Jeremias Macário | os três maiores cancros do Brasil

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor

As elites financistas (banqueiros), os empresários do agronegócio e o Congresso Nacional são os três maiores cancros e sanguessugas do Brasil. Estas categorias juntas são as maiores culpadas pelo profundo índice de desigualdade humana e dominam todas as decisões do país, além de controlar nos bastidores os presidentes da República. Estas classes egoístas agem como se fossem antigos coronéis e impedem que haja uma distribuição de renda entre os brasileiros porque elas só pensam em si mesmas, em cada vez mais se enriquecer e encher seus bolsos de dinheiro. Poucos ligam para o povo que é tratado como marionete ou joguete em suas mãos. Infelizmente, estes cancros a que me refiro, simbolizam o atraso do Brasil desde os tempos coloniais. São eles, na verdade, os três maiores poderes que colocam e tiram governos quando bem entendem. Em nosso sistema presidencialista falso, o presidente apenas faz de conta que governa, e a população é usada como bucha de canhão. Continue a leitura.

Os financistas banqueiros batem o recorde na exploração monetária, com juros estratosféricos nos empréstimos pessoais, nos cartões de crédito, nos cheques especiais, para as pequenas empresas e outras tantas linhas. Tem um ditado que diz que banqueiro não tem coração, tem cofre.

Além desse lado maléfico, nos últimos anos essa turma massacrou os sindicatos e fechou diversas agências pelo país a fora, para reduzir custos, principalmente os bancos oficiais. Seus lucros trimestrais e anuais são exorbitantes para um país tão pobre e faminto.

Por falar em agências, por exemplo, aqui em Vitória da Conquista, uma cidade de cerca de 400 mil habitantes, só existem duas unidades do Banco do Brasil, uma no centro e outra na Avenida Olívia Flores. Os bancos em geral, tanto privados como públicos, demitiram milhares de empregados e sufocaram os clientes nas enormes filas como se fossem gado em currais, com uma péssima prestação de serviços.

Os banqueiros sempre navegaram em mar de calmaria e voaram em céu de brigadeiro. Eles tiram dos pobres para emprestar dinheiro subsidiado para os ricos, os quais desviam recursos para outras finalidades e depois não pagam suas dívidas ou são postergadas para 10 e 20 anos. Muitos deles, com seus advogados caros, são até anistiados.

Quando alguma instituição dessa entra em falência, como já ocorreram vários casos, aparece o governo federal para socorrê-la, sob o argumento de que pode quebrar todo mercado financeiro. A quem pertence o dinheiro do Tesouro Nacional? É claro que é do contribuinte, especialmente do trabalhador que mais paga imposto neste país, com suor e lágrimas.

Outro cancro que não quer ver o pobre melhorar de vida é o grande agronegócio do campo, sobretudo o de grãos e o da pecuária bovina. Além de muitos desmatarem nossas florestas, estes empresários só produzem visando o mercado externo, para ganhar em dólar. A colheita de grãos vai ser a maior da história, com mais de 300 milhões de toneladas, mas os preços de suas commodities e seus derivados estão nas alturas. Não é um paradoxo?

É uma tremenda mentira, uma fake news, quando eles abrem a boca e afirmam que são responsáveis por colocar a comida na mesa dos brasileiros. Quem nos alimenta, na realidade, é a agricultura familiar que recebe pouca ajuda financeira e assistência técnica do governo federal.
Os fatos não mentem. Basta citarmos o encarecimento da carne e do café para o consumidor. Os cafeicultores e pecuaristas ditam seus preços de acordo com a cotação do mercado externo. Com o mesmo preço, comparado com o exterior, eles mandam o produto de qualidade para outros países e vendem o ordinário para nós.
Aqui mesmo em Vitória da Conquista temos um caso absurdo e aberrante. A Cooperativa Mista Agropecuária-Coopmac, composta de produtores que sempre choram de barriga cheia, só realiza a exposição se entrar grana dos governos municipal, estadual e federal. Para fazer a média, abre os portões ao público, e esta mídia burguesa ainda propala que a entrada é grátis. Outra deslavada mentira. São milhões que esse pessoal ganha em leilões e negócios.

Foi só o governo decretar isenção de impostos para determinados alimentos que eles entraram em cena para protestar, com a cobertura da grande imprensa, que é outro cancro. Disseram que o governo tem que robustecer mais o setor para eles produzirem mais, ou seja, querem mais verbas subsidiadas.
O Congresso Nacional, com sua grande maioria de conservadores e gente que trata a coisa pública como privada, rouba, corrompe e desvia recursos, é composto em suas bancadas justamente pelo agronegócio, banqueiros e evangélicos. Não existe uma bancada do povo. Alardeiam cinicamente que nos representa. É outra grande mentira do faz de conta. Deputados e senadores legislam de costas para a população.

Não passamos de plebeus escravizados metidos a bestas, achando que o poder está sob o nosso domínio. Nem estou aqui falando de assembleias estaduais e câmaras municipais. São eles que provocam as intrigas mais sórdidas para que uns odeiem os outros e sejam intolerantes entre si.

O pior de tudo é que entramos nessa como inocentes úteis, peças dessa engrenagem, para o fortalecimento, cada vez maior, de seus grupos. Não passamos de sacos de pancadas num corredor polonês. Sabemos muito bem que é este arcaico e carcomido Congresso Nacional quem governa o Brasil, ditando suas regras e suas normas.

Podia falar aqui do poder judiciário, mas estou me situando nesses três maiores cancros que impedem o Brasil de fazer parte do rol dos desenvolvidos. Adianta alguma coisa sermos a oitava ou sétima economia do mundo e carregarmos nas costas a pecha de uma das nações mais desigual do planeta?

Um país não se mede apenas pelo seu PIB (Produto Interno Bruto), mas pela sua aproximação igualitária. Haja espaço para escrevermos e descrevermos sobre estes três cancros ou furúnculos dos quais padecem nossos doentes pacientes. Daria um livro, desde sua formação histórica até os dias atuais.

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