Giorlando Lima | jornalista
Mais uma crônica para exercitar as palavras. Hashtags: sentimento, prefeitura, política, trabalho, amor, amizade
Hoje, mais que ontem, senti um alívio por não ser mais secretário de Comunicação da Prefeitura de Vitória da Conquista. Quando acordei, só havia três mensagens no meu WhatsApp. Nenhuma era demanda. Não precisaria ficar uma hora e meia, duas horas, respondendo solicitações, orientando posicionamentos, elaborando respostas para terceiros darem, escrevendo explicação para equívocos de terceiros ou críticas corretas ou levianas de uns tantos. Porque quase todos os dias era isso. A toalha no ombro ou a caneca de café esfriando à frente e eu, ali, trabalhando sem nem ter saído de casa. Continue a leitura.
Levantei mais tarde. Não abri os e-mails da Secom, não olhei o GEP. O que é o GEP? Não queiram conhecer aquela coisa horrorosa, mantenham sua saúde mental. Ninguém me perguntou nada. Nem pediu (ou ordenou, como alguns pensavam que tinham direito de fazer).
Para falar a verdade, hoje ainda fiz, pelo zap, duas coisas ligadas à minha antiga função na Prefeitura. Informei à artista plástica e produtora Valéria Vidigal que a prefeita confirmou, em uma conversa telefônica, que vai apoiar o encontro nacional de café que Valéria organiza. E respondi a Eduardo Mesquita, dirigente do Conquista, clube que disputa o Campeonato Baiano Sub20, que o pagamento pela publicidade no uniforme e nas redes sociais do azulino já está encaminhado e que ele deve procurar a prefeita ou o novo secretário, não mais a mim, para saber quando a transferência bancária será feita.
Imagino também o alívio da equipe da Secom, sem meus pedidos de ajuda e demandas urgentes.
O ciclo se encerrou. O WhatsApp é a testemunha. Lá, de um que acorda bem mais cedo que eu, a mensagem de aviso, diante de saber que estou desempregado e me preparando para uma nova jornada qualquer:
“Opa! que esteja bem preparado fisicamente, porque o rojão, você sabe, é pesado. Eu estava meio grogue ontem, depois de duas noites de menos de 5 horas de sono. Agora já estou no estúdio. Bem-vindo de volta à planície, meu colega ex-secretário.” Era Ernesto Marques, direto de A Tarde FM, às 6h50 da matina.
De mais cedo ainda, 5h41, provavelmente depois de um pedal, Sidney Ferraz, o fotógrafo e pastor gato, aliviou. “Orando por vc meu querido amigo, estou por aqui, se precisar de seu amigo, sempre as ordens…”
Mas, eu me estimulei a escrever essa crônica sobre fim de um ciclo, depois de ler a mensagem da minha amada Dulcy. Eu estava certo do fim do ciclo, mas estava meio aéreo sobre recomeçar. Quando Ernesto mandou a real, acendeu a luz. Com a mensagem de meu bem eu abri os olhos: preciso trilhar um caminho.
“Bom dia, bem. Que Deus te dê um dia de paz e sabedoria. Que este novo ciclo de sua vida seja de paz, sabedoria e de calmaria para você poder conduzir a sua vida nos melhores caminhos que deseja trilhar.”
Chegar às 11h com apenas seis conversas no WhatsApp (incluindo uma mensagem de Zé Maria Caires sobre a pendenga da duplicação da Rio-Bahia, uma luta que ele faz de forma adimirável e da qual espero que não se canse) é o primeiro alívio de não estar mais no prazeroso sacrifício de, mais do que fazer comunicação social, informar e levar a prestação de contas da gestão ao público, trabalhar sob “as ordens” de 16 secretarias, além da prefeita, com a missão de para tudo ter resposta; de “fazer” e sustentar a imagem de um governo, e ter a obrigação de salvar a todos na hora que a tempestade abre as crateras na opinião pública.
É alívio, mas não são férias. Clareiam isso para mim Ernesto e o meu amor.
Então, aviso aos navegantes que estou com a mão na massa. Brevemente, nas melhores telas de celular, computadores e tablets, notícia e opinião com profundidade. Sem alívio para ninguém.