Água p’ra quem tem sede

Jorge Maia

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando aos domingos eu realizava um passeio, levado por meu pai. Nós íamos ao poço  escuro buscar água para beber. Nós morávamos naquela rua que fica atrás do Tiro de Guerra e que é um corredor  que conduz para a praça Sá Barreto.

Era o inicio da década de sessenta e a cidade não possuía serviço de água tratada. Todos usavam água de cisterna, mas isso não nos era permitido. A nossa água estava comprometida. Nossa água era salobra e a proximidade de fossas tornava aquela água imprópria para o consumo.

50 anos do Golpe Militar: Em defesa da democracia, um relato sobre tempos difíceis

Edwaldo Alves

Edwaldo Alves Silva

I – Minha história.

Participei de diversos debates sobre os 50 anos do golpe militar e, principalmente,  sobre os 21 anos da ditadura que sufocou completamente as liberdades civis e políticas no Brasil. Tive o prazer de escutar e falar para públicos heterogêneos, alguns na sessão especial da Câmara Municipal, para  membros conscientes e ativos do Levante Popular da Juventude, universitários da UESB e, agora, preparo-me para fazer meu relato sobre aquele período histórico para estudantes do Colégio Oficina. Na verdade, sinto-me como um observador privilegiado de momentos vividos, quando opiniões políticas e ideológicas eram abafadas, e ações poderiam custar prisões, torturas e mesmo mortes. Como é bom sentir que palavras, opiniões e ações que antes eram crimes, hoje são requisitadas e ouvidas com o maior respeito e interesse.

Simples sugestões

Valdir Barbosa

Valdir Barbosa

Lembro-me de um tempo, nem muito distante, em que era justo fazer piquetes em portas de fábricas e promover greves a mancheia. Na esteira destes e outros lícitos pleitos, a sociedade acreditou em mudanças e apostou no novo, com grandes razões. A alternância de poder é salutar e assim ocorreu, numa terra onde se plantando tudo dá.

Contudo, ao que parece, as raízes dos absurdos amplamente contestados corromperam brotos, dos quais se dizia pretender vir renovando. Exemplos de “mensalões” e “passadenas”, certezas incrustadas nos “lavas jatos”, posto, neles todos, provas incontestes da desfaçatez de quem pregava seriedade e ética. Destarte, o dissabor daqueles que acreditaram na transformação, obrigados a assistir, por todos os lados, hora após hora, enorme cipoal de escândalos.

O Canto da Sariema

Jorge_Maia

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando meu pai levou-me até a sua roça, onde tinha um pequeno curral. Era em Aracatu, área de caatinga. A seca imperava e o sofrimento era grande. Cuidar do pequeno rebanho era ato de heroísmo, pois manter os animais era gastar tudo que tinha, como se estivesse comprando-os outra vez, tal era despesa para a sua manutenção.
Era um final de tarde e o eu o acompanhei a maior parte do tempo levado em seu colo, como se dia dizia antigamente: na cacunda, pois sendo magrinho não suportava a caminhada, embora não fosse tão distante da cidade. Para mim era um passeio. Ver a caatinga com seus arbustos retorcidos pela seca e sentir a tristeza da natureza, que, corajosa, insistia em viver desafiando o que todos chamam de destino.

Administrações Beócias – Segunda parte

Jorge Maia

Jorge Maia

Ao fim da leitura do primeiro relatório, publicado na semana passada, fez-se intervalo e foi servido o jantar. A perplexidade era a tônica dos comentários e haviam os mais exaltados pregando a revolução com aplicação de severa punição aos corruptos. A conversa corria solta e os temas eram variados. Alguém informou que Dr. Francis chegara da Noruega, esta em período de férias e que possivelmente apareceria por ali, pois sempre desejou conhecer a Beócia. Na varanda outra pessoa falava sobre a Insustentável Leveza do Ser, do eterno conflito da liberdade e da opressão, concluindo que ” tudo que é solido se desmancha no ar”. Podemos afirmar que o papo era agradável. Bem cativante. Fernandão que chegou naquele momento, aproximou-se de um grupo que discutia qual era a série era melhor: Braking bad ou Família Soprano, sempre defendendo o segundo, particularmente penso que são bem diferentes não cabendo comparação.

Santa água sanitária

Celso Miranda de Lima

Celso Miranda de Lima

Pouca gente sabe, mas é na cozinha que reside a maior quantidade de bactérias. O principal motivo está na inesgotável fonte de alimentação destes microrganismos que são os restos de comida espalhados por toda parte. Ao preparar os alimentos, restos de alimentos são projetados sobre fogões, pias e piso. E quando a limpeza não acontece de imediato, a decomposição destes resíduos faz com que a reprodução dos microrganismos nocivos à saúde humana seja exponencial. Entre estes vilões estão Staphylococcus aureus, Salmonela choleraesuis e a temível Escherichia coli.

Qual seria o nome?

Paulo Ludovico

Paulo Ludovico

Tem uns caras de raciocínio rápido. Conheço alguns assim. Daqueles que respondem na tampa e até parecem ter a reposta pronta, na ponta da língua.

Um conhecido, certa feita, comprou um tênis, daqueles mais espalhafatosos possíveis. Era cor de todo tipo e largura, algumas delas, fluorescentes. Parece até que acendiam. Um verdadeiro arco íris nos pés.

Era costume em Conquista, os amigos se encontrarem para a velha roda de papo. Na Alamenda Francisco Santos, depois na Praça do Gil. Era como se fosse a Olívia de hoje.

Em busca do parmegiana perfeito

Fotos: Léo Tavares
Fotos: Léo Tavares

Por Léo Tavares, Buteco 512

Ultrapassamos a linha tênue da Rio-Bahia, BR que divide a nossa cidade e o que me parece, não só fisicamente. Besteira desse povo né? Conversando com o meu amigo Jorginho, um dos donos do estabelecimento, num desses domingo no Cai 1, falei sobre o blog e a minha procura. Já conhecia a excelência de sua cozinha e de vários pratos de lá. A especialidade da casa são comidas românticas, aquelas que vão direto pro coração: lombo de boi assado, sarapatel, buchada… Mas ele me “desafiou” a comer o Parmegiana de lá. Challenge accepted! O lugar é simples, mas limpo. Garçons atenciosos e o serviço é rápido. Estávamos em 7 pessoas (o que foi um erro, já que pra “pesquisa” de campo é bom no máximo 3) e o lugar estava cheio.

L1

Vamos ao Parmegiana: Molho: Tem numa quantidade bem legal, mas com uma acidez um pouco elevada, pro meu paladar. Acompanhamentos: O suficiente para 3 pessoas, mas pedimos o grande ( lá tem P, M e G): macarrão de panela, arroz e purê. Não curti o macarrão, seco e passou do ponto, acho que faltou um tempero a mais. O Purê tava bom e o arroz… não dou osa pra arroz, né?

l3

Deixar claro que amo arroz, mas não faço questão no parmegiana. Filé: Tem uma espessura bem legal e vem numa quantidade suficiente pra 3 pessoas. Tempero legal e o empanado crocante e o queijo na medida e derretidão. Mas nada de outro mundo, bem normal. Apresentação: Vem muita comida e isso enche os olhos. O filé vem imerso em molho e queijo, salivante. Preço: R$ 55,00 a porção G É um parmegiana NOTA 7,0 na minha concepção. Ganhou muitos pontos na espessura do filé junto com o purê. Poderiam melhorar com o molho e o macarrão.

O golpe de 64 e a opção pela verdade

Florisvaldo Bittencourt Florisvaldo Bittencourt

Fazer uma análise sobre o golpe de 64 nunca é fácil, devido as consequências nefastas daquele momento histórico. E que fique claro, trata-se de um golpe e não revolução, que roubou a liberdade, vidas e os sonhos de milhares de cidadãos brasileiros, além de retardar o surgimento de lideranças que poderiam mover o Brasil nos trilhos do progresso com inclusão social. O desenvolvimento do “país do futuro” foi arrancado por um regime ditatorial corrupto e que só em Vitória da Conquista cerceou a liberdade de 35 pessoas, com destaque para os casos de Ruy Medeiros e o ex-vereador Péricles Gusmão, Camilo de Jesus Lima, Everardo de Castro, Vicente Quadros dentre outros

Administrações Beócicas

Jorge MaiaJorge Maia

A curva do Gurutuba se aproximava e ao longe eu já avistava a casa sede do vale do Gurutuba. Era 28 de fevereiro de um ano qualquer. Fui convidado para assistir o desfile da Independência da Beócia que é o dia 30 de fevereiro. Preferi chegar com antecedência e aproveitar da presença de tanta gente importante que ali eu encontraria.

Hamlet de La Mancha não deixa por menos. Normalmente sou o convidado menos importante. Sou convidado por gratidão, tendo em vista que patrocinei, com sucesso, uma causa para Hamlet. Naquela noite haveria leitura de relatórios sobre a administração Pública dos diversos municípios da Beócia. Francamente, eu não poderia perder aquele instante tão revelador.

A favelização das universidades estaduais no Brasil

Reginaldo de Souza Silva

 Reginaldo de Souza Silva

Enquanto o governo ostenta um chamado “mega” investimento em instituições federais de ensino superior, contestado pelo ANDES – Sindicato Nacional, as universidades estaduais, em sua grande maioria, amargam o abandono daquele nível da educação que deveria ser, segundo a Constituição Brasileira, de responsabilidade do governo federal.

Com um déficit gigantesco o Brasil tenta se inserir no mundo globalizado, caminhando para ser a quinta economia mundial, amargando indicadores vergonhosos de educação. Realidades absurdas e contrastantes podem ser verificadas neste imenso país, da primeira etapa da educação básica (ed. Infantil à educação superior). Falta de professores, má formação, remuneração e condições de trabalho; número de funcionários e qualificados insuficientes, que lutam e amargam contra a ingerência politica com a “venda/atribuição de cargos” nas mãos de governadores, prefeitos, deputados e vereadores.

Um homem de 50 e mais (suas confusões)

Paulo LudovicoPaulo Ludovico

Escrevi isso logo depois dos 50 anos de idade, mas, depois de 8 anos, acho que ainda é atual.

É duro passar dos 50!

Chamar o Bom Preço de Superlar ou o Rondelli de Cedisa já são indícios preocupantes. Ou então dizer Rua da Boiada (a João Pessoa) ou Rua dos Tocos (a 10 de Novembro). Aí, só mesmo consultando um geriatra.  Conheço alguns assim. Um olhar para o passado e perceber que os 20, 25, 30… Ok, vá lá, os 40 anos de idade, já se passaram. Se não é assim, olhe bem a história de um determinado dia, dos vários que já vivi, depois dos 50. Um belo dia, depois do almoço (como acontece em todo santo dia), saio de casa em direção ao banco: filas, depósitos, contas a pagar, conversa com o gerente… blá, blá, blá.

Buteco 512: A Volta do Mata Branca!

Fotos: Butecandu
Fotos: Buteco 512

Por Léo Tavares, Buteco 512

Suuuuuuuuuuuuuuuucesso!

Ontem, dia 01 de Abril, teve a reinauguração de um dos lugares mais legais que já havia conhecido:
– O Empório Mata Branca.

Recebi o convite por um dos donos, mas foi um evento voltado para o público, quem chegasse era bem bem vindo. Novo local. Novo cardápio de comidas. Cervejas artesanais à rodo e com preço acessível. E a novidade suprema:

3 chopp´s Mata Branca para serem apreciados por nós.
– Um de Trigo – encorpado e sabor suave.
– Um Red Ale – levemente amargo mas refrescante.
– Um Bock – mais forte e sabor acentuado de café.

20140401_215155

Queria ser o nosso comentarista oficial, Glauber Leite, para poder falar delas, mas pra que tirar o emprego do cara, né verdade?

Bom, nem preciso dizer que experimentei das 3 e ainda experimentei, também, de 3 petiscos que estavam no cardápio e tenho que dizer, os que eu apontei primeiro, acabaram. A galera aprovou demais o sabor das comidas desenvolvida pela equipe do Sexto Sentido Gourmet.

A invisibilidade da mulher

Elane Ferraz dos Santos

Elane Ferraz dos Santos

Sábado 29 de março o Partido dos Trabalhadores, por iniciativa das mulheres que compõe a sua executiva, promoveu uma discussão sobre as várias situações vividas pelas mulheres, sobretudo no campo da política, reflexões motivadas ainda pelo ”8 de março”. Domingo 30 de março a Igreja Católica de Conquista reuniu milhares de pessoas, a maioria mulheres, para a Ordenação Episcopal do Monsenhor Estevam Santos.

Ditadura, nunca mais!

.

Carlos Costa   Carlos Costa

“Para virar a página é preciso ler a página”

O vermelho triste e lento do alvorecer do dia 31 de março de 1964 parecia o prenúncio do que seriam os anos sangrentos que a Pátria vivenciaria por vinte e um longos e tristes anos. Aquela terça-feira de um outono cinzento e frio entraria para a história como o dia em que a Democracia fora ferida de morte.  A nação brasileira e o mundo todo viram nascer naquele dia o mais cruel e sanguinolento golpe militar da história latino-americana. Milhares de pessoas foram presas em todo território nacional. Homens, mulheres e até crianças foram torturadas, seviciadas e mortas simplesmente porque sonhavam com melhores dias para sua pátria amada. Entre os anos de 1968 e 1974 a ditadura militar aprimora os seus métodos macabros e a perseguição aos brasileiros que são contra o golpe alcança o seu ápice. Foram anos cruéis em que todos os direitos básicos do ser humano foram vilipendiados pelo regime ditatorial. A ditadura violou a Constituição, violou as Leis e violou os Direitos Humanos! Infelizmente, hoje, 31 de março de 2014, lamentamos profundamente o golpe militar perpetrado há 50 anos.

50 anos de luta pela democracia

Zanoni

Dom Zanoni Demettino Castro

Neste ano de 2014 somos chamados a fazer a memória das nossas alegrias e esperanças, das nossas tristezas e dores. Neste momento, lembramos, sobretudo, os 50 anos da Ditadura, um dos mais dolorosos episódios da história do Brasil, que com o ato de força de 1º de abril, significou um golpe profundo para as instituições democráticas e durou longos 21 anos, jogando o País numa noite de terror, prisões, torturas, mortes e desaparecimento de pessoas.

Amores em tempos diversos

Jorge Maia

Jorge Maia

A literatura e a vida real estão cheios e exemplos de paixões amorosas, algumas chegando ao exagero negativo da escola romântica que adoeceu a alma nacional. Bom, de qualquer modo tudo isso é bem antigo e poderíamos tomar como ponto de partida o Livro de Gênesis, relembrando de Jacó e Raquel.

Jacó serviu Labão por sete anos para que tivesse direito a casar com Raquel. mas Labão entregou para o casamento a sua filha Lia, pois não queria ficar com a filha mais velha encalhada em casa. Jacó trabalhou mais sete anos para casar-se com Raquel. Ficou com a s duas, mas o preço foi para casar-se com Raquel.

Trânsito, cartórios e estupidez

Jeremias

Jeremias Macário

Calçadas quebradas cheias de carros são sinais de atraso e redução dos negócios na economia de uma cidade, assim como trânsito infernal onde cada um faz o que quer. Prega-se a valorização do pedestre e do transporte público com ruas onde o trafego flua, mas, na prática, não é isso que se vê. Nos tempos atuais, todos defendem o meio ambiente, mas a grande maioria joga papel e lixo em qualquer lugar.

O quadro é geral nas maiores cidades brasileiras, mas falo especificamente de Vitória da Conquista onde comerciantes fazem manifestações porque o poder executivo instalou um sistema binário com ciclovias, eliminando o estacionamento de veículos nas faixas das avenidas. Por falar em ciclovias, elas ainda são pouco utilizadas em Conquista. Deve ser a cultura aventureira de sempre pedalar entre os automóveis. É como pedir passarelas e depois passar por debaixo delas.