Decisão Judicial | Geraldo foi condenado a mais 17 anos de prisão por matar colega médico na Bahia

Fotos: Reprodução | Instagram

“Passamos 20 horas ouvindo os sete advogados dele sustentando que foi acidental, mas não conseguiram”. Esta fala é de Dormitília Lopes, mãe de Andrade Lopes Santana, de 32 anos, acreano assassinado em São Gonçalo dos Campos, na Bahia, há três anos. O g1 entrevistou Dormitília, que saiu do Acre e foi até Feira de Santana para assistir ao julgamento do médico Geraldo Freitas Júnior, acusado de matar Andrade. Dormitília estava acompanhada da irmã, cunhado e uma tia. Todos aguardavam a sentença com grande expectativa. Geraldo recebeu uma condenação de 17 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão, no Fórum Filinto Barros. O julgamento começou na manhã de quinta-feira (26) e se estendeu até a madrugada desta sexta (27). Após 20 horas de audiência, a família ouviu a sentença do juiz e sentiu que a justiça estava sendo feita. “Não ouvi ninguém dizendo que meu filho era feio, foram só elogios. O que podia ser feito, os promotores fizeram, foram muito bons. Ele merecia passar o resto da vida preso pelo que fez”, disse. Dormitília contou que sofreu muito ao recordar tudo que aconteceu com o filho. “Não tinha mais lágrimas para chorar. Demorou muito o julgamento; ele queria que o povo da Bahia esquecesse, mas o pessoal foi em peso para lá”, finalizou.

O julgamento de Geraldo Freitas Júnior, inicialmente marcado para dezembro do ano passado, acabou adiado após a defesa solicitar a mudança da comarca de origem, argumentando que o corpo de Andrade Lopes apareceu em São Gonçalo dos Campos, o que poderia influenciar na sentença. A mãe de Andrade lembrou que a defesa tentou provar que a morte ocorreu em um acidente, mas a Justiça se mostrou eficaz no processo. Geraldo Freitas teve sua prisão efetuada quatro dias após o desaparecimento de Andrade, no mesmo dia em que o corpo do médico acreano foi encontrado no Rio Jacuípe, a cerca de 20 quilômetros de Feira de Santana.

Inicialmente detido no Conjunto Penal de Feira de Santana, ele acabou transferido para o Conjunto Penal de Jequié a pedido da defesa, que argumentou a proximidade de familiares da esposa do acusado na região.  Durante o depoimento, Geraldo confessou à Polícia Civil da Bahia que matou Andrade e tentou registrar o desaparecimento da vítima. As investigações indicaram que ele agiu sozinho. Andrade desapareceu ao sair de Araci com destino a Feira de Santana, e o desaparecimento foi comunicado por Geraldo no mesmo dia. Após a descoberta do corpo, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) confirmou que Andrade sofreu um tiro na nuca. Além disso, Geraldo amarrou uma âncora no corpo para evitar que emergisse das águas. O crime, segundo o delegado Roberto Leal, teve como motivação um desentendimento entre os dois médicos, que estudaram juntos na Bolívia. Geraldo comprou uma caminhonete em nome de Andrade, mas não fez o pagamento combinado. O veículo de Andrade foi encontrado no dia do desaparecimento, em Conceição do Jacuípe. Embora a defesa alegue que Geraldo não tinha a intenção de matar Andrade, a polícia acredita que houve premeditação, dada a forma como o crime ocorreu. Antes de ser identificado como suspeito, Geraldo recebeu os familiares de Andrade, que viajaram do Acre para ajudar nas buscas.


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