A Bahia vai de Costa. Rui

Valdir Barbosa

Valdir Barbosa

Assistimos a corrida dos candidatos que disputaram eleições majoritárias de 2014, nas esferas Federal e Estadual. Depois do acidente que levou Eduardo Campos, Marina emergiu com força atropelando adversários, mas, a lógica refletida nas pesquisas desde o começo repôs a ordem  natural da polarização esperada e o resultado das urnas revela um segundo turno entre Dilma e Aécio, com possibilidade visível de disputa voto a voto nesta segunda fase.   Entretanto, na Bahia veio o contrário. Paulo Souto ocupou durante vários meses a liderança nas pesquisas, com expectativa até de ganhar no primeiro turno. De repente, em saltos capazes de quebrar recordes olímpicos, Rui Costa, candidato do governo o alcança na véspera do sufrágio, se elegendo Governador com folga, no apagar das luzes de uma disputa que por muito tempo parecia perdida. 

Conservadores, ricos e pobres

Jeremias Macário

Jeremias Macário

Em todas as eleições o que mais se houve da mídia, dos juízes e dos eleitores são as palavras “dever cívico”, “cidadania”, “exercício da cidadania” e por aí vai, que correm soltas como se apenas o ato de votar já complementa tudo como dever do cidadão. Pode até ser um dever cívico se a expressão de escolher o candidato for consciente, sem manipulação e compra do voto, direta e indiretamente. Quem se vende e é manipulado não está fazendo o “dever cívico”.

  Bem, mas não é isso que proponha falar. Embora não seja especialista político, ou cientista-político como dizem por aí, os resultados das últimas eleições veem demonstrando um avanço acentuado dos evangélicos que, na grande maioria, adotam uma linha conservadora e muitos deles até de extrema-direita com o velho discurso de tradição, família e pátria, elogios às forças armadas e até apoio à ditadura militar.

Vinícius Gusmão: “Perdi um grande amor e ganhei outro!”

Foto: Reprodução | Facebook
Foto: Reprodução | Facebook

Uma triste notícia na última semana pegou muita gente de surpresa e enlutou milhares de pessoas no Sudoeste Baiano. A jovem fisioterapeuta Jacqueline Camargo, professora na Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR) e Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) veio a óbito numa complicação pós-parto. Em seu perfil do Facebook Vinicius Gusmão, esposo de Jacqueline, faz um relato em forma de agradecimento as manifestações recebidas e apresenta a sua primeira filha, Maria Eduarda. “Durante os 9 meses de gestação fomos muito felizes, era mais do que um sonho, era uma realidade mágica que nos enchia de amor e de planos para a nossa família. Sim, tínhamos formado uma família! Nossa gestação estava tranquila, digo nossa gestação porque fiz questão de engravidar junto com ela, sentir as dores com ela, engordar com ela, crescer a barriga com ela, ter desejos com ela, ter enjoos com ela. Foi assim a nossa gestação, compartilhada cada momento de alegria e de dor. O tempo foi passando, o grande dia foi chegando, a alegria não cabia mais em nós. O quartinho da nossa princesa foi tomando forma, aos poucos conseguimos montar o quartinho da princesa que se tornou o nosso refúgio de paz em dias turbulentos. Passamos por turbulências sim, mas nosso amor era maior, fazia nos aproximar ainda mais mesmo com tantas turbulências”, diz um trecho do texto que reproduzimos na íntegra a seguir.

O Homem de Java

Jorge Maia

Jorge Maia

No inicio do ano letivo de 1970 conheci o Padre Guilherme. Entrou na sala de aula e impressionou a todos da turma, com sua figura alta e magra, sobre tudo por sua pronuncia carregada, dando mais força do que o necessário às palavras proparoxítonas. Em especial à palavra matemática, a qual pronunciava com muita simpatia. Afinal, dedicava parte da sua vida  aos números misteriosos e atormentadores de nossas cabeças juvenis, povoadas de sonhos menos complicados.

Paulo Souto e o estelionato eleitoral

Carlos CostaEleição: ganha quem tem que ganhar!  Chico Santa Rita

Carlos Costa 

Estamos na reta final de um dos processos eleitorais mais sujos dos últimos cinquenta anos, e o estado da Bahia certamente protagoniza e lidera os golpes mais baixos que fazem da política uma atividade execrável pela maioria dos brasileiros. Desde o início do Horário Eleitoral no rádio e na televisão a comunidade baiana acompanha denúncias e mais denúncias, a maioria infundada e sem provas. O Partido Democratas, de tanto ser igual àqueles que praticam crimes, pois também é conhecido pela alcunha de DEM, aqui na Bahia tem praticado todas as formas de crimes eleitorais, manchando uma disputa que deveria ser pautada pela ética e bom senso.

Eleição: o dilema da escolha e a astúcia de Vargas

Paulo Pires

Academia do Papo, por Paulo Pires

Eleição é Escolha. E tudo na vida depende das Escolhas que  fizermos. A todo instante estamos diante desse belo dilema (como é bom poder escolher). Um mundo que não nos oferece escolha é um mundo morto. Por isso devemos saudar esse prazer delicioso de escolher. A Democracia tem o condão de nos oferecer alternativas. Não nos esqueçamos, entretanto, que toda vez que fizermos uma escolha, automaticamente  desprezamos outra ou outras que estavam à nossa disposição.

Do Paraíso a Pequim

Jorge Maia

Jorge Maia

Uma tira de quadrinhos em um jornal chamou a minha atenção; no primeiro quadrinho a mulher diz para outra: sei que um dia as mulheres serão iguais aos homens. Com uma taça erguida conclui:  mas enquanto isso não acontece vamos brindar a nossa superioridade. A fantasia que relata a criação da mulher como resultado do trabalho divino em uma costela, pedaço de osso de um homem, não me parece convincente. Causa-me a impressão de ser uma invenção de homens, cujo objetivo foi sempre colocar a mulher em nível inferior, explicando uma origem de dependência  ao homem, o qual ao lhe emprestar um fragmento ósseo, ofereceu-lhe a vida.

Crônica: Ainda há trigal no campo de joio

Foto: Divulação
Foto: Divulação

Esechias Araújo Lima

Pela janela do carro, num relance de olhar, eis que toma vulto a figura de uma candidata, foto estática circunscrita a um cavalete eleitoral, entre outros, ao longo do leito longitudinal de um jardim público. Passei. Chamou-me a atenção o jeito meio infantil de olhar e o sorriso sincero desenhado na placidez do rosto redondo. Não havia afetação, mas naturalidade genuína e desconcertante. Fiquei me questionando o porquê de pôr reparo numa só entre tantas propagandas.

Feliz aniversário?

Foto: Paulo Mascena
Foto: Paulo Mascena

Paulo Mascena, em 11 de Setembro

Setembro é o mês da primavera, do onze de Setembro dos americanos e o mês que o CREA fez o inferno para a promotoria fechar o Centro de Cultura, quando não precisava fechar para fazer a reforma que se anuncia, claro que o Centro precisa de reforma, não precisa do descaso.

Academia do Papo

Paulo Pires

 “Homens certos, nos lugares certos”

Paulo Pires

Há uma expressão inglesa que diz  “The right man, the right place”, o homem certo no lugar certo. Trata-se de uma expressão que se popularizou mundo a fora e que encerra filosoficamente elementos muito interessantes: a relação e a adequação do perfil do homem ao  ambiente, ajustando-o  aos movimentos em seu  tempo.

A semana passada Vitória da Conquista foi vitima da perda de um dos seus filhos mais ilustres:  José Pedral Sampaio.  Engenheiro, Ex-prefeito, Ex-secretário de Estado, um Político com P maiúsculo.  Pedral, conforme foi confirmado pela quantidade de pessoas presentes ao seu velório com registros da imprensa local, era homem de grande prestígio pessoal e social; um político amado pelo Povo de  nossa cidade.  Em outras palavras: era tido pela sociedade conquistense  quase como uma unanimidade.

Bahia, sucursal do Estado islâmico

Celino SouzaCelino Souza

As recentes notícias que nos chegam da Bahia provocam arrepio e medo. De repente, como se nem decreto houvesse, transformaram a “Terra de Todos os Santos” em “Território de Alguns Demônios”.  Como se estivéssemos em meio a uma guerra civil não declarada, onde cada um age a seu bel prazer, assistimos pelo noticiário, lemos em jornais e visualizamos em blogs e redes sociais notícias bizarras. Poderiam ser extraídas de filmes de terror ou de guerra, mas não. São reais e absurdas aos olhos da sociedade civil organizada. Em Salvador, policiais militares são presos após espancar, conduzir e – pasmem, acusados de degolar vivo um rapaz de prenome Geovane.

Um novo perfume na praça

Marcísio Bahia Marcísio Bahia

O pintor renascentista  Sandro Botticelli, em seu quadro “Alegoria da Primavera”, de 1482, elaborou uma expressão mitológica da fertilidade florescente no mundo, onde e sua reconhecida genialidade relaciona a primavera à mulher. E, com a chegada da estação das flores na cidade que é considerada a Terra das Rosas, o olhar ultrapassa a variedade de cores das pétalas, dos agradáveis perfumes, das árvores que enfeitam as ruas, praças e avenidas de Vitória da Conquista para enxergar uma geração de rosas com extremo talento musical e uma sensibilidade tão importante para essa época do ano, onde deixamos pra trás a hibernação cansativa de dias frios e cinzentos.

Sala de aula

Jorge Maia

Jorge Maia

A sala de aula é um santuário, pelo menos deveria ser. É um lugar sagrado,pois cuida do saber. Para o professor é um trabalho, portanto a medida da liberdade, é assim que deve ser visto o trabalho. Mas é muito mais. É um retrato do mundo. Precisa ser retocado, sem fotoshop. O retoque é apenas para aparar as arestas e contornos necessários para que seja garantido o exercício da autonomia  do saber, sem perder a sua condição de território livre, onde ideais e pensamentos sejam discutidos livremente, sem censura. O saber não tem fronteiras.

Os Pedrais que conheci

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Gil Brito
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A não ser por uma rápida entrevista que fiz com ele em 2008, nunca conheci José Pedral pessoalmente. Conheci, sim, o mito que se criou em torno de sua figura pública. Aliás, os mitos. Há pelo menos três Pedrais, por assim dizer. Como qualquer personalidade humana é naturalmente complexa e multifacetada, se vasculharmos mais, certamente poderemos encontrar ainda vários outros. Mas aqui nos concentraremos nesses três.

Pedral

ruymedeirosRuy Medeiros

José Fernandes Pedral Sampaio que, ontem, 16.09.2014, faleceu aos 89 anos de idade, é natural de Vitória da Conquista. Filho de Sifredo Pedral Sampaio e Maria Fernandes Pedral Sampaio, neto do Coronel Gugé (que marcou a República Velha em Conquista), José Pedral formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica (Bahia), na turma de 11 de novembro de 1949. Foi casado com Maria Lícia e, enviuvando-se, contraiu matrimônio com sua cunhada, Maria Zilda, que deixa viúva. José Pedral não teve filhos biológicos, mas o tem afetivo na pessoa de Paulo, médico, seu sobrinho de quem cuidou desde criança.

Elegia para José Fernandes Pedral Sampaio

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Paulo Pires

Depois de tantos anos

Depois de nos habituarmos a conviver com tuas “pedras”

Agora começamos a sentir que elas na realidade são Flores

Que  plantastes por todos os Jardins dessa tua [nossa] Cidade

Orquídeas, Rosas, Flores e outros  vegetais  que fizeram de nossa Paisagem

Uma das mais coloridas do planalto sertânico  do Brasil

Ah, senhor Pedral, como temos a te agradecer

Pensão Alimentícia: Verdades e Mitos – Parte I

“Sem Juridiquês”

Marcos Souza FilhoMarcos Souza Filho

Recebi alguns e-mails essa semana com dúvidas sobre pensão alimentícia. Como o tema é tão abrangente quanto polêmico, o dividi em duas partes, num suposto jogo de verdades e mitos. Desde já, saliento que a intenção não é esgotar o assunto, mas, de forma genérica, esclarecer alguns pontos obscuros e pretensas verdades. Vamos lá! 

1) A mãe tem que esperar o filho nascer para pedir a pensão alimentícia.

MITO! Desde 2008, a lei prevê que a gestante possa ingressar com uma ação requerendo os chamados “alimentos gravídicos”.  Resumidamente, tais alimentos abrangem os valores suficientes para cobrir as despesas do período de gravidez, como a alimentação, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos…

Alma nua e os pendores poéticos do romancista

esechias

Esechias Araújo Lima

A alma é o pássaro recôndito, camuflado nos meandros das esferas e abismos do intangível. A alma foi, é e será o engenho mais intocado do imaginário humano. Sacra, universal e volátil, habita o mundo das presunções: tem textura e cor indecifráveis.

Pois sim. Foi este o mote que Marcísio Bahia escolheu para apresentar um turbilhão de personagens que trazia no caldeirão de sua criatividade, prontos para vir a furo como um furúnculo latejante. Foi, nesta calda, que o romancista mergulhou enredos e situações, e delas retirou uma teia urdida a fios de suspense, dor, desespero, vingança e paixão.