Dimitri Sales | Advogado e Professor | [email protected]
A única saída urgente para a crise política é a realização de eleições diretas. Somente a vontade soberana do povo poderá devolver a estabilidade que havia até a eleição para o segundo mandato da Presidenta Dilma, estabilidade esta destruída propositadamente pelos derrotados naquele processo eleitoral. A baixíssima popularidade de Temer, aliada à sua incapacidade de gerir a crise econômica (mesmo tendo o Congresso ao seu lado, diferente do que ocorreu com Dilma), serão estímulos à preservação da crise e alegados motivos para expulsá-lo do Poder central. Caindo, não resultará em calmaria política! >|>|>|>|>
Caso Michel Temer seja derrubado após 31 de dezembro, um Congresso ilegítimo escolherá o próximo Presidente. Afirmo que é ilegítimo por ter sido um dos principais eixos que sustentaram o golpe que tirou do poder uma Presidenta honesta, que não havia praticado crime de responsabilidade!
Este Congresso, chefiado por Renan Calheiros, cujos principais líderes estão citados na primeira delação da Odebrechet que se tornou pública até agora, não tem moral política para substituir a vontade do povo, só expressada diretamente pelo voto! Se persistir o mandamento Constitucional que ao Congresso caberá a missão de escolher novo Presidente, perdurará a crise política pela ausência da legitimidade suficiente para pacificar o país!
A crise política será fermento para a crise econômica. Se em 2015 e início de 2016 a crise econômica foi estimulada para aumentar a instabilidade política, forçando a queda da Presidenta Dilma (lembram da “pauta bomba”?), agora o cenário se inverte e deixa a sensação de caos eminente. Foram fundo na brincadeira! O descontrole da situação política gera mais instabilidade econômica, que não será superada com a aprovação de medidas pontuais, centradas exclusivamente no corte de gastos públicos, sem alterar a estrutura da macroeconomia.
Alguns “inocentes úteis” continuarão a bradar contra a corrupção, alimentando um discurso parcial contra o mesmo poder corrupto que deste discurso se alimenta. Tiraram Dilma, sob quem não pesava uma só denúncia de corrupção, e colocaram Temer, aquele cujas denúncias já pululavam à época do impeachment! Endeusam Aécio Neves (citado em todas as delações até agora publicizadas) e silenciam contra Geraldo Alckmin (o “santo”) e suas manobras para abafar investigações de corrupção contra aliados no escândalo do roubo da merenda ou as investigações das propinas no escândalos do cartel do Metrô. Entre outros tantos exemplos, não são capazes de perceber que seus atos não são contra a corrupção, mas servem para manter no poder os mesmo e corruptos grupos políticos.
Por tudo isto, só há uma saída possível para superar a crise política: Eleições Diretas! Michel Temer teria que renunciar até 31 de dezembro. Como não o fará, a saída é a aprovação de uma emenda constitucional que convoque eleições para Presidência da República a fim de eleger novo mandatário ou mandatária para encerrar o ciclo iniciado por Dilma em 2015.