Arraiá da Conquista | Amado Batista lota Centro Cultural Glauber Rocha e encerra festa com chave de ouro

Fotos: SECOM | PMVC

Pode-se falar em química, sintonia, admiração ou paixão, mas a relação que se estabelece entre um fã e um artista não se explica. Apenas se sente. E as relações entre os fãs de Amado Batista e o cantor podem ser sentidas a partir do que se viu e ouviu durante o show do artista goiano, neste domingo (23), fechando o último dia da programação do Arraiá da Conquista no Centro Cultural Glauber Rocha. Pessoas se postaram desde o início da tarde diante da grade em frente ao palco principal, portando faixas com mensagens carinhosas, bandanas com o nome do ídolo e as letras de seus sucessos na ponta da língua, o que é possível até mesmo para quem não é tão fã, dada a onipresença da obra musical de Amado no Brasil. É possível sentir algo relacionado a isso quando a empregada doméstica Silvana Gomes da Silva, 46 anos, tenta explicar as razões de seu gosto pelas músicas de Amado. “Gosto desde sempre, desde quando eu tinha nove anos e ouvia ele cantar no Chacrinha a primeira vez. Meu amado cantor me ajudou a enfrentar a vida, tudo que já passei, não tenho palavras para descrever”, responde com lágrimas nos olhos a alagoana, que atualmente mora em Águas Vermelhas, Minas Gerais, mas veio para Vitória da Conquista ver o seu ídolo de perto. Essa paixão inexplicável é algo comum entre ela e a nova colega de fã-clube, amizade feita durante a espera para o show, a aposentada Neia Sampaio, 53 anos, moradora do Kadija.

“Eu tinha 10 anos de idade quando me apaixonei por Amado. Ouço todos os dias, guardo os discos, os CDs. Eu não tenho palavras para agradecer, primeiramente a Deus, depois ao meu neto que tá aqui comigo, à minha família, à produção, às pessoas que eu conheci aqui hoje que me deram muita força. Teve gente que riu de mim, mas eu falei ‘hoje eu vejo ele’, e agora estou aqui!”, confidenciou. “Desde quando eu entendi que eu gostava dele, eu tinha um passado com meus pais muito triste, então, ele me acompanhou a vida toda. Eu estou fazendo 53 anos em julho e esse é meu presente de aniversário”, disse. Então, a explicação passa mesmo pelos afetos. E, se não se pode compreendê-la por lógicas racionais, é possível transportá-la para objetos físicos cujas recordações equivalem a uma vida: dona Odete Cunha guarda, há 40 anos, o primeiro disco que era do falecido esposo, ainda mais fã do que ela, segundo as suas próprias palavras. “Eu estou muito emocionada, eu não consigo nem falar. Estou realizando um sonho meu e do meu marido. Minha filha que está aqui comigo escuta Amado Batista desde quando estava na barriga”, destacou, enquanto estampava orgulhosa a dedicatória feita pelo seu ídolo.

Sem conter a ansiedade, Bianca de Oliveira fez questão de abrir seu coração para falar de Amado. “Sou fã demais, gosto muito dele, escuto todas as músicas dele. Acho que ele é super maravilhoso. Estou tão nervosa! Feliz demais por ter essa oportunidade de conhecê-lo tão de perto. Melhor presente que eu poderia ter na vida”, comemorou a cuidadora de crianças. “O amor é grande, né? Porque, desde quando ele gravou o primeiro CD dele, que eu sempre acompanho. Com revistinha, com CDs, desde o primeiro. Então, não importa a idade, é paixão mesmo, eu sou fã número um, de carteirinha dele. Gosto de muitos, mas como eu gosto dele não tem nenhum”, contou dona Maria Lúcia Jesus, 67 anos, residente no Jurema. Sim, Maria Lúcia, o amor é grande.

Dá para entender que a relação entre fã e artista é mesmo passional e não há o que discutir. Igualmente compartilhada com sua cunhada, Albertina Santos de Jesus, 77 anos, soteropolitana, que veio turistar na cidade apenas para participar do Arraiá da Conquista quando soube que seu maior ídolo tinha sido confirmado na programação. “Meu Amado Batista, ele mora aqui dentro do meu coração. Igual ao dela, minha cunhada. Graças a Deus que estou aqui hoje! Graças a Deus estou firme e forte, gritando de emoção parecendo uma louca”, comemorou a aposentada. Ainda na temática de trajetória, registre-se que, em 48 anos de carreira, Amado Batista vendeu mais de 38 milhões de discos, entre LPs e CDs. Já na atual era das plataformas digitais, suas músicas amealharam mais de 3 bilhões de visualizações até o momento. Canções como “Desisto”, “O fruto do nosso amor (Amor perfeito)”, “Seresteiro das noites”, “Princesa” e “Secretária”, entre inúmeras outras, são conhecidas e cantadas pelos mais longínquos grotões do Brasil. Assim como ocorre com a relação entre o artista e os fãs, não há como apontar uma fórmula para esse sucesso comercial, mas é perceptível que Amado se utiliza de elementos da moda de viola, da sonoridade Jovem Guarda e do viés romântico popular para tratar, em suas canções, de temas cotidianos, com os quais qualquer pessoa consegue se identificar.

“Eu vim para esse show com uma expectativa muito grande. Eu sabia que meus fãs estariam me esperando porque eu sempre me apresento com muito prazer, amo exercer a minha profissão. Faço com muita paixão para eles”, confidenciou o cantor Amado Batista. Essa identificação afetiva explica, por exemplo, a lotação na agenda de shows do artista, neste mês de junho, que foi iniciada no dia 1º, com uma apresentação em Sabinópolis, em Minas Gerais. No dia seguinte, ele esteve em Aparecida do Rio Negro, Tocantins. Daí por diante, o artista fez mais 17 apresentações, passando por Sergipe, Mato Grosso, Pernambuco, Goiás e Espírito Santo, até desembarcar em Vitória da Conquista. vindo de Araripina, em Pernambuco. Nesta noite de São João, a agenda de Amado prevê ainda mais dois shows na Bahia, em Itatim e Jequié. Na segunda-feira (24), outras duas apresentações em terras baianas, em Jaguaripe e Presidente Tancredo Neves. Até o dia 30, serão mais seis eventos, passando ainda por Maranhão e Minas Gerais, e completando um total de 29 compromissos em 30 dias. “Cantar, pra mim, é uma alegria, me diverte, e a gente vê que diverte também as pessoas e isso me realiza. Eu sou muito agradecido”, contou o artista, que está com novo álbum: Perdoa, com 12 canções inéditas [entre elas Perdoa, Chocolate e Pimenta e Quero Namorar] e duas regravações do repertório de Amado.


Os comentários estão fechados.