Daniel Silveira ganhou o apelido de “Gari Gato” dos colegas de trabalho em Florianópolis. Aos 39 anos, carrega a faixa de Mister Santa Catarina FNBI [Fundação Nacional da Beleza] e tenta uma vaga no Mister Brasil. Ele trabalha há 10 anos na Autarquia de Melhoramentos da Capital (COMCAP), empresa pública de limpeza urbana de Florianópolis, é formado em teologia e estuda psicologia. Para colocar a beleza em jogo, precisou ser convencido a participar dos concursos. O primeiro contato que Daniel teve com competições desse tipo ocorreu através das filhas. São duas, uma de 15 e outra de 9 anos. Segundo o modelo, a mais velha “sempre foi exibida e fotogênica”. Há três anos, Daniel conseguiu um contato para colocar a adolescente para representar Florianópolis em um concurso. O agente, no entanto, propôs que ele e a filha mais nova também competissem.
“No começo eu resisti, falei que não tinha altura e nem perfil, mas ele insistiu tanto que me convenceu e acabamos indo”, contou. A adolescente ficou em segundo lugar e a pequena levou o título de Mister Mirim de Santa Catarina. No mesmo ano, o Gari ganhou as faixas de Mister Turismo Man Florianópolis e Mister Turismo Man Santa Catarina. Contudo, como a filha mais velha não conseguiu o título, a menor acabou desistindo dos concursos. Mas, no ano passado, uma nova chance apareceu: Daniel foi chamado para competir a uma vaga na final do Mister Brasil. A votação termina neste domingo (20). Concursado na COMCAP, Daniel contou que se inscreveu para fazer a prova por incentivo do primo. Foi chamado dois anos depois. O mister disse que antes pensava que seria difícil “correr atrás de caminhão” e sentir o cheiro do lixo, mas acabou topando pelo salário. Em uma década, conta que se machucou seriamente duas vezes, com vidros que não foram separados da forma adequada. Além disso, enfrenta as dificuldades das noites chuvosas, de frio e a correria de descer do caminhão e pegar os sacos. Antes, chegou a trabalhar por seis anos durante o dia, mas pediu para mudar o turno, que o “sol castiga a pele”.
Além da rotina de estudante e Gari, vaidoso, Daniel tem um cronograma de cuidados que inclui cremes e os treinos, que mantêm em dia para fortalecer o corpo e aguentar diariamente a rota de 45 quilômetros, desses, pelo menos 20 são correndo e juntando sacos de lixo. “Toda profissão tem seu valor, mas o Gari é um povo muito guerreiro, pega sol, chuva e frio. Quando fazemos greve ou paramos, a cidade vira um caos. Então é um trabalho muito importante”, disse. Mesmo orgulhoso da atual profissão, Daniel quer diminuir o ritmo e, neste ano, se forma em psicologia para ter uma rotina menos corrida. “Eu já estou a um ano de completar 40 anos, daqui a pouco já não tenho mais o mesmo pique, já vão aparecendo problemas de articulação. Daí estou cursando psicologia para poder fazer essa transição, de Gari para psicólogo”, declarou. As informações são do g1.
