Jeremias Macário | um Plano Diretor Urbano que há cinco anos não saiu do papel em Vitória da Conquista

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor

Os projetos, as reformas dos equipamentos culturais e outras demandas em benefício de Vitória da Conquista estão emperrados na Prefeitura Municipal. Um exemplo é a reformulação ou revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o PDDU, que há cinco anos começou a tramitar na Câmara de Vereadores, ainda no Governo de Hérzem Gusmão, mas ainda não saiu do papel. A última vez que o Plano recebeu uma nova roupagem foi no Governo de José Raimundo Fontes, há quase 20 anos e, de lá para cá, a cidade, a terceira maior da Bahia, com mais de 300 mil habitantes, expandiu para todos os pontos cardeais, de norte a sul, de leste a oeste, com construções e loteamentos, muitos dos quais de forma desordenada e sem o devido planejamento. Um Plano Diretor, não sou urbanista e nem arquiteto, mas sabemos que traça as diretrizes para que a cidade cresça de forma ordenada em benefício da população. Atualmente, por exemplo, temos loteamentos chamados de bairros com vários nomes, inclusive ruas que não constam nos arquivos do poder público da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Confira a opinião de Jeremias Macário.

Outra questão a ser revista e regularizada é que grande parte das habitações de Conquista, especialmente nas regiões periféricas, é irregular e isso aumenta a cada dia que passa. Precisamos de uma cidade mais humana que viva em harmonia com o meio ambiente e ofereça qualidade de vida aos seus moradores.

O trânsito de Conquista sempre foi complicado e caótico em alguns lugares. Estabelecimentos são erguidos, como escolas, supermercados, casas de eventos e shows sem o devido planejamento, provocando transtornos no tráfico de veículos, como já está ocorrendo na Avenida Juracy Magalhães que começa a ter engarrafamentos.

Aqui mesmo no Jardim Guanabara ou Felícia e ainda Jatobá para outros (exemplo de três nomes) que confundem Correios e empresas de entregas de correspondências e encomendas, foi construída a casa de eventos Paradise numa rua totalmente residencial que perturba os moradores, principalmente idosos e crianças, em dias de festas.

Conquista tem terrenos abandonados entregues ao mato e ao lixo onde os donos não são devidamente fiscalizados e punidos para que sejam obrigados a cuidar de seus imóveis. Como consequência, essas áreas têm transmitido doenças e servido de esconderijos para bandidos e marginais, aumentando a violência através de assaltos.

É uma vergonha que este Plano Diretor esteja parado na Prefeitura Municipal depois da Câmara de Vereadores ter feito algumas correções. Pelo que se sabe, já foram gastos mais de um milhão de reais, dinheiro do povo que não está sendo respeitado, ao contrário, desperdiçado. Toda cidade com mais de 20 mil habitantes deve ter o seu Plano.

Outro problema grave que há anos vem se empurrando com a barriga é com relação aos equipamentos culturais de Vitória da Conquista, como o Teatro Carlos Jheovah, interditado há três anos, o Cine Madrigal, adquirido pelo Tesouro por um milhão e 100 mil reais e que continua fechado, a Casa Glauber Rocha, na rua Dois de Julho e a Praça Céus (J. Murilo), no Alto Maron que funciona de forma precária por falta de reformas.

O tempo está se encarregando de destruir esses centros culturais, enquanto os artistas de um modo geral, abrangendo todas linguagens ficam sem espaço para realizar seus ensaios, treinos e shows. Todos têm que recorrer ao Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, do Estado, que vive com sua agenda cheia.

Há um ano que o Conselho Municipal de Cultural vem lutando para reformar esses equipamentos, mas a resposta é sempre falta de recursos e que as licitações estão em andamento. Nosso patrimônio material (arquitetônico) e imaterial também estão se acabando. É nossa memória que está deixando de existir. É nossa história se apagando.

Onde estão as lideranças da sociedade, dos movimentos sociais e entidades sindicais patronais e de empregados, os intelectuais, os empresários, associações, artistas, a mídia e demais organizações que não juntam forças para que essas ações sejam colocadas em pratica com urgência, e não fiquem somente no papel? Povo sem memória é um povo sem identidade, sem presente e futuro, de passado destruído.


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