Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil | câncer infantil muda rotina de pais e crianças em busca da cura

Fotos: Wilson Dias | Agência Brasil

A reportagem especial a seguir é da Agência Basil ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, que é lembrado neste sábado (9). Flora, uma menina de 9 anos, é tagarela fora da escola, mas dentro da sala de aula, ela é quietinha e focada, principalmente nas matérias que adora, como matemática, português, redação e inglês. Em casa, gosta de devorar gibis e compartilhar histórias sobre suas amigas, viagens ao Nordeste e filmes que assiste na TV. Porém, ela também enfrenta uma grande batalha contra um “dodói”, como os pais explicam, e está em um longo tratamento para combater um tumor cerebral. Os pais de Flora, Cris Pereira e Guto Martins, músicos de Brasília, têm se dedicado a dar visibilidade à luta contra o câncer infantil, ajudando outras famílias a perceberem os sinais e a não terem medo de falar sobre a doença. Cris lembra que o primeiro sinal apareceu quando Flora tinha apenas seis meses, com um pequeno estrabismo no olho esquerdo, que mais tarde foi identificado como um astrocitoma pilocítico, um tumor cerebral.  Após um ano de buscas por respostas, há oito anos , a família recebeu a notícia do diagnóstico, e o tumor de Flora havia atingido 6 centímetros A menina passou pela primeira cirurgia três dias depois, e a partir daí, sua vida e a da família mudaram para sempre.

“Foi como se a gente tivesse passado por um portal e que nada seria como antes”, recorda Cris. Após a cirurgia inicial, Flora começou a fazer quimioterapia, e a rotina de tratamentos se estendeu por mais de 120 ciclos. Para os pais, o processo foi difícil, mas também importante para enfraquecer o tumor. Durante essa jornada, Cris e Guto decidiram compartilhar sua experiência nas redes sociais, criando o perfil @mamaetocomcancer para dividir as vitórias e dificuldades diárias com outras famílias. Guto observa que muitas mães enfrentam essas batalhas sozinhas, sem apoio, e lamenta a falta de presença masculina nesse contexto. “É muito triste ver mulheres sozinhas, cuidando de seus filhos sem nenhuma rede de apoio”, comenta ele.

Com o tempo, Flora começou a fazer tratamento de terapia-alvo, um tipo de tratamento genético que envolve medicamentos caros, mas essenciais para a batalha contra o tumor. Graças a uma decisão judicial, a família tem o tratamento garantido pelo plano de saúde. O neurocirurgião pediátrico Márcio Marcelino, do Hospital da Criança de Brasília, destaca a importância de visibilizar o câncer infantil e chamar a atenção para os sinais iniciais, como o caso de Flora, que demorou a ser diagnosticado. O especialista explica que o diagnóstico precoce pode ser crucial para aumentar as chances de tratamento eficaz. O tratamento atual de Flora, que já passou por quatro cirurgias, inclui avanços significativos na medicina, permitindo tratamentos mais direcionados e eficazes para os diferentes subtipos de tumores. A história de Flora é uma lição de resiliência e luta. Em meio a tantos desafios, ela também ensina a importância de sorrir, falar sobre a dor e resistir a cada momento. Sua mãe, Cris, também se inspira na filha para compor canções que refletem essa resistência, como um hino feminista que diz: “resistência em mim se acendeu”. Flora, com seu sorriso e coragem, continua a mostrar que, mesmo diante de um grande “dodói”, é possível viver intensamente e com alegria.


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