Igreja Episcopal Anglicana de Caxias do Sul | primeiro sacerdote gay ordenado na Serra Gaúcha

Foto: Porthus Junior | Agência RBS

A cerimônia de ordenação de novos sacerdotes da Igreja Episcopal Anglicana de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, foi especial: pela primeira vez, um diácono homossexual foi ordenado padre. Auderli Sidnei Schroeder, de 52 anos, atua em Caxias do Sul como diácono desde que chegou, a primeira das três ordenações da igreja, seguida pelo presbiterado, que inclui os padres, e episcopado, composto por quem se torna bispo. A Igreja Episcopal Anglicana permite a ordenação de mulheres e pessoas homossexuais como sacerdotes, além de permitir o casamento e o trabalho fora da igreja. “Passou um filme na minha cabeça, principalmente por estar dentro de uma igreja em que tenho liberdade de ser quem sou. Cristo usou a compaixão, nunca usou o julgamento”, diz o sacerdote. A Igreja Episcopal é um braço da Comunhão Anglicana. O anglicanismo surgiu na Inglaterra, quando o rei Henrique VIII buscou a anulação do próprio casamento, medida que foi recusada pelo papa. Esse episódio auxiliou no rompimento da coroa inglesa com o catolicismo.

No Brasil, a igreja começou a reunir fiéis em um momento posterior, sendo voltada a brasileiros mais especificamente em tempos mais recentes. Em uma assembleia realizada por bispos e clérigos das dioceses brasileiras, foi aprovado o primeiro casamento gay de São Paulo. Além do sacerdócio na Paróquia Anglicana da Virgem Maria, Schroeder trabalha como guia turístico, conforme o g1.

Desde que passou a atuar, tem uma bandeira com as cores da diversidade pendurada na entrada da igreja. Diz que, na paróquia, não sofreu preconceito dos fiéis. Mas relata que, durante sua trajetória, foi alvo de ataques. “Essa igreja é um espaço seguro para pessoas que, como eu, sofreram tanto. Ouvi que Deus condenava, matava, que eu iria para o inferno, que eu era sujo, imundo. Sempre foi muito doloroso ficar dentro do armário. Meu bispo sempre soube que eu era gay, nunca perguntou sobre o que eu fazia, nunca foi um escândalo”, diz o religioso. Em sua atuação religiosa, Schroeder explica que recebe todos igualmente, mas que, pela postura da Paróquia, costuma acolher fiéis vítimas de preconceito, como imigrantes, membros de religiões de matriz africana e mulheres vítimas de violência doméstica. “Todos somos criados à imagem e semelhança de Deus, e Deus, quando criou o homem e a mulher, disse ‘e tudo era muito bom’. O ser humano foi criado para ser muito bom”, resume.


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