Sinistra lembrança, ato farsante

ruymedeirosRuy Medeiros

Leio que pretendem reeditar, 50 anos após, “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.

Não repito a tão citada frase de Marx sobre fatos que só na aparência se repetem: tragédia e farsa.

No entanto não posso deixar de fazer algumas perguntas sobre o cortejo que se anuncia.

Com Deus? Que Deus? O Deus de uma sociedade autoritária, criado para introjetar medo nas consciências e justificar torturas, exclusão, banimento e morte? Percebeu-se (e muitos crentes depois sentiram-se ludibriados) que aquele deus da marcha programada por golpistas era exatamente o que determinava não conviver, pois queria a separação; não dialogar, pois desejava a imposição de voz única; não respeitar a integridade física ou moral, pois ansiava torturar. Mas milhares de imagens, manipuladas, em vários lugares falavam em deus, na salvação da cultura ocidental cristã e da família. Na Bahia, bem me lembro, o Padre Peyton e a primeira dama, com gente da TFP desfilando. Milhares de pessoas aos quais certa imprensa, IBAB, IPES, Cruzada Anticomunista, etc, exaustivamente buscavam condicionar o mais escondido escaninho da consciência, ali estavam crentes que preparavam o reino de Deus e a defesa da família: “a família que reza unida, permanece unida”, diziam. Unida, como, se a fome separava seus membros, cada um migrando, indo para longe à procura do pão?

Ausência

Edvaldo Paulo de AraújoEdvaldo Paulo de Araújo

Disse um dia uma amiga, que nada é mais atrevido do que a ausência. Ausência em lugares, de bondade, de atitude, de gestos positivos, de buscar um lugar na vida, de afeto as pessoas amadas, em momentos graves na vida das pessoas queridas, de cultura, de crescimento espiritual, de questionamentos da vida, de visão e por ai vai às ausências mais comuns.

Somos pessoas, somos seres espirituais em busca de crescimento e com luz própria que percorremos um longo caminho para aqui estar e ao chegarmos é de aproveitarmos essa vida rápida e efêmera, preenchemos com ausências. Do que adiantou a vinda?É como fazermos tudo por um convite de uma bela festa e ao chegarmos lá nos sentamos e ficamos com os pensamentos longe e ausente de todos os acontecimentos.

Burocracia na Beócia

Jorge MaiaJorge Maia

Depois de padecer por muitos anos de doença intermitente, o Sr. Sousa faleceu. Assim era conhecido e tratado: Sousa. Sua morte causou muita tristeza entre amigos e conhecidos, era uma pessoa muito querida em toda a Beócia.. Mas a vida é assim e sempre haverá partidas definitivas.

A morte do Sr. Souza foi um daqueles fatos comuns do cotidiano que não chamaria a atenção de ninguém, não fosse um pequeno engano cometido pelo cartório ao realizar o registro do óbito. Na certidão, Sousa foi escrito com  z, quando, no caso, era com s. Foi um Deus nos acuda.

O trinário da Avenida Brumado

Carlos Costa

Carlos Costa

No final do mês de fevereiro a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, através da Secretaria de Mobilidade Urbana, colocou em funcionamento o binário das avenidas Brumado e Pará. Na verdade, ao invés do binário, foi-se criado um “trinário”, pois, além das avenidas citadas, também foi incluída nas modificações a Avenida Maranhão. Infelizmente, os primeiros dias de funcionamento do trinário foram de caos total. Muitas batidas de carros e motocicletas; atropelamentos; muitos veículos trafegando na contramão; além de pouca ou quase nenhuma informação que pudesse orientar as pessoas que circulam por aquelas vias.   Numa cidade que cresce paulatinamente e que nasceu sem nenhum planejamento, é necessário que o Poder Público aja criando alternativas e facilidade para a locomoção do ser humano. A prefeitura tem procurado modernizar o trânsito da nossa cidade, contudo, as atuações ainda são mínimas diante um problema que cresce paulatinamente e que tem como consequência à perda de vidas preciosas quase que diariamente.

Academia do Papo

Paulo PIRES

Mini crônica de Maria Fernanda

Paulo Pires

Meu nome é Maria Fernanda. Sou bem pequena; não sei falar nem escrever direito, só tenho um ano e três meses. Quando quero coisas, digo pelos olhos e todos me entendem. Meu avô é Nailton e anda com um treco que ele chama de bengala. Minha vó é Ana e vive o tempo todo na cozinha (ou então cantando música, no final de semana). Tem uns tios que não me deixam sossegada. Minha prima Mariana me ensinou a falar a palavra Xixi. Eu gostei e falei juntiho e baixinho prá ela: Xixi. Ela sorriu e contou para mais gente. Eu choro, choro durante muito tempo.

Receita Federal abre inscrições para auditor-fiscal

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

As inscrições para o concurso público com 278 vagas para auditor-fiscal da Receita Federal serão abertas nesta quinta-feira (13). Das oportunidades, 14 são para candidatos com deficiência. O cargo exige nível superior em qualquer área e tem remuneração inicial de R$ 14.965,44 mensais. Os interessados poderão se inscrever até o dia 27 deste mês, no site da Esaf. A taxa é de R$130. O concurso terá duas etapas. A primeira será composta de prova objetiva de conhecimentos gerais, prova objetiva de conhecimentos específicos e prova discursiva. Já a segunda é composta por sindicância de vida regressa. A aplicação das provas objetiva e discursiva está prevista para os dias 10 e 11 de maio. Segundo o edital, os aprovados no concurso serão nomeados e terão lotação e exercício nas Unidades Centrais da Secretaria da Receita Federal do Brasil, em Brasília-DF, ou nas Unidades descentralizadas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O concurso terá validade de seis meses, prorrogável por igual período. Informações do Correio.

A “dita cuja” faz 50 anos

Jeremias

Jeremias Macário

A esta altura o assunto deveria estar sendo tratado nas universidades e em todas as escolas do ensino público e privado. Sempre digo que a questão da ditadura civil-militar, ou a “dita cuja” a partir do golpe de 1964, o ano do pesadelo, pertence a todos brasileiros e não apenas aos ex-presos políticos que foram barbaramente torturados, mortos e desaparecidos.

Além de fatos da história ainda estarem sendo reescritos depois de 50 anos, o tema é, lamentavelmente, pouco conhecido entre nossos jovens. O desconhecimento é tão grande que muita gente chega ao absurdo de dizer que a ditadura só pode ser discutida e escrita por ex-preso político que participou efetivamente das lutas pela democracia.

Embasa convoca mais 60 classificados em concurso

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

A Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) publicou no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (12) dois editais convocando mais 60 candidatos classificados no último concurso público, a serem lotados em Salvador e unidades regionais de Alagoinhas, Barreiras, Caetité, Feira de Santana, Irecê, Itabuna, Itamaraju, Paulo Afonso, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bonfim e Vitória da Conquista. Os convocados devem comparecer, na próxima quarta-feira (19), à Universidade Corporativa da Embasa (UCE), localizada no Parque Deputado Paulo Jackson (Avenida Juracy Magalhães Jr., s/n, Lucaia, Rio Vermelho), munidos da documentação requisitada. Os candidatos serão encaminhados para exames médicos admissionais e deverão aguardar comunicado da empresa para contratação, que ocorrerá entre os meses de março e maio deste ano.

Terceiro Forum do Pensamento Crítico debaterá a ditadura militar e sua herança

ruymedeiros

Ruy Medeiros

Não estarei presente ao III Forum do Pensamento Crítico, que será realizado de 24 a 28 de março de 2014, em Salvador. Fico sentido em não poder assistir ao evento.  O tema do III fórum é fundamental: Autoritarismo e Democracia no Brasil e na Bahia de 1964 a 2014. São 50 anos da implantação da ditadura militar e 30 anos das Diretas já que o ano de 2014 marca. Algumas questões serão debatidas: o que possibilitou o autoritarismo em 1964 no Brasil? Como a ditadura civil militar redesenhou o Brasil e quais suas repercussões no futuro de nosso país? Como a ditadura civil militar redesenhou a Bahia e quais suas repercussões no futura desse Estado? Quais as heranças culturais e comunicatórias da ditadura militar no Brasil? E na Bahia? Como foi realizada a transição do autoritarismo para a Democracia no Brasil e na Bahia? Dentre outras.

A farsa tem pernas curtas…

Edwaldo Alves | Foto: Blog do Anderson

Edwaldo Alves Silva

Ao ler hoje (11/03/2014) um blog da cidade deparei-me com uma matéria intitulada “Pesquisa: como responder sem perguntar” e com o subtítulo – “O nome oposicionista (seja Paulo Souto ou Geddel) caminha para definir a eleição no primeiro turno em qualquer cenário”, a responsabilidade da publicação é do Editor do Blog.

Como costumo analisar estudos de intenção de votos,  li-a atentamente e logo percebi que a pesquisa não correspondia de forma nenhuma ao cenário atual. Todos sabem que esse tipo de pesquisa é um retrato do momento, o “flash” que capta aquele instante que posteriormente pode alterar-se completamente. Até o quadro dos atuais candidatos estava complemente  desatualizado indicando uma situação que não existe mais. Para tentar decifrar o enigma acessei o site do Instituto Bahia Pesquisa e Estatística – Babesp – e revelou-se o mistério: a pesquisa publicada hoje é de um estudo de 19 de julho de 2013. Claro, que a farsa escamoteou a data verdadeira, divulgando de forma capciosa que a matéria era apenas de uma sexta-feira, sem dia, sem mês e sem ano. Realmente, é menosprezar a inteligência do povo de Conquista.

O crime de racismo em pleno século XXI

Carlos Costa

Carlos Costa

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito!  Albert Einstein

Já estamos na metade da segunda década do século vinte e um e infelizmente o racismo continua numa crescente que tem espantado os estudiosos das relações humanas e seus comportamentos. O racismo está se espalhando como um estopim pelos estádios de futebol de todos os países do mundo. Mesmo em países que já sofreram com problemas étnicos como a Polônia, Rússia, Eslovênia, Croácia, Espanha, França e Ucrânia, constantemente jogadores de descendências africanas e latinas são vítimas de insultos por causa da cor das suas peles e suas origens. O racismo é crime hediondo e deve ser combatido como o pior mal dos nossos dias. A descriminação de cor, gênero, região ou raça não deve ser encarada como uma atitude ingênua e inofensiva. Somente quem já foi vítima de descriminação sabe equilatar o quanto ela é perniciosa ao ponto de causar grandes lacunas nos relacionamentos interpessoais. Vale ressaltar que o racismo não é um fenômeno cultural e nem é esporádico.

Menino curioso

036-DSC_0916

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando às onze e trinta da manhã me dirigia para o trabalho de meu pai levando a marmita com o seu almoço, pois não almoçava em casa, tendo que trabalhar muito para dar conta de cinco filhos. O meu roteiro era seguir a rua das sete casas, atravessar a Caixeiros Viajantes( onde está o monumento ao índio) em que eu atravessa  tranquilamente, não havia sinaleiras e nem tantos carros.  Eu já almoçara e estava vestido com a farda da Escola Normal ( IEED), pois no retorno já era hora de ir para a escola.  Cruzava a praça e seguia pelo passeio do Cine Glória, hoje uma igreja. Antes de seguir olhava os cartazes dos filmes anunciados e me encantava, esperando o domingo chegar para assistir ao filme de faroeste ali anunciado.

Ainda 8 De Março: o que há de novo?

265-DSC_1145                                                                                 Elane Ferraz dos Santos

Estamos no ano de 2014 e ainda longe de vivenciar uma sociedade igualitária  de bens, de cultura, de lazer e de participação, seja política, social, religiosa ou familiar. O grande mérito dos tempos atuais é o de, em muitos países, poder falar, sem medo, sobre as desigualdades que reinam sobre todos nós! E o que dizer então, sobre a “pretensa” igualdade entre mulheres e homens? Essa, talvez seja uma das mais antigas e cruéis das desigualdades, pois, nela está inscrita toda a opressão construída, socialmente, ao longo dos séculos.  Basta  lembrar-se das histórias ocorridas em  todos os tempos e, na nossa memória,  passará inúmeros  fatos de violência, de abuso, de truculência, de perseguição, de discriminação.

Novo Juiz do Tribunal Regional Eleitoral

ruymedeiros

Ruy Medeiros

Não deve demorar o preenchimento da vaga destinada a advogado do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. A Presidenta da República escolherá, dentre os indicados em lista sêxtupla pelo Tribunal de Justiça do Estado, o advogado que preencherá a vaga de juiz junto ao TRE. O nome do Advogado Maurício Vasconcelos compõe a lista sêxtupla. Trata-se de nome que tem honrado a advocacia e que, em outra oportunidade, compôs o Tribunal Regional, onde atuou com lisura e competência.Não temos dúvida de que Maurício Vasconcelos merece nosso apoio e que a consagração de seu nome pela Presidente da República atenderá o desejo de significativos setores da advocacia em nossa Bahia.

Mistura e quebra-molas

Jeremias

Jeremias Macário

São tantos os absurdos que acontecem no dia-a-dia em nosso país, na Bahia e em nossa própria cidade onde vivemos que fica difícil priorizar uma pauta de discussão. Aí resolvi fazer uma mistura, como dos caras-de-pau que aparecem no programa eleitoral, tipo Renan Calheiros, falando de escolhas com aquela risada irônica e sádica de quem nem está aí para a opinião pública. Outro é o Carlos Lupi, aquele dos “beijinhos de amor” para a presidente. O velho Leonel Brizola, fundador do PDT, deve estar se revirando lá no túmulo.

Carnaval de Vitória da Conquista se expressa como espaço de resistência

Elinaldo LealElinaldo Leal

Embora seja uma festa de origem europeia, criada na Grécia Antiga para agradecer aos deuses pela fertilidade do solo e pela boa colheita, o carnaval tornou-se, na contemporaneidade, uma expressão cultural universal. No Brasil, foi introduzido pelos  portugueses ainda no período da colonial. Em Vitória da Conquista essa expressão popular já habitava o imaginário coletivo antes mesmo da sua emancipação política. Portanto, estamos diante de uma instituição milenar que perpassa continentes, ideologias, governos e classes sociais. No nosso país, além de ser um espaço de expressão cultural, passa a ser, também, um espaço de resistência e de diversidade social. O exemplo disso são as misturas de ritmos, gêneros, cores e reivindicações sociais e políticas.

A politicagem e o estelionato eleitoral

Carlos Costa                                                                                                                                               Carlos Costa

                                                                       A verdade é sempre o argumento mais forte. Sófocles

 A política difere da politicagem em muitas cousas. A política é uma ciência e a mais importante dentre todas as formas de ciência. A politicagem é uma das formas de malandragem mais comum nos nossos dias. A política visa sempre o bem-comum, enquanto que a politicagem não passa de um engodo, e consequentemente, busca apenas os próprios interesses daqueles que a praticam. A política não comunga com a politicagem, embora andem juntas como irmãs siamesas ou como o joio e o trigo. Só que facilmente é possível identificar a pessoa amante da politicagem e inimiga da verdade!

A brecha

Jorge Maia

Jorge Maia

Não recusei o convite de Hamlet de la Mancha e fui passar o carnaval no sitio do Gurutuba. Exigi duas coisas: que o clima fosse morno, com chuva de nível mediano e alguns raios e trovões e que no café da manhã tivesse fofão e chiriba, importados de Aracatu. Ele respondeu que tudo seria como eu pedi, mas, não dispensava a minha presença, pois haveria uma conversa sobre cultura popular e queria que eu contasse um daqueles casos da Beócia.

Conversa animada. Antônio Leal falando de cordel, Paulo Pires tocando Bossa Nova, Marcos Cabeleireiro comentado Breaking Bad, gente falando do neologismo de Guimarães Rosa e da implicância com as palavras que algumas pessoas manifestam.

Pílula dos sinais: Número 65

MAJ

Marco Antônio Jardim

De quando tive a consciência despertada para o sentido da espiritualidade, até hoje, mesmo que estacionado em algumas práticas, percebo sinais. E eles me percebem também. É um fenômeno presente, um vestígio do que se pensa, do que se quer, um artigo de fé. Uma mancha na pele, uma cicatriz. Um aceno, um gesto. Uma etiqueta para fora na camisa do principesco, uma assinatura cursiva. Ou qualquer outra manifestação que pareça presságio, prenúncio. É também o futuro. “O futuro não é um lugar que se chega. É um lugar que se constroi”, alguém disse, como um sinal. Estes lugares são como postes de luz e advertências para mim. Um gato na porta do meu quarto. Uma borboleta na ponta do guarda-roupa. A estranha deferência com que minha mãe arruma meus pertences. Um agasalho que não perde o cheiro, deixando as coisas visíveis. Uma sensação sentida ao mesmo tempo em dois lugares diferentes por duas pessoas que se amam.