Destaque da UESB | pesquisa aponta impacto da fumaça do cigarro em organismos ativos e sedentários

Fotos: Reprodução | UESB

Gabriel Goes | UESB

Nicotina, alcatrão, amônia, monóxido de carbono, você pode não saber o que é, mas muito provavelmente inalou essas e mais outras sete mil substâncias presentes na fumaça do tabaco, seja de maneira ativa ou passiva. O tabagismo, popularmente conhecido como o ato de fumar, é responsável por 13% do total das mortes que acontecem no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O impacto dessa doença crônica é perceptível tanto nos organismos sedentários, quanto naqueles que praticam alguma atividade física, mas qual o nível de influência? Um estudo realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), pelo pesquisador Thiago Macedo e orientado pelos professores Raphael Ferreira Queiroz, do Departamento de Ciências da Saúde, campus de Vitória da Conquista e Rafael Pereira, do Departamento de Ciências Biológicas, do campus de Jequié, indicou que as respostas obtidas evidenciam que a fumaça do cigarro (CSE) demonstra um claro efeito negativo, que reduziu até mesmo as adaptações benéficas de grupos de camundongos, utilizados nos experimentos, que praticaram treinamento físico. A pesquisa utilizou condições específicas para avaliar o nível de influência da exposição ao CSE. Os testes foram realizados da seguinte maneira: os animais foram divididos em quatro grupos (8 em cada agrupamento): 1) grupo sedentário, 2) grupo fisicamente ativo, 3) grupo exposto à fumaça de cigarro e o 4) grupo fisicamente ativo e exposto à fumaça de cigarro.

A prática do exercício protegeu os animais contra alterações na composição corporal

Os animais que fizeram parte dos fisicamente ativos foram expostos a um treinamento de natação forçada, antes e depois da exposição ao CSE. O desempenho físico foi observado com base nesse procedimento e pelo teste de tela invertida, que testava força de pressão e foi utilizado para medir a capacidade de resistência muscular nos animais. De acordo com Thiago, o estudo foi realizado em um período de dois anos, considerando todas as etapas envolvidas. No entanto, o período de experimentação relacionado ao treinamento físico dos animais e exposição à fumaça do cigarro duraram, em conjunto, dois meses. Os resultados obtidos com os testes indicaram que os componentes químicos presentes na fumaça do cigarro prejudicaram o desempenho físico e inibiram as melhorias induzidas pelo treinamento. Além disso, o CSE induziu um perfil pró-inflamatório prejudicial no músculo esquelético dos animais sedentários.

O tabagismo reduz as defesas do organismo e aumenta a probabilidade de adquirir doenças

Os experimentos foram realizados com camundongos, mas é possível aproveitar para exemplificar a relação entre o ser humano e o tabagismo. “Fica evidente que a exposição à fumaça do cigarro compromete a capacidade física caracterizada pelo prejuízo da performance e força, desfechos que se devem, em parte, ao aumento da inflamação e estresse oxidativos musculares causados pelo cigarro”, explicou o pesquisador nessa reportagem que o BLOG DO ANDERSON reproduz neste domingo através do site da UESB. Ainda de acordo com Thiago, estudos como esses permitem identificar possíveis vias moleculares que se destacam nas alterações observadas nas pessoas. Mas a pesquisa não para por aí. Thiago revelou que, anteriormente, haviam sido realizados estudos a fim de demonstrar que a melhora da atividade antioxidante é uma potente ferramenta contra os prejuízos pulmonares agudos causados pela fumaça do cigarro. Para o futuro, segundo o pesquisador, estudos estão sendo conduzidos “para melhor esclarecer quais os mecanismos moleculares envolvidos, e dessa forma, possíveis alvos terapêuticos”.


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