Empatia, carinho e gentileza andam tão raros que, quando aparecem, viram notícia. A história compartilhada no Facebook pela jornalista Patricia Calderón teve todos os ingredientes de afeto reunidos, levando mais de 17 mil pessoas a curtirem seu relato e outras 4 mil a compartilharem, fora os mais de mil comentários. No dia 21 de outubro, às pressas, ela deixou Fortaleza em um voo da Latam Airlines rumo a São Paulo na esperança de encontrar com vida sua tia, Aparecida Calderón, que estava em estado grave. “Foram as 3 horas e meia mais angustiantes da minha vida”, relatou no post em que agradeceu a atitude da comissária Gabriela Collyer, que a acolheu de forma incomum. >>>>>
“Desde o primeiro momento, em que ela enxugou a minha lágrima, ela percebeu que quando eu entrei no voo estava aflita, chateada, magoada, triste por não saber ainda o que eu iria encontrar em São Paulo, mas indo talvez consciente do pior, eu fiquei emocionada”, conta Patrícia.
“Eu estava muito sentimental realmente, e ela percebeu, ela foi muito sensível, sem precisar perguntar muitos detalhes. É evidente que no decorre do voo ela soube dos detalhes, mas desde o início foi empatia, sem querer saber o que estava acontecendo, mas certa de que eu estava precisando de ajuda. Meu sentimento é ‘que bom, né? que esses anjos aparecem'”, diz.
Patrícia estava sozinha no voo, seu marido havia ficado com as crianças em Fortaleza. “Daí você pega o primeiro voo, embarca de emergência, numa situação de luto, de desespero, e é recebida assim… me emocionou”. Ela não tinha jantado, foi direto do trabalho para o aeroporto, sua pressão estava muito baixa e no voo só estava sendo servida bolachinha doce. “Foi aí que ela, por volta das 21 horas, compartilhou comigo o sanduíche de atum que era do jantar para a tripulação.”
Patrícia lembra que quando saiu do voo a comissária deu a ela uma sacolinha, pois sabia que teria um trajeto longo de Guarulhos até a Mooca, onde sua família mora, e que talvez não tivesse tempo de comer. “Peguei o pacotinho, na hora nem vi o que tinha dentro. Quando cheguei à casa da minha mãe eu vi que era uma banana, uma barrinha, duas bolachas e o bilhetinho”. Nesse momento, Patrícia não teve dúvidas em compartilhar sua experiência.
“Foi uma vivência máxima de empatia, de gratidão. Também agredeci à funcionária que me embarcou no voo, que já estava meio lotado, com uma tarifa diferenciada para me ajudar. Gabi é a comissária que merece todos os agradecimentos do mundo, pena que ela não tenha redes sociais. Alguns familiares dela entraram em contato comigo pelo Instagram, pediram meu telefone, avisando que hoje (31) mais tarde eu vá receber uma surpresa, talvez alguém da família me ligue ou quem sabe a própria Gabi.”
Patrícia não chegou a tempo de falar com a tia, sua “segunda mãe”, que faleceu antes de ela desembarcar. Mas garante que guardará para sempre a gentileza da comissária Gabi.
Veja a íntegra do texto que Patrícia compartilhou.