Paulo Pires
Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate
Corre pelas praças, campos e construções que alguns médicos pensam que são deuses e, pior que isso, alguns jornalistas não pensam, tem certeza. Ora, sendo assim, declaro estar me dedicando ao saboroso exercício de pensar que não sou mais humano: Sou um deus olímpico. É brincadeira? Estou me divertindo. Vocês não sabem como é bom ser um deus olímpico.
Agora vivendo espasmodicamente como essa fabulosa entidade, acompanho o desenrolar das eleições 2010 no Brasil com o maior cinismo [no sentido clássico do termo]. Fico ao lado de outros deuses e assistimos com frieza ao grande espetáculo. Sentimo-nos [como deuses que somos] espectadores super privilegiados. Em nossas observações, e gozando de absoluta neutralidade, palpitamos, sorrimos, destacamos e deploramos virtudes e vicissitudes da política e dos políticos brasileiros. De vez em quando penso como um ser humano, mas imediatamente volto a pensar como um deus olímpico. Nesta condição reflito: Ah, como é bom não disputar nada. Como é bom ficar distante de objetivos que os seres humanos ambicionam. Ah, como é bom!…