Academia do Papo: Impostômetro e sonegômetro, civilização e frustração

Paulo PiresPaulo Pires

“O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que estima o total de impostos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros ao longo do ano, chegou nesta terça-feira (12/08/14) à marca de R$ 1 trilhão de reais”.

 “O valor foi atingido por volta das 11h e com 15 dias de antecedência na comparação com 2013. Isso demonstra, segundo a Associação Comercial, o aumento da carga tributária no país”.  

O dado sobre o aumento é real, porém a conclusão é falsa. Não houve aumento de impostos (alíquotas ou novos tributos),  mas sim de recolhimentos por parte dos contribuintes. 

Coração de Estudante: Há que se cuidar da vida, Há que se cuidar do mundo

Foto: Reprodução

Caíque Santos

Vida de estudante não é fácil. Mas já foi pior. Imagine se a única forma de entrar em uma faculdade fosse viajando para outro país. Difícil, não? Pois essa foi a realidade para os estudantes brasileiros durante séculos. Portugal e França eram as opções e obter um diploma um luxo reservado a poucos. Mas há exatos 187 anos, no dia 11 de agosto de 1821, o imperador Dom Pedro I assinou um decreto que mudaria, para melhor, a vida de todos os estudantes brasileiros. Foi criado o primeiro curso superior do país, o de Direito, em Olinda (PE) e em São Paulo. Cem anos depois, em 1927, a data de 11 de agosto passou a homenagear todos os estudantes. E assim nasceu o Dia do Estudante. O Brasil oferece hoje mais de 200 cursos superiores subdivididos em licenciatura, bacharelado e tecnólogos.

O cerco dos fuzis na terra do frio

Jeremias MacárioJeremias Macário

Naquela manhã frienta de seis de maio de 1964 os conquistenses acordavam com um pressentimento diferente em seus corações. A neblina deslizava como fumaça da Serra do Periperi e invadia as principais ruas e periferias da cidade.

Esparramava seus fios finos no horizonte entre o Parque de Exposições; na final da avenida Getúlio Vargas, em direção a Barra do Choça; lá no ponto do “Gancho” da zona sul, que dava para Itambé; e abraçava o outro lado oeste na “Boca do Sertão” que leva a Anagé e Brumado.

A marca da foice

Jorge MaiaJorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando ajudava meu pai em seu pequeno comércio de material de alumínio e ferragens em geral. Ali aprendi coisas do cotidiano, a exemplo de fazer certas contas de modo  rápido, claro que a repetição era a aliada para fixar na memória o preço de uma unidade, um dúzia, uma grosa ou uma resma. Hoje são palavras pouco ouvidas, exceção feita à palavra  dúzia.

Chico Viola

Foto: Arquivo familiar
Foto: Arquivo familiar
Valdir Barbosa
“Fog” envolvia o domingo conquistense, quando pisei na velha rodoviária de tantos segredos e enlevos meus. Desta feita não aportava aqui por motivo alvissareiro. Na tarde de ontem fui avisado por Marquinhos, do salão, diretamente do bar de Nilton, que Viola, o Chico, partira. Israel José Silveira, filho de Iris e Dona Santa, meu dileto amigo adormecera de vez, no sofá de casa, como um passarinho que apaga de repente.

Lembranças eleitorais

Jorge Maia

Jorge Maia

Até meados da década de 90 do século vinte, as eleições era realizadas por meio do voto em cédulas. Aqueles que iniciaram a votar  usando a urna eletrônica não podem imaginar como ocorria a apuração dos votos. Hoje basta acionar uma tecla e  temos o resultado de cada candidato, sem a possibilidade de impugnação, graças à fé que depositamos no tal dispositivo eletrônico.

A cédula, aquilo que chamávamos de chapa, para o executivo trazia um quadrículo à esquerda do nome de cada candidato. Era simples, bastava assinalar no quadro e era aquele o seu candidato. Na verdade, aí era que a coisa complicava.

Vamos dar um rolezinho?!?!

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Alexandre Xandó e Cláudio Carvalho*

Como se anda pela cidade? Como se mora na cidade? Como se diverte na cidade? Se esta cidade fosse sua, o que você faria? O fenômeno dos rolezinhos retornou ao Shopping Conquista Sul no último dia 27 de julho. A periferia desafia (e com isso escancara) a segregação da nossa democracia social e racial. O Shopping é um símbolo que se incorporara ao cotidiano da vida urbana. A ideologia do consumo tem no shopping um dos ápices de sua realização, já que este espaço proporciona a falsa aparência de uma sociedade ideal.

Academia do Papo: De volta aos doidos de Conquista

Paulo Pires

Paulo Pires

Dizem por aí que jamais devemos usar o termo “doido”, porque isso é politicamente incorreto. Intrigado com esse negócio de politicamente incorreto, perguntei a um doido o que ele achava dessa restrição (ou advertência). O doido me olhou (com aquele olhar de doido), sorriu e me pediu um dinheiro. Eu que não sou tão doido, claro, dei cinco reais a ele.  Desse diálogo pude concluir o seguinte: um cara quando é doido não está nem aí para esse negócio de ser chamado de doido. Ao contrário, ele sorri e acha até legal, porque se sente livre para fazer suas doidices.

Zé Malagueta

Jorge MaiaJorge Maia

Sim, senhores, o nome dele é Zé Malagueta. Uma das figuras mais engraçadas da Beócia. Sujeito esforçado que saiu lá dos cafundós e foi para a cidade da  Beócia, tentar a vida. Trabalhou em vários lugares, aprendeu muitos ofícios. Mas sempre teve um problema, dos grandes: é muito esquentado, daí o apelido de Zé Malagueta. Suas histórias são impagáveis e por isso motivo de risos.

Outro dia, quando me encontrava na Beócia,  necessitei acompanhar Zé Malagueta em uma diligência para fazer a citação de determinada pessoa. Agora Zé era Oficial de Justiça da Beócia, dos melhores, com ele mandado não fica sem  cumprir. No caminho contou-se alguma das suas história. Ri muito.

Assunção à reflexão. Aleluia!

Valdir Barbosa
Valdir Barbosa
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Dias atrás, conceituado jornal soteropolitano revela, em momentos sucessivos, artigos conflitantes de políticos baianos. Não duvido da importância de polemica sadia fundada no conhecimento e lastreada no respeito mútuo. Desta forma, a discussão será capaz de cambiar ideias referendando o dito: da discussão nasce luz. Nos tempos de eleições majoritárias, assuntos palpitantes são temas de debates em artigos publicados nos diários e, se por um lado isto não me parece despropositado remete, por outro, à ideia do oportunismo censurável.

Academia do Papo: O Bar de Mocofaia

Paulo PiresPaulo Pires 

Estávamos em 1984 e a vida corria bela, sem atropelos.  Vitória da Conquista amanhecia às vezes Sol, às vezes Cinza e poucos se davam conta que o Tempo passava.  Nada de mais nessas constatações.  O que havia mesmo era interesse por aquilo que a Cidade não tinha, nem podia fazer.  O que fazer então? Simplesmente deixar a semana passar para chegarmos a sexta feira e, aí sim,  partir  para a Avenida  Expedicionários:  adentrar o Bar de Mocofaia.

Nesse Bar a gente se encontrava.  E nos encantávamos.  Era o encontro semanal  com artistas, intelectuais, músicos, poetas, loucos (boa parte) e todo tipo de gente interessante da Cidade.  Tatu Lemos, Jorginho Chagas, Gildásio Leite, Heleusa Câmara, Zé Raimundo, Waldenor Pereira, Gil Barros, Gutemba Vieira, Geslanei Brito, Dão Barros, Maria Elvira Brito Campos, Paulo Mascena, Dirlei Bonfim, Paulo Macedo, Evandro Correia, Antônio Roberto Barros Cairo, Hildebrando e Júlio Oliveira, Nagib Barroso,  declamadores e  outros tantos que ajudavam a fazer da Casa uma grande Festa.

Eleições na Beócia

Jorge Maia

Jorge Maia

Naquela tarde o voo  foi  cancelado e tive que retornar para o Hotel Beócia. Não foi a primeira vez que tive voos cancelados ali. Embora uma cidade muito grande e um fluxo de passageiros que justifica um novo aeroporto, a Beócia continua dando pouca importância ao seu potencial de crescimento e para isto falta um bom aeroporto.

Voltei para o hotel. A noite era fria e preferi ficar vendo televisão para conhecer a programação local. Permaneci no restaurante, vendo o programa eleitoral que iniciou naquele dia. Era dezenove horas, apareceu o primeiro candidato à presidência da República da Beócia. Em seguida os demais foram aparecendo  sempre falando de saúde, segurança e educação. Todos tinham solução para esta tríade centenária que ninguém consegue resolver, era o que falavam as demais pessoas que assistiam ao programa, gente da terra. Permaneci calado, afinal, na condição de estrangeiro, não seria de bom tom manifestar-me sobre  política. Nenhum candidato falou sobre a situação do Poder Judiciário.

Fiz de conta que não ouvi

Valdir BarbosaValdir Barbosa

Passeio outra vez, bem cedo, por entre muitos conhecidos circundando o Caboclo, aos pés de quem chorei, nos derradeiros dias, as decepções das derrotas humilhantes do Brasil na Copa. Estico até a Barra, no trajeto reverencio a Santa das Vitórias, rezo a Santo Antônio e durante o belo curso que me põe no Porto lembro as manchetes do dia. Desde a segunda, depois que a Alemanha se sagrou tetra campeã observo que a violência volta, com intensidade, a ser matéria destacada na imprensa. O conhecido ambulante do Corredor da Vitória me lembra da derrota do Bahia e, consoante diz, nem bem acabou a Copa tome remédio amargo para os tricolores. Entretanto, pontua seu sarcasmo, vez que me pergunta em seguida, se havia visto a confusão de Amargosa.

Se eu fosse eu!!!

Chirlei

Chirlei Dutra Lima

‘Se eu fosse eu!!! Ah se eu fosse eu…cá eu me pergunto, o que seria então eu???’

Confesso que essa palavra além de temor me causa um sufocamento… ser é tão aprisionante, remete a responsabilidades… a um registro de talvez um eu equivocado no mundo. Acho que prefiro a irresponsabilidade de não ser, ou de não saber ser, ou quem sabe ser, porém de ser todos esses seres em mim. Um ser feio, por vezes bonito, agradável ou mal humorado, frágil e ao mesmo tempo tão forte a ponto de aguentar minha própria fragilidade.

Sabedoria popular IV, ou, semelhanças e diferenças

Valdir BarbosaValdir Barbosa

Depois da pífia apresentação feita pela Seleção Brasileira em toda a Copa restou, na semifinal, a derrota humilhante contra a Alemanha e a confirmação, frente a Holanda, de que os sete a um não foi mero apagão, como disse Scolari.  Sob comando de “Filipão”, o Palmeiras caiu para a segunda divisão do campeonato brasileiro, contudo, foi escolhido para comandar a equipe nacional que disputou este campeonato findando, para nós, com ares de profunda melancolia. Não se argua acerca de vitórias anteriores, quando dirigiu o Brasil em 2002, Portugal em seguida. Daí em diante, sua “scolaridade” não revelou ter reciclado, na busca de conhecimento, das novas táticas e técnicas aplicadas pelos treinadores vencedores do cotidiano.

Um lugar p’ra fazer piquenique

Jorge Maia

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando tive a oportunidade de participar de piqueniques organizados por professores, isso lá no tempo do ginásio, hoje ensino médio. Era um acontecimento alegre e diferente da sala de aula, um dia de diversão, mas não deixava de ser também de aprendizado.

Havia um lugar para os piqueniques, era o parque de exposições, para nós era a chamada estação de monta. Era o subtítulo ou subnome do parque de exposição agropecuária. Naquele tempo a diretoria permitia tais piqueniques. O curioso é que para nós aquele local era muito longe da cidade, o que tornava a aventura mais atraente. Era muito espaço para correr, brincar, mas, sobretudo, a sensação de estar no campo. Claro, não era tempo de exposição.

Não sei o que é pior…

Ubaldino FigueiredoUbaldino Figueiredo

Se a derrota fragorosa da Seleção Brasileira para a Alemã, ou a classificação da Argentina para as finais da Copa do Mundo, no Brasil, e ainda de quebra, podendo ser campeã. Aguardei o jogo de ontem para fazer esse comentário, porque minhas condições de humor e psicológicas não estavam animadoras, depois da humilhação que sofremos e, por cima de queda, coice dos argentinos. Qualquer desculpa, ou justificativa que se tente dar para explicar o inexplicável, não irá convencer aqueles que gostam do futebol, amam o esporte como meio de diversão, entretenimento, bálsamo para o ego.

Sangue dos inocentes

Marcísio Bahia Marcísio Bahia

Boquiabertos frente as imagens chocantes de crianças palestinas vitimadas pela sanha de vingança das tropas israelenses, somente não perdemos a esperança ao lembrarmos que alguns exemplos históricos de pacificação, principalmente o do conflito secular entre França e Alemanha que, depois das guerras de 1870/71, 1914/18 e 1939/45, chegaram a uma solução pacífica que culminou com a criação da União Europeia.

Os foguetes fúnebres e o dia seguinte

Paulo Pires

Paulo Pires 

Nosso personagem de repente foi acometido por um pessimismo medonho.  Baixou sobre ele um  astral cinzento prenunciando uma hecatombe esportiva. Para não ver o jogo de ontem,  abriu o portão de casa às 5 da tarde e de carro, subiu a Rua Mozart Cardoso no Bem Querer, entrou na Juca Barros,  Jardim Candeias, subiu pela José Pereira, passou pela Idália Santos, desceu pela Paulo Amorim e voltou pela Juca Barros entrando de novo no Bem Querer.  Passou pela porta de casa e rumou pelo Inocoop II até chegar à Olívia Flores.  Devagarzinho, olhando para o relógio do veículo, 5 minutos do jogo  se passaram e nenhum foguete. Passou pela AABB e chegou à Rosa Cruz até entrar na Siqueira Campos.  11 minutos e eis os primeiros foguetes (muito discretos). Esses foguetes discretos  não eram para comemorar gol do  Brasil.  Era para o gol  de Muller. 

O amargo preço de uma ilusão

1-20140517_170441José Dias

Muito se tem falado acerca da derrota fragorosa do time brasileiro para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, sem considerar outros fatores muito mais profundos.

Apesar dos equívocos técnicos e táticos que levaram ao resultado, na prática esportiva é salutar saber lidar com as perdas e, mais que isso, algumas experiências desse tipo podem ser pedagógicas e até nos conduzir à maturidade.