O Jornal Nacional começa esta quarta-feira (15) com a revelação de novos nomes de políticos que estão na lista do procurador-geral da República. A reportagem é de Vladimir Netto. O conteúdo das delações está sob sigilo, mas a TV Globo conseguiu apurar com várias fontes a presença de novos nomes na lista de pedidos de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, muitos deles já citados na pré-delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que veio à público em dezembro do ano passado. Na lista de Janot, há mais um ministro do governo Temer, além dos cinco já revelados na terça-feira (14). É Marcos Pereira, do PRB, hoje ministro da Indústria e Comércio.
Na lista também há pedidos referentes a pelo menos cinco governadores, que deverão ser analisados pelo Superior Tribunal de Justiça. São eles:Renan Filho, de Alagoas, e Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, os dois do PMDB: Fernando Pimentel, de Minas Gerais, e Tião Viana, do Acre, ambos do PT; e Beto Richa, do Paraná, do PSDB. Do Senado mais quatro nomes que vão para análise no Supremo: Lindberg Farias (PT-RJ), Jorge Viana (PT-AC), Marta Suplicy (PMDB-SP), Lídice da Mata (PSB-BA). Entre os deputados federais que foram citados pelos delatores estão: Marco Maia (PT-RS), Andrés Sanchez (PT-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), José Carlos Aleluia (DEM-BA), e Paes Landim (PTB-PI). Leia na íntegra a reportagem do JN.
Há políticos e outras pessoas citadas na lista que não têm foro em tribunais superiores e, por isso, terão seu caso analisado por outras instâncias da Justiça. Entre elas estão: Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro do governo Temer; Sérgio Cabral (PMDB-RJ), ex-governador do Rio, hoje preso; Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, hoje preso; Duarte Nogueira (PSDB-SP), prefeito de Ribeirão Preto; Paulo Skaf, que foi candidato a governador de São Paulo pelo PMDB; Edinho Silva (PT), ex-tesoureiro da campanha de Dilma, atual prefeito de Araraquara; e Anderson Dornelles, ex-assessor direto de Dilma Rousseff.
Os pedidos de investigações enviados ao Supremo trazem acusações de crimes como corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação, formação de cartel e caixa dois.
No Supremo, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato, evitou falar sobre o tempo que ele vai levar para decidir sobre os pedidos da procuradoria-geral da República.
O ministro não tem prazo para tomar qualquer decisão sobre a abertura de inquéritos ou sobre o fim do sigilo das delações. E só vai fazer isso depois que receber e analisar centenas de documentos que foram da Procuradoria-Geral da República para o Supremo. Por enquanto, está tudo guardado numa sala-cofre no terceiro andar.
Antes de os pedidos irem para o gabinete do ministro Fachin, tudo tem que passar pelo protocolo do Supremo. Os 320 pedidos do procurador Rodrigo Janot já começaram a ser cadastrados no sistema do STF. E de terça para quarta receberam um número. Agora estão em fase de processamento. Esse trabalho só deve terminar na sexta-feira (17).
As respostas
O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, do PT, disse que sua conduta como coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff se deu dentro da legalidade e de forma ética. Ele disse ainda que vai esclarecer todos os fatos.
A defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB, disse que só vai se manifestar quando for comunicada formalmente da decisão da Justiça.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB não quis se manifestar.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, disse que desconhece o teor do pedido de abertura de inquérito e afirmou que Janot já solicitou o arquivamento de outro inquérito conta ele. Pezão disse ainda que está à disposição da Justiça.
O governador de Minas, Fernando Pimentel, do PT, não quis se pronunciar.
O deputado José Carlos Aleluia, do DEM, declarou que só recebeu doações legais e que declarou todas à Justiça.
O deputado Marco Maia, do PT, disse que desconhece o teor das delações e que repudia o que chamou de divulgação seletiva de informações. Também disse que só recebeu contribuições legais e que todas foram declaradas à Justiça.
O deputado Paes Landim, do PTB, também declarou que só recebeu doações legais e que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O governador de Alagoas, Renan Filho, do PMDB, declarou que toda doação recebida por sua campanha foi rigorosamente dentro do que determina a legislação.
O governador do Paraná, Beto Rica, do PSDB, afirmou que desconhece o contexto no qual o nome dele foi citado e que a origem dos recursos de todas as suas campanhas foi declarada à Justiça Eleitoral.
O governador do Acre, Tião Viana, do PT, não se manifestou.
Mais respostas
A defesa do deputado Andrés Sanchez, do PT, disse que não existem provas contra ele e que o parlamentar nega envolvimento em qualquer irregularidade.
O deputado Lúcio Vieira Lima, do PMDB, não quis se manifestar.
A senadora Lídice da Mata, do PSB, declarou que não recebeu qualquer comunicado oficial e que tem confiança de que tudo será esclarecido.
O senador Lindbergh Farias, do PT, declarou que confia que as investigações irão esclarecer os fatos e que o arquivamento será único desfecho possível para esse processo.
Paulo Skaf, do PMDB, disse que todas as doações para a campanha dele foram legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral. Também afirmou que não pediu nem autorizou qualquer contribuição irregular.
O JN não conseguiu contato com o ex-assessor de Dilma Rousseff, Anderson Dornelles.
O ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, disse que está à disposição das autoridades e que partido dele, o PRB, teve as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A defesa do ex-deputado Eduardo Cunha declarou que as delações da Lava Jato não têm sido amparadas em provas.
O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, do PSDB, disse que vê o pedido de investigação com naturalidade e tranquilidade e que todas as contas das campanhas dele foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O JN não teve retorno dos senadores Jorge Viana, do PT, e Marta Suplicy, do PMDB.