Foi com enorme surpresa que recebi a notícia da morte de Miguel Côrtes. Impressiona-me a morte tão repentina de alguém tão cheio de vida e de entusiasmo pelo que fazia. Irônico, provocador e mordaz, Miguel sempre defendeu seus pontos de vista com muito humor e argúcia. O conheci por volta dos anos de 1990, quando eu apresentava o programa de rock Antena Paranóica, com Marcelo Bonfá. Miguel sempre contribuiu com suas críticas, ele era um ouvinte dos mais atentos. Por isto mesmo, o rádio conquistense fica mais triste com esta perda. A música local fica mais triste, pois Miguel e o Som da Tribo abriram um espaço de liberdade e expressão para toda uma geração de músicos da nossa cidade. Neste momento, eu gostaria apenas de me solidarizar com a dor de sua família, especialmente meu afeto a Marcus Côrtes, seu irmão. Por fim, as circunstâncias da sua morte só me fazem lembrar o filósofo Virgílio Ferreira; quando nos diz que a extensão do nunca mais que envolve a morte vai até à morte do universo, por isto mesmo ela é incompreensível.
Elton Becker