Jeremias Macário: Quanta hipocrisia!

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Mesmo calado sem nada dizer, o presidente da Câmara Eduardo Cunha cheira a enxofre por tantas denúncias levantadas contra ele pelo Ministério Público e pela Polícia Federal através da Operação Lava Jato, mas o Supremo Tribunal Federal segue em marcha lenta no julgamento, inclusive em relação a outros políticos investigados. A Operação está mais para Empreiteiros que Lava Jato. Leia na íntegra.

A imagem do Brasil no exterior já está maculada por este fato e outros de corrupção, conforme tem noticiado e alardeado a mídia estrangeira. Desde março a presidente Dilma tem concedido entrevistas à imprensa quase todos os dias, inclusive a jornalistas de outros países, batendo na mesma tecla de que “o impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”.

  Agora fazem um reboliço todo porque se divulgou nos meios de comunicação que Dilma pretende repetir sua ladainha e queixume na ONU (Organização das Nações Unidas) durante assinatura do Acordo do Clima. Ora, mesmo que ela profira seu discurso nesta linha, a maior parte do nosso planeta já sabe sobre o que está ocorrendo no nosso país! Afinal, com a internet e as redes sociais, somos hoje uma aldeia!

  Portanto, considero uma tremenda hipocrisia essa “preocupação” das instituições de que se Dilma falar que está sendo vítima de um golpe vai manchar nossa imagem lá fora. Por tudo que está acontecendo de ruim, a nossa imagem já não é boa há muito tempo. Nossas instituições já são por demais conhecidas! Alguém pode aí dizer que na ONU é diferente.

 Não vejo a questão por este prisma. Além do mais, na minha modéstia opinião, o local e a solenidade não são adequados para Dilma abordar o problema do seu impedimento, sem contar que não será nenhuma novidade. Se assim fizer, ela vai chorar no pé de um caboclo errado. Melhor seria na Praça Dois de Julho (Campo Grande), no monumento ao índio, em Salvador. Tanto traidores como e traídos escondem suas hipocrisias.

  Além da corrupção endêmica, ou epidêmica, como queiram, cultuamos também a hipocrisia. O próprio Acordo do Clima na ONU é outra desvergonhada hipocrisia porque todos nós sabemos que país nenhum desenvolvido ou em desenvolvimento no mundo capitalista como o nosso vai querer reduzir produção e consumo. A tentação do lucro a qualquer custo fala mais alto.

   Ninguém quer ver sua economia e seu PIB (Produto Interno Bruto) caírem. Tem gente por aí que ainda prega o reducionismo, mas tudo não passa de balela e quimera. Não há volta. A ordem é consumir e consumir cada vez mais, principalmente quem tem muita grana na mão para manter seus bordéis. Cada nação vai continuar enganando nação com suas estatísticas fajutas, com “ôba, ôba” de sustentabilidade e troca-troca de carbono.

  Bem, vamos retornar ao nosso papo sobre hipocrisia. Não é necessário ir longe ao passado. No dia 17 último (domingo) assistimos ao vivo o espetáculo da ópera bufa na Câmara dos Deputados que expôs a indigência e a mediocridade política parlamentar, com votos pelo tataravô, bisavô, avô, pela avó, pela mãe, esposa e filhos. Só faltou pelo meu fiel cachorro.

  Ali esteve estampada a máscara da hipocrisia de bons pais, boas mães e bons pastores da evangelização. A deputada Raquel Muniz gritou aos berros que o país tem jeito e citou o seu marido, prefeito de Montes Claros (MG) como exemplo de boa gestão e transparência. O resto, todos sabem: No outro dia ele foi preso pela Polícia Federal por acusação de “malfeitos” na saúde. Oh, quanta hipocrisia! “Os idiotas perderam a modéstia” – já dizia Nelson Rodrigues.

  Ainda sobre a dita cuja, ela está mais presente nas reuniões e sessões políticas, nos velórios e enterros, quando se diz: Ele era uma pessoa tão boa e santa, e se foi! A hipocrisia só revela sua cara nos botequins entre uma pinga e outra ou entre quatro paredes quando se diz a verdade e o ser humano denuncia a si mesmo, quem ele é na prática.

 


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