso, foi administrado soro e a paciente passou por exames. Confira a reportagem do g1.
“Após a estabilização e sem critério para internação, liberamos a paciente e demos a orientação que procurasse pela assistência primária para continuar com o monitoramento do quadro de saúde”, detalha.
Já no dia 6, conforme a diretora clínica, a jovem voltou grave ao hospital e o quadro de saúde dela piorou rapidamente, evoluindo para o óbito.
Gabriella Falcão destaca ainda que que casos como o de Danielle são submetidos a uma comissão de investigação de óbito do hospital e ressalta ainda que as informações sobre a morte já estão sendo compartilhadas com o município. Além disso, são fornecidos detalhes para a Superintendência Regional de Saúde.
“Nosso objetivo é analisarmos as medidas que foram tomadas e vermos o que pode ser melhorado. Além disso, tivemos uma reunião com a Vigilância Epidemiológica do Município, que faz o trabalho de combate, com a intenção de alinharmos o serviço prestado pela rede que é responsável pela assistência à população.”
O g1 procurou pela Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, que tem Bocaiuva sob sua jurisdição, mas o município ainda não havia notificado a morte por dengue à SRS até a publicação desta reportagem.
“A notificação é obrigatória e a SRS já solicitou informações ao município que deve investigar o caso e enviar os documentos à Superintendência”, afirmou a SRS.
Dados do estado apontam que Bocaiuva já registrou 2.878 casos de dengue, 382 de chikungunya e quatro de zika. No dia 20 de dezembro, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) informou que Bocaiuva estava entre os seis municípios do Norte de Minas Gerais que apresentavam alta incidência de casos notificados dessas três arboviroses segundo . Isso quer dizer que essas localidades possuem acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
O secretário municipal de Saúde, Renato Teixeira, diz que um óbito suspeito de dengue foi investigado e o exame feito deu negativo. No caso de Danielle, o material foi colhido e será analisado pela Fundação Ezequiel Dias para confirmação do diagnóstico clínico de dengue grave feito no hospital.
Teixeira fala ainda que o município adotou medidas preventivas em setembro de 2023, como mutirões de limpeza, visita da equipe de endemias, bloqueio com bombas costas e fumacê.
“Apesar de fazermos um trabalho de conscientização, encontramos situações complicadas ao visitarmos os domicílios. Temos que deixar claro que nenhum esforço vai ser suficiente se o cidadão não nos ajudar, as pessoas precisam contribuir eliminando os focos do mosquito de dentro de seus domicílios.”