Tributo ao nosso Osório jeito de ser

Foto: Reprodução
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Marcísio Bahia

Os botecos são a referência do encontro e a marca na vida de muitos conquistenses, boêmios ou não. Muitos desses lendários locais já não existem mais, e a cada perda a cidade empobrece um pouco. Ainda resistem alguns, mas a baixa dessa vez corta-nos na carne. Perdemos Osório, um daqueles compadres onde o melhor que nos servia não era a gelada, a dose, os quitutes, mas sim o congraçamento de décadas a fio de amizades debruçadas sobre o balcão, de encontros regulares ou inesperados. A figura de um homem que dedicou todo seu tempo a ser um elo de formação de outros elos, com sua cativante rabugice, seu conhecimento sobre o futebol, e sua eterna disponibilidade de servir e agradecer sempre a presença dos amigos em seu ambiente de trabalho. Ele soube, mais do que ninguém, fazer do espaço uma extensão da casa dele, e das nossas casas.

Aquelas manhãs de domingo

Jorge Maia

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, e me lembro das manhãs de domingo em Vitória da Conquista. Nossas manhãs tinham uma programação diferente das nossas tardes, sobre as quais fiz referencia em outro momento. É certo que  naquelas manhãs trabalhávamos em casa realizando a faxina necessária para manter a ordem da vida durante a semana.

As tarefas domésticas era realizadas ao som da programação da rádio clube AM que iniciava a sua programação com um programa gravado em long play divulgando a pasta Kolynos, apresentado por Moacir Franco. Era a forma de estar atualizado com a cação popular. Eram manhãs especiais, cheias de encantamento, cultura e diversão.

Marina é candidata. E agora?

Edwaldo Alves Edwaldo  Alves Silva

Recebi um e-mail do meu amigo padre Carlos intitulado “Eleições X Emoções” que revela suas preocupações  com  a situação política criada pelo trágico acidente aéreo que vitimou o candidato a presidente da república Eduardo Campos. Sem dúvida alguma a questão emocional do ponto de vista do imaginário popular é muito forte. Em certas situações passa a ser determinante. Mas, a comoção coletiva, em muitos casos, tende a confundir os interesses e a vontade da população. Nesses momentos a consciência popular fica mais fácil de ser manipulada.

Vultos históricos de Cajaíba

Foto: Reprodução
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Marcísio Bahia

No alto da Serra do Periperi, sob um denso, branco e gélido nevoeiro, observo o túmulo de Aurino Cajaíba, ornado com o busto dele, uma das obras propensas a manter sua imortalidade, desgastada pela vontade de manter esquecido o legado de um artista pouco lembrado, certamente desconhecido das novas gerações.

Ah, a luz foi embora!

Jorge Maia

Jorge Maia

No princípio era a fogueira, em redor da qual todos se reunião para contar os fatos do dia, contar causos e planejar o dia seguinte. Com as últimas chamas, despediam do dia que acabara e iam para o descanso. Era causos de todos os tipos. A conversa transitava sobre a vida alheia e seguia pelos mistérios do além, e fazia muita gente tremer de medo.

Hoje, a fogueira é eletrônica. A televisão tomou conta da vida, substituiu o calor das brasas e o colorido das chamas pelas imagens em tempo real, falando do mundo inteiro, ou contando histórias de todos os tipos. Senhora da casa, enquanto ela fala ou mostra algo, ninguém fala nada. Aí de quem ousar interromper. Ouvirá uma saraivada de protestos e terá que ficar calado.

A origem da Festa de Nossa Senhora das Vitórias

Por José Mozart Tanajura Junior

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A devoção a Nossa Senhora da Vitória é bastante secular. Segundo os historiadores, remonta ao século XVI ou mesmo antes desse período, pois, em 1549, o então governador Tomé de Souza já havia encontrado em Salvador uma capela dedicada a N. Sra da Vitória, erguida pelos primeiros colonizadores. O que se sabe é que esta devoção se espalhou por boa parte do território brasileiro. Há igrejas históricas dedicadas a esta santa em São Luís-MA, em Vitória-ES, em Oeiras-PI, em Maceió-AL, em Ilhéus-BA e na cidade do Rio de Janeiro. Segundo consta na tradição oral e escrita, a devoção esteve, ao que parece, sempre ligada à vitória de um povo sobre o outro. Em terras baianas, observa-se um fato na história da cidade de Salvador, conforme transcrição extraída da obra do prof. Mozart Tanajura:  “A primeira Paróquia & Matriz, que teve a cidade da Bahia”, narra Frei Agostinho de Santa Maria, “foi a causa de Nossa Senhora da Vitória, título adquirido de uma grande vitória, que os portugueses alcançarão (sic) com o fervor de Nossa Senhora contra os índios.”

Academia do Papo: Impostômetro e sonegômetro, civilização e frustração

Paulo PiresPaulo Pires

“O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que estima o total de impostos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros ao longo do ano, chegou nesta terça-feira (12/08/14) à marca de R$ 1 trilhão de reais”.

 “O valor foi atingido por volta das 11h e com 15 dias de antecedência na comparação com 2013. Isso demonstra, segundo a Associação Comercial, o aumento da carga tributária no país”.  

O dado sobre o aumento é real, porém a conclusão é falsa. Não houve aumento de impostos (alíquotas ou novos tributos),  mas sim de recolhimentos por parte dos contribuintes. 

Coração de Estudante: Há que se cuidar da vida, Há que se cuidar do mundo

Foto: Reprodução

Caíque Santos

Vida de estudante não é fácil. Mas já foi pior. Imagine se a única forma de entrar em uma faculdade fosse viajando para outro país. Difícil, não? Pois essa foi a realidade para os estudantes brasileiros durante séculos. Portugal e França eram as opções e obter um diploma um luxo reservado a poucos. Mas há exatos 187 anos, no dia 11 de agosto de 1821, o imperador Dom Pedro I assinou um decreto que mudaria, para melhor, a vida de todos os estudantes brasileiros. Foi criado o primeiro curso superior do país, o de Direito, em Olinda (PE) e em São Paulo. Cem anos depois, em 1927, a data de 11 de agosto passou a homenagear todos os estudantes. E assim nasceu o Dia do Estudante. O Brasil oferece hoje mais de 200 cursos superiores subdivididos em licenciatura, bacharelado e tecnólogos.

O cerco dos fuzis na terra do frio

Jeremias MacárioJeremias Macário

Naquela manhã frienta de seis de maio de 1964 os conquistenses acordavam com um pressentimento diferente em seus corações. A neblina deslizava como fumaça da Serra do Periperi e invadia as principais ruas e periferias da cidade.

Esparramava seus fios finos no horizonte entre o Parque de Exposições; na final da avenida Getúlio Vargas, em direção a Barra do Choça; lá no ponto do “Gancho” da zona sul, que dava para Itambé; e abraçava o outro lado oeste na “Boca do Sertão” que leva a Anagé e Brumado.

A marca da foice

Jorge MaiaJorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando ajudava meu pai em seu pequeno comércio de material de alumínio e ferragens em geral. Ali aprendi coisas do cotidiano, a exemplo de fazer certas contas de modo  rápido, claro que a repetição era a aliada para fixar na memória o preço de uma unidade, um dúzia, uma grosa ou uma resma. Hoje são palavras pouco ouvidas, exceção feita à palavra  dúzia.

Chico Viola

Foto: Arquivo familiar
Foto: Arquivo familiar
Valdir Barbosa
“Fog” envolvia o domingo conquistense, quando pisei na velha rodoviária de tantos segredos e enlevos meus. Desta feita não aportava aqui por motivo alvissareiro. Na tarde de ontem fui avisado por Marquinhos, do salão, diretamente do bar de Nilton, que Viola, o Chico, partira. Israel José Silveira, filho de Iris e Dona Santa, meu dileto amigo adormecera de vez, no sofá de casa, como um passarinho que apaga de repente.

Lembranças eleitorais

Jorge Maia

Jorge Maia

Até meados da década de 90 do século vinte, as eleições era realizadas por meio do voto em cédulas. Aqueles que iniciaram a votar  usando a urna eletrônica não podem imaginar como ocorria a apuração dos votos. Hoje basta acionar uma tecla e  temos o resultado de cada candidato, sem a possibilidade de impugnação, graças à fé que depositamos no tal dispositivo eletrônico.

A cédula, aquilo que chamávamos de chapa, para o executivo trazia um quadrículo à esquerda do nome de cada candidato. Era simples, bastava assinalar no quadro e era aquele o seu candidato. Na verdade, aí era que a coisa complicava.

Vamos dar um rolezinho?!?!

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Alexandre Xandó e Cláudio Carvalho*

Como se anda pela cidade? Como se mora na cidade? Como se diverte na cidade? Se esta cidade fosse sua, o que você faria? O fenômeno dos rolezinhos retornou ao Shopping Conquista Sul no último dia 27 de julho. A periferia desafia (e com isso escancara) a segregação da nossa democracia social e racial. O Shopping é um símbolo que se incorporara ao cotidiano da vida urbana. A ideologia do consumo tem no shopping um dos ápices de sua realização, já que este espaço proporciona a falsa aparência de uma sociedade ideal.

Academia do Papo: De volta aos doidos de Conquista

Paulo Pires

Paulo Pires

Dizem por aí que jamais devemos usar o termo “doido”, porque isso é politicamente incorreto. Intrigado com esse negócio de politicamente incorreto, perguntei a um doido o que ele achava dessa restrição (ou advertência). O doido me olhou (com aquele olhar de doido), sorriu e me pediu um dinheiro. Eu que não sou tão doido, claro, dei cinco reais a ele.  Desse diálogo pude concluir o seguinte: um cara quando é doido não está nem aí para esse negócio de ser chamado de doido. Ao contrário, ele sorri e acha até legal, porque se sente livre para fazer suas doidices.

Zé Malagueta

Jorge MaiaJorge Maia

Sim, senhores, o nome dele é Zé Malagueta. Uma das figuras mais engraçadas da Beócia. Sujeito esforçado que saiu lá dos cafundós e foi para a cidade da  Beócia, tentar a vida. Trabalhou em vários lugares, aprendeu muitos ofícios. Mas sempre teve um problema, dos grandes: é muito esquentado, daí o apelido de Zé Malagueta. Suas histórias são impagáveis e por isso motivo de risos.

Outro dia, quando me encontrava na Beócia,  necessitei acompanhar Zé Malagueta em uma diligência para fazer a citação de determinada pessoa. Agora Zé era Oficial de Justiça da Beócia, dos melhores, com ele mandado não fica sem  cumprir. No caminho contou-se alguma das suas história. Ri muito.

Assunção à reflexão. Aleluia!

Valdir Barbosa
Valdir Barbosa
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Dias atrás, conceituado jornal soteropolitano revela, em momentos sucessivos, artigos conflitantes de políticos baianos. Não duvido da importância de polemica sadia fundada no conhecimento e lastreada no respeito mútuo. Desta forma, a discussão será capaz de cambiar ideias referendando o dito: da discussão nasce luz. Nos tempos de eleições majoritárias, assuntos palpitantes são temas de debates em artigos publicados nos diários e, se por um lado isto não me parece despropositado remete, por outro, à ideia do oportunismo censurável.

Academia do Papo: O Bar de Mocofaia

Paulo PiresPaulo Pires 

Estávamos em 1984 e a vida corria bela, sem atropelos.  Vitória da Conquista amanhecia às vezes Sol, às vezes Cinza e poucos se davam conta que o Tempo passava.  Nada de mais nessas constatações.  O que havia mesmo era interesse por aquilo que a Cidade não tinha, nem podia fazer.  O que fazer então? Simplesmente deixar a semana passar para chegarmos a sexta feira e, aí sim,  partir  para a Avenida  Expedicionários:  adentrar o Bar de Mocofaia.

Nesse Bar a gente se encontrava.  E nos encantávamos.  Era o encontro semanal  com artistas, intelectuais, músicos, poetas, loucos (boa parte) e todo tipo de gente interessante da Cidade.  Tatu Lemos, Jorginho Chagas, Gildásio Leite, Heleusa Câmara, Zé Raimundo, Waldenor Pereira, Gil Barros, Gutemba Vieira, Geslanei Brito, Dão Barros, Maria Elvira Brito Campos, Paulo Mascena, Dirlei Bonfim, Paulo Macedo, Evandro Correia, Antônio Roberto Barros Cairo, Hildebrando e Júlio Oliveira, Nagib Barroso,  declamadores e  outros tantos que ajudavam a fazer da Casa uma grande Festa.

Eleições na Beócia

Jorge Maia

Jorge Maia

Naquela tarde o voo  foi  cancelado e tive que retornar para o Hotel Beócia. Não foi a primeira vez que tive voos cancelados ali. Embora uma cidade muito grande e um fluxo de passageiros que justifica um novo aeroporto, a Beócia continua dando pouca importância ao seu potencial de crescimento e para isto falta um bom aeroporto.

Voltei para o hotel. A noite era fria e preferi ficar vendo televisão para conhecer a programação local. Permaneci no restaurante, vendo o programa eleitoral que iniciou naquele dia. Era dezenove horas, apareceu o primeiro candidato à presidência da República da Beócia. Em seguida os demais foram aparecendo  sempre falando de saúde, segurança e educação. Todos tinham solução para esta tríade centenária que ninguém consegue resolver, era o que falavam as demais pessoas que assistiam ao programa, gente da terra. Permaneci calado, afinal, na condição de estrangeiro, não seria de bom tom manifestar-me sobre  política. Nenhum candidato falou sobre a situação do Poder Judiciário.