Jorge Maia: O telegrama

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Eu estava aplicando uma prova e recomendei aos alunos para que dessem uma resposta mais ampla possível. Não aceitaria um simples sim, ou um não como resposta a uma determinada pergunta. Disse que não acolheria como sendo correta uma resposta que não contivesse todos os elementos pertinentes ao conteúdo ali tratado, e que não aceitaria uma resposta telegráfica. >|>|>|>|>

Um aluno perguntou o que era uma resposta telegráfica, não me surpreendi e nem julguei mal àquele aluno. Refleti rápido e compreendi que telegrama era coisa de quem nasceu antes de 1980. Não poderia exigir de jovens que usam instagran, facebook e whats app a compreensão do que seja um telegrama.

Respondi com uma pergunta: se alguém ali já havia recebido ou enviado um telegrama? E a resposta foi negativa. Boa parte dos alunos já ouvira falar de telegrama, mas não tinha noção do seu significado prático.

O telegrama ficou caro e burocrático, considerando a rapidez e a facilidade prática dos novos meios. Não era comum o cidadão receber telegramas, era mais aplicado ao mundo do comércio, mas era possível qualquer pessoa receber um telegrama, mas era assustador, pois noticia boa não era tal qual receber uma ligação de madrugada, assusta. Tinha um lado fascinante, pois congratulações e saudações especiais eram enviadas por telegrama;

Há várias histórias envolvendo o telegrama, uma delas foi aquela da copa de 1966, quando o Brasil foi eliminado e o técnico recebeu um telegrama “Feola TRI” , era uma incógnita, Feola não entendia, pois havia perdido a copa, como poderia ser o TRI? Um gaiato interpretou a mensagem: Feola tome rumo ignorado, tal era a raiva do povo com a derrota.

São várias as histórias, há uma em especial que envolve a minha participação; no ano passado, fui intimado de uma decisão em um processo que tramitava na Comarca de Serra, região da grande Vitória do Espírito Santo, e naquele momento, desesperado, pois só me restava pouco menos de cinco horas, o Fórum não recebia fax, só restou-me ser criativo e enviar um telegrama para o Juiz fazendo o meu requerimento, o qual foi deferido, pois considerado tempestivo, e o processo teve o seu seguimento normal.

O telegrama, que era tão rápido, foi vencido por outros meios de comunicação. A pressa tomou conta do mundo e acabou a ansiedade e a emoção de receber o carteiro na porta chamando por nosso nome, com as noticias esperadas, ou não desejadas. Não se trata de saudosismo, apenas o mundo era mais devagar e portador de certo charme. 101216

 


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