Uma nova economia está por vir

*Ricardo Marques
 
Assim que desencadeou a forte crise econômica mundial desta década, que abalou sensivelmente países até então considerados de economia consolidada em todo o planeta, cientistas, economistas e estudiosos de diversas áreas começaram a se debruçar em estatísticas, números, dados e outros instrumentos para, primeiro explicar o que estava acontecendo e, segundo, buscar uma alternativa viável para que pudéssemos tornar a crise um evento passageiro, e o mais rápido possível.

Na verdade, a crise serviu como um aviso, como tantos outros aconteceram e estão acontecendo: uma afirmação que o nosso sistema econômico e nossa forma de lidar a divisão de bens e serviços em torno da qualidade de vida não é um modelo viável. Na perspectiva econômica, nossa tecnologia atual consegue produzir o necessário para atender até quatro vezes a população da terra, mas vivemos num modelo extremo de desigualdades sociais e má distribuição de renda. Desafio posto: a humanidade precisa aprender a distribuir suas riquezas.

Direto da Praça

Por Paulo Pires

Direitos Humanos, Obrigações Humanas

Há alguns anos, um ensaísta americano cujo nome me foge à memória escreveu sobre a sociedade reivindicativa que se instalou nos EUA. No bom ensaio, o autor se declarava intrigado com o paradoxo de se viver em uma sociedade que incorporou em sua mentalidade um modelo de exigência social que a todo instante reivindica para si “todos os direitos”. Possíveis e impossíveis. Isso mesmo. Naquele momento ficou revelado para o resto do Planeta que a América constituía-se em um Estado onde  todas as pessoas, indistintamente, reivindicavam para si o máximo  de direitos  pessoais. Em outras palavras, pode-se dizer que no início dos anos de 1970, os americanos de forma implacável adotaram um famoso lema, o mais propalado na Paris de 1968: “Seja realista, exija o impossível!”.

Como diria Monteiro Lobato: Isso é bom e ao mesmo tempo é mau. Bom porque todos podem levantar sua bandeira de descontentamento e expressar-se indignado com fatos, objetos e acontecimentos que estejam em desacordo com o que está vivenciando. Mau porque nem tudo que nos descontenta, pode ser resolvido conforme os nossos desejos. E aí, é onde reina o perigo. Quantas e quantas coisas não estão conforme nossos desejos, mas que infelizmente somos obrigados a engoli-las.  Pois é isso aí. Existem dezenas, centenas de coisas que não nos satisfazem e nos contrariam e que infelizmente não podemos modificá-las porque isto exigiria ações que estão a centenas de milhas do nosso alcance.

Direto da Praça

Segurança Pública, Segurança Social

Por Paulo Pires

Vou repetir o óbvio: Não haverá eficácia ou eficiência nas ações dos órgãos de Segurança Pública, enquanto não houver Segurança Social. Não adianta querer fechar o buraco da Barragem se o chiclete ou a quantidade de barro utilizado forem insuficientes para esse fim [ao que parece, sempre serão]. É certo que todo esforço para tentar esclarecer o que houve em Vitória da Conquista nos últimos dias merece louvor [isso sob o ponto de vista do Controle Social]. Todavia, quando pensamos que o fratricídio vai continuar, chega-se a clara conclusão que a questão é muito mais complexa, portanto, requer tratamento totalmente diferente. Não adianta tentar curar um câncer aplicando Doril ou Anador. O paciente está vivendo profundas lesões biológicas.

O que ocorre é que as pessoas pensam que terão Segurança Pública à medida que o Estado ofereça mais policial e mais viaturas para fazerem rondas nas ruas da Cidade. A isso, outrora, chamávamos de ledo engano. A questão da Segurança Pública não se atém apenas aos aspectos do controle judiciário e às ações da Policia Militar ou Polícia Civil. A coisa é muito mais grave. Ou profunda, como queiram. Enquanto não tivermos políticas sociais, educacionais, econômicas, estruturais, culturais, etc.etc. não teremos uma sociedade vivendo tempos de paz.  Aquelas passeatas pela Paz [são lindas e comoventes], mas totalmente inócuas sob o ponto de vista do equacionamento do Problema.

12 Motivos para transformar Vitória da Conquista em Região Metropolitana do Sudoeste da Bahia

Wal Cordeiro

Vitória da Conquista, definitivamente, é o município mais importante da Região Sudoeste da Bahia. Sua população, conforme o IBGE, estima-se em mais de 315.000 habitantes, o que a torna a 3ª maior cidade do Estado e também do interior do Nordeste. Possui um dos PIBs que mais crescem no interior desta região. Capital regional de uma área que abrange aproximadamente 70 municípios na Bahia, além de 16 cidades do norte de Minas Gerais.

Conquista possui uma estrutura compatível com sua população, a terceira maior da Bahia. Um comércio forte e muito dinâmico, contando com grande número de empresas além de um shopping center, o Conquista Sul, e vários conjuntos comerciais, com lojas e salas, onde se destacam o Itatiaia e o Conquista Center. Esse pujante comércio abrange toda a Região Sudoeste do Estado além do norte de Minas Gerais, influenciando uma população estimada em 2 milhões de pessoas, o que coloca a cidade entre os 100 maiores centros comerciais do país.

A cidade também conta com um setor de saúde público e privado muito bem estruturado, que renderam a Conquista, prêmios a nível nacional e internacional. Seu modelo de saúde pública já serviu de exemplo para outros países, embora hoje precisa de mais investimentos dos governantes.

Pílula 38

Por Marco Antônio Jardim

“Por que morrer com a desgraça do sofrimento? É melhor morrer por envenenamento”. Este questionamento do documentário “Jogo de Cena”, carregado de olhar incrédulo, de cor negra, me fez pensar no cessar da consciência e de eu ter escolhido ficar. Eu estava no apartamento de Di. Um espaço tão cheio de existência pra mim. Guardado de relíquias e devoções, lembranças, recordações. Di deve desconhecer por inteiro o significado daquele retiro particular. O chão de tapulho arranhado. O pufe de couro. A samambaia. A copa onde encontrei Cecye desfalecida. O mousse de maracujá com sementes. A janela de onde se vê o pequeno parque. A sombra boa de meu irmão Thiago. O All Star de Indhira.

Férias com índio

Um encontro marcou as férias do professor Paulo Pires, colunista de nosso Blog, no inicio de fevereiro em Porto Seguro no extremo sul da Bahia. Durante suas aventuras, Paulo conheceu um indígena e aproveitou para discutir assuntos relativos à sua cultura.

O doutor em contabilidade que nasceu na cidade pernambucana Afogados da Ingazeira, ficou muito feliz em ter contato com os descendentes dos primeiros habitantes do Brasil.

Agora vamos aguardar o que Pires irá nos contar dessas aventuras através de suas crônicas.

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Direto da Praça

Paulo Pires

Virado nos Seiscentos

O Governo e o Presidente Lula estão virados nos seiscentos. Nunca um governo brasileiro alcançou e mantém – e isso é o mais importante – um índice de aprovação tão elevado em nossa História. O governo de Sarney, durante mais ou menos um mês manteve um índice de popularidade espantoso, mas isso só durou uma chuvinha de verão. Com o Lula a coisa mudou. O “cara” desde o seu segundo ano de mandato conseguiu botar moral na sua administração e o resultado é este: Entre regular, bom e ótimo, está simplesmente com 95% de aprovação perante a Nação e o Povo brasileiro. Nunca na História deste País [expressão que tomo emprestada do Sapo] tivemos um governante tão bem avaliado, durante tanto tempo. Ou o homem é bom ou é um grande ilusionista ou todo mundo no Brasil é otário.

Até na manutenção do prestígio o Sapo é fera. Mas não é todo mundo que é assim. A maioria das pessoas que a gente conhece só é boa por um tempinho. Lembro-me de um antigo jogador do Fluminense chamado Cafuringa. Este folclórico jogado era um atleta que alternava sua vida profissional entre atuações geniais e desempenhos bisonhos. Tinha dia que “Cafú” jogava igual a Pelé, em outros, entretanto, atuava como um verdadeiro cabeça de bagre (como se diz no Rio de Janeiro).

MCMP cobra ações em benefício da comunidade conquistense

André informou que está organizando uma manifestação contra a violência

De volta a Tribuna Livre da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, o presidente do Movimento Contra a Morte Prematura (MCMP), André Cairo, criticou o descaso para com o trânsito na cidade, cobrando das autoridades competentes uma solução para “tal situação caótica”. Cairo afirmou que a Avenida Presidente Dutra precisa ser revitalizada, pois a mesma se encontra sem nenhum tipo de manutenção por parte do poder público.

Revitalização e preservação da reserva ecológica do Poço Escuro, solução definitiva para a drenagem de água pluvial e estratégias para combater a criminalidade foram outros temas abordados pelo militante. “Até quando vamos conviver com essa situação?”, questionou, ressaltando que o MCMP está organizando uma manifestação contra a violência.

Cairo também informou o atendimento do Governo Municipal quanto às obras de infraestrutura para a Rua Manoel Januário de Andrade no Bairro Recreio, que em nota enviada ao MCMP e a Comissão de Moradores da localidade, avisou que deverão ser executadas em abril de 2010 com um valor orçado em R$ 55 mil. Segundo o presidente, os residentes do local sofrem com a existência de uma cratera no meio da rua há mais de 10 anos.

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Direitos Humanos

Por Francisco Silva Filho

Nós do povo, sempre que ouvimos falar em “Direitos Humanos” associamos tal instituto à presença do Estado que pune, mas, que também estabelece freios a essa punição. Deveria ser assim que o povo todo deveria entender sobre os Direitos Humanos. Todavia não é esse o entendimento do povo comum; o povo entende que os Direitos Humanos vieram para dar boa vida aos criminosos e marginais.

No assentar das idéias, acaba sendo isso mesmo! Quando um crime hediondo acontece e mobiliza a opinião pública, a Comissão de Direitos Humanos da OAB a principal signatária de sua aplicabilidade e fiscalização têm por dever institucional comparecer para garantir ao preso a inviolabilidade dos seus direitos enquanto pessoa humana. Os animais também têm esse direito – neste domingo próximo passado um jacaré de 4,5m atacou e matou uma garota de 12 anos; o jacaré não foi abatido. Os direitos dos apenados são universais, é verdade que quando sabemos que uma ação criminosa vitimou alguém inocente e que era altamente conhecido na sociedade, logo pensamos na instituição da pena de morte; queremos que o Estado adira a tal prática como instrumento de justiça.

Acumulo de veículos no pátio do DISEP desafia a saúde pública de Vitória da Conquista

Passou mais um carnaval e o acumulo de carros no pátio do Distrito Integrado de Segurança Pública (DISEP) em Vitória da Conquista, continua e aumenta a cada dia.

Moradores das proximidades já realizaram abaixo assinados e o assunto já foi destaque em vários canais de comunicação em nível nacional. Mas nenhuma medida foi tomada.

Enquanto isso, em plena campanha contra a dengue as autoridades pouco se importam com a situação do Disep.

                           

MCMP organiza manifestação contra a violência em Vitória da Conquista

“A violência em Vitória da Conquista ultrapassa os limites da barbárie, desafiando os governantes, como se não houvesse solução para freia o crescimento assustador da criminalidade”, André Cairo.

Preocupado com a onda de violência que culminou após a morte do soldado da Polícia Militar (PM), Marcelo Marcio, no final de janeiro, o presidente do Movimento Contra a Morte Prematura (MCMP), André Cairo, sairá nos próximos dias às ruas da cidade em protesto e deverá contar com o apoio de várias entidades, taxistas, sindicatos, igrejas e estudantes.

“A violência em Vitória da Conquista ultrapassa os limites da barbárie, desafiando os governantes, como se não houvesse solução para freiar o crescimento assustador da criminalidade”, falou o ativista, que segundo ele a cidade é a 88ª mais violenta do Brasil com base na Organização Mundial de Saúde (OMS).

Pílula 37

Marco Anjo

Por Marco Antônio Jardim

Onde a carne nada vale. Tradução atualizada e literal do Carnaval. Tem aquela história cristã das festas regidas pelo calendário lunar, mas o fato é que ninguém olha pra lá. O mundo olha pra Nice, New Orleans, Veneza, Toronto, Berlim, Rio, Recife ou Salvador. Seja onde for, bocas, peitos, coxas, bundas e paus. Cada vez menos o olhar sente músculos involuntários. Um artigo na internet até perguntou se ainda existe amor de Carnaval. Na quarta das cinzas, o que rima com o mardi gras é sexo casual. Mas, no deserto de Vitória da Conquista, talvez exista sim. Hoje, em plena sexta, por exemplo, passar pela Olívia Flores ao meio dia, outrora na disputa pra ser avenida fora de época, é ver tufos no asfalto, quase o Arizona. É neste lugar que lembro que deserto significa abandono. Se a significância for renúncia, é neste bloco que eu desfilo. E ainda determino o dia da roupa de baixo, sem mídia de impacto e sob efeito de pílulas. Anderson pode até publicar, desde que assine meu nome com as primeiras letras garrafais.

Prudência

Elvarlinda Jardim, Momentos de Reflexão

O Espírito foi criado simplese eignorante, tal qual o diamante, no seu estado rústico, quando retirado das entranhas da terra, mas trazendo em si o princípio da inteligência e a semente do amor.Entretanto, muitos deles, entusiasmados ao contatar-se com o mundo da materialidade deixa-se corromper, fugindo das responsabilidades que lhe são inerentes.Desviando-se do equilíbrio da razão, integra-se às camadas pouco reflexivas, perdendo-se da rota planejada por próprio ao assumir as responsabilidades do seu planejamento espiritual.Em razão disso, dificulta sua escalada na caminhada terrena,retardando o seu processo evolutivo. Em momentos assim,a prudência em cada ação praticaqda torna-se tão fundamental quanto o farol o é para aqueles que vagueim na escuridão.Sejamos, pois,prudentes.

Das mortalhas aos abadás-ingresso

Por Ezequiel Sena

Lamentável. O maior espetáculo da terra não mais existe em Vitória da Conquista, ainda assim não me custa recordar que aqui já produzimos o mais belo carnaval do interior do país. É verdade, mesmo durante a rigidez da ditadura militar (1968 a 1985), a aclamada festa da carne fez história em nossa cidade. Despertou nos homens o imaginário romanesco de confetes, máscaras e serpentinas, induzindo-os a se fantasiarem de mulher, os pobres a se trajarem de ricos, brancos de negros unificando as pessoas a um único patamar social. Nesse colorido de brincadeiras aflorava o desejo de liberdade aos moldes de risos e pulos da mais autêntica alegria.

O silêncio dos inocentes (ou Entrar pra história é com vocês)

Por Nadjara Régis

Certo é que tiraram onda de herói. Não importa a idade, se criança, adolescente, adulto. Não importa a cor da pele, são quase todos pretos de tão pobres! Aliás, não importa se atuaram dentro ou fora da lei. Eles são Durango Kid. Cada um que matou e cada um que morreu – entrar pra história é com vocês.

O que estou mesmo intrigada é com o silêncio dos inocentes. Os inocentes que não enxergam de olho nu ninguém morrer ou matar. Inocentes, definitivamente inocentes, que, quando o sol esquenta demasiado, imaginam pela TV aqueles caubóis fora da lei. E esquecem…

… Até que uma veloz e astuta bala perdida leve um inocente pra dentro da história. (Isso não é um final feliz)

Mas nas ruas, da língua dos inocentes, cada morte é ainda, e apenas, fatalidade.

 Nadjara Régis é Secretária Municipal da Transparência e Secretária-Geral do Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista

Pílula 35

Por Marco Anjo

Alerta! Fico repetindo a mim mesmo. Nem sempre a vigília funciona, mas conto com estranhas contribuições. Sempre que passo da hora de acordar, uma mosca me incomoda tanto que só me resta levantar. Quando me sinto livre, uma brisa passa. Quando meus pensamentos caminham no terreno do desinteresse, um bem-te-vi aparece às 11h. Quando Jhon lembra de mim, pássaros cantam um canto singular. Pareço contrário ao bom senso? Como explicar, então, uma borboleta pousar suas cores bem na ponta de um punhal? São as pequenas mágicas do dia, tão pouco examinadas. Vi um rapaz deficiente, mas o que ponderei é que ele era hábil, e lindo. E o jovem cabeludo? Vestia camiseta com a inscrição “Faço sexo seguro”. E o pastor de cavalos? Estava em lótus, sob a sombra de uma árvore florida. E o fantasma do planejamento cancelado? Alívio. E os pães de alho da Máxima?

Direto da Praça

Paulo Pires

Raízes do Mal

 Diante da violência desenfreada em Vitória da Conquista, penso que as forças tarefas de nossa inteligência deveriam se debruçar em pesquisas, estudos sobre o que efetivamente está nos conduzindo para esse estado de coisas. Com o dever  posterior de apresentar para nossa comunidade  o que deve ser feito para que tenhamos uma sociedade vivendo e convivendo no campo da normalidade civilizatória. É inconcebível a aceitação desse feixe de  violência  afetando nosso quotidiano no nível em que se encontra. Recentemente saiu um livro sobre o assunto [Cadernos sobre o Mal] e o seu autor, Joel Birman, faz no campo da psicanálise e psicologia social um belo trabalho em relação ao tema. Uma sinopse da obra declara o seguinte: “As formas de violência e de agressividade representam um cenário de horror que apavora a todos. Provocam debates que têm eco em diversos campos da disciplina. Nestes cadernos, Birman propõe uma discussão a partir da Psicanálise”. A essa altura do campeonato, posso dizer que  não há dúvida que a violência no Brasil  hoje é, juntamente com o desemprego e o problema da moradia, o maior desafio com os quais nossa sociedade e o Estado se defrontam.

A visita

Alberto Marlon

Após alguns dias fora, retornei ao lar. Pedi perdão à minha cama pela ausência com um esparrachar sonolento e rapidamente me despedi do mundo dos sentidos. Talvez seja o cansaço, ou talvez a cama esteja muito além das que estive nos últimos dias, mas tive a impressão que mal deitei e fui despertado pelos primeiros passos que vinham da rua: atletas, idosos, jovens, toda uma geração que aprecia as caminhadas matinais. Do alto de minha janela, na Avenida Olívia Flores, recebi as primeiras brisas do dia. Os caminhantes aumentavam em proporção que a manhã avançava. Conquista é uma cidade de caminhos, cresceu justamente por essa característica, entroncamentos, passagens e rodovias.