As chuvas das águas

Jorge MaiaJorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando eu costumava ouvir esta expressão: chuva das águas, sempre acompanhada do artigo a no singular indicando um período de chuvas e não apenas a uma chuva, pois estas eram muitas, fortes e duradouras. A expressão sempre me cativou, pois, soa de modo harmonioso e tem conotação poética.

Inicialmente, pensava que se tratava de um pleonasmo. Mas eu ouvia isso de pessoas simples, em especial do homem do campo, do catingueiro que depositava nas chuvas das águas a esperança de plantar e colher feijão e milho. Depois, percebi que o mundo mudou tanto que nem sempre chuva é de água: chuva ácida, chuva de meteoros e chuva de besteiras e de corrupção. Assim, não tem importância preocupar-se com vício de linguagem e nem de aprisionar em uma qualificação uma expressão popular carregada de otimismo.

Peter Pan ou de Dorian Gray?

Jorge MaiaJorge Maia

Tenho Perguntado aos meus alunos qual a coisa mais difícil da vida. Falo coisa porque assim é o nosso hábito, coisificar tudo para comunicar e ser compreendido, o que não merece censura na linguagem coloquial. Mas, na verdade não é uma coisa no sentido comum que a palavra indica significar. Quero dizer sobre um estado, um jeito de ser. Vendo a dúvida em seus olhares e certa timidez por não querer errar antecipo a resposta: a coisa mais difícil do mundo é ser adulto.

Passando a limpo

Jeremias

Jeremias Macário

Ia visitar no dia do Natal meus amigos Ricardo Benedictis e Paulo Andrade que estão se recuperando de um tratamento de saúde, mas aconteceu um imprevisto no aeroporto, que é a maior vergonha de Vitória da Conquista. Meu filho que ia embarcar para São Paulo, às 7 horas da manhã, e depois para o Rio de Janeiro se sentiu mal e terminou vomitando na sala de entrada. Foi impedido de embarcar por questão de segurança no avião.

Até aí, tudo bem, mas o que nos deixou constrangidos foi o tratamento dos atendentes no balcão da Passaredo e da viação Azul. Ficaram irredutíveis e houve uma ligeira discussão em ambas as partes. Ao invés de tentar ajudar, pois o rapaz estava passando mal, chamaram a polícia (um militar e uma militar) que chegou aos gritos. Na confusão tive que responder à altura e, por pouco, não fui preso por “desacato à autoridade”.

Mobilidade social constrói democracia

Rui CostaRui Costa

Entre os principais direitos do cidadão em um país democrático estão os direito à liberdade e à igualdade perante a lei. É incontestável a busca da nossa gente pela concretização dessas conquistas e das que estão por vir. Quem lutou e resistiu durante as décadas de 1960, 70 e 80, testemunhou parte ímpar da construção da democracia no Brasil.

Jovens, crianças e adultos saem às ruas. O processo continua. E que siga transparente, com diálogo e respeito, tendo sempre o bem do povo como referência. O que este país viveu em junho deste ano mostrou que a rua é e sempre será o lugar do povo. O desejo por mais é irrefreável. Este é o caminho para um futuro de oportunidades. O povo brasileiro acredita na construção e na mudança, através da união, do eco das vozes, do não às decisões que privilegiam e segregam. Unido, este povo é ‘Gigante’.

A manhã em que eu fui ao motel

Jorge Maia

Jorge Maia

Na vida nem sempre tudo é o que parece, sempre estamos cometendo erros em nossos julgamentos. Imaginem a minha alegria ao ser intimado, naquele tempo por oficial de justiça, para uma audiência esperada anos a fio. Era uma ação que motivava o advogado, pois provocante devido a sua complexidade. O mandado intimava para indicar as provas pretendidas e o prazo para indica-las, inclusive para apresentação do rol de testemunhas.

Guilherme Menezes e as eleições em Conquista

Carlos CostaCarlos Costa

Desde minha infância acompanho as campanhas políticas em nossa cidade. No decorrer desses anos acompanhei de perto muitos pleitos eleitorais e fui testemunha ocular de fatos que não são do conhecimento da maioria da população conquistense.

Nesse tempo presenciei de tudo um pouco. Vi numa eleição para prefeito cabos eleitorais de um candidato, abrir as urnas e tirar votos dos demais candidatos e no lugar dos mesmos colocar cédulas com votos para o candidato que naquela eleição foi eleito prefeito. Esse episódio aconteceu nas dependências do Posto dos Correios no Distrito de José Gonçalves. Vi noutra eleição municipal o grupo da situação se apossar do processo eleitoral de tal forma que conseguiu até fazer a impressão das cédulas eleitorais numa gráfica da nossa cidade. As cédulas foram manipuladas com um produto químico e o resultado foi que aquela eleição teve o maior índice de votos em branco de toda a história do nosso município. O candidato que despontava em todas as pesquisas com mais de 70% das intenções de voto foi derrotado para tristeza geral do eleitorado conquistense.

Vale dos desvalidos

Jeremias Macário

Jeremias Macário

Vi uma senhora de idade na fila do SUS, tentando marcar uma consulta médica, clamar para o repórter que não tinha nenhum orgulho de ser brasileira. Dentro do hospital público, que mais parecia campo de concentração em tempos de guerra, vi um jovem numa maca do corredor da unidade dizer que aquilo ali não era um hospital, mas o inferno. Foi operado de apendicite “por engano” e estava há quatro dias sem se alimentar direito e sem receber uma visita do médico.

Vi na fila do recadastramento do bolsa família vários idosos e mulheres aflitas com crianças nos braços em desesperados choros incontidos, com medo de perderem o auxílio que os mantêm ainda na pobreza do vale dos desvalidos, ou dos esquecidos. Vi aposentados catando o minguado “benefício previdenciário” do mês para comprar um remédio na farmácia. Do outro lado, vi o lucro astronômico do sistema financeiro dando gargalhadas em suas confortáveis poltronas.

C,T&I: É preciso priorizar a formação científica

Roberto PauloRoberto Paulo Machado Lopes

A Bahia, assim como o Brasil, vem apresentando, nos últimos anos, uma expansão das ações de ciência, tecnologia e inovação. Contudo, a continuidade desse processo depende de uma urgente ampliação da base científica, especialmente a formação de pesquisadores. Do início dos anos 70 até o final dos anos 90 do século passado, a formação de massa crítica foi protagonizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em um processo concentrado espacialmente e que não abrangia as mais variadas frentes de conhecimento. A existência por muitas décadas de apenas uma universidade federal na Bahia ajuda a explicar parte do desenvolvimento desigual entre as regiões do estado.

O canto triste da araponga

Jorge Maia

Jorge Maia

Quem viveu a infância ou parte dela na zona rural, ou mesmo em pequenas cidades deve ter conhecido diversos pássaros. Era muito comum pessoas que criavam passarinhos. Pessoas havia que tinham diversas gaiolas, e os mais variados pássaros. Ainda bem que hoje a consciência ecológica sofreu mudanças. O amor à natureza mudou de foco, a sua preservação, incluindo aí a fauna e a flora. Não é permitido a criação de pássaros brasileiros em gaiolas ou qualquer tipo de cativeiro, sem autorização do IBAMA.

O contato com os pássaros quer fosse na sua liberdade, quer fosse na sua prisão, era algo que enternecia pela beleza da plumagem ou pelo canto. Sobre tudo pelo canto. Quantas disputas para ver qual era o canário belga que melhor cantava. Quanta aposta decorria daquelas exibições de prisioneiros instigados a cantar, mascarando a sua prisão? Sempre fui contra aquelas gaiolas, mas era um costume arraigado e boa parte achava natural aquela situação.

Butecando: Bar Avenida – O Cupim “Light” e Manteiga de Garrafa

Fotos: Leonardo Tavares
Fotos: Leonardo Tavares

Por Leonardo Tavares

Mais uma vez o Butecando vem e mostra que não tem fronteiras e, ao chegar à terra dos cata-ventos gigantes, me senti meio como Don Quixote. Já leu? Não? Pô, perdeu a referência que eu fiz ao chegar em Guanambi city, que surpreende pela hospitalidade e beleza. E uma vez em Roma, faça como os romanos. E, assim, fui atrás do famigerado cupim de Gildásio, que fica na Avenida Santos Dumont, em frente a praça do Feijão, point da cidade. “Num” tem erro. Lá, encontraremos o cupim feito no saco, cerveja gelada e gente de tudo quanto é jeito. Só corre o risco de não achar mesa.

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Hoje, na Coluna Butecando, o Bar Avenida, mas que todo mundo chama de Gildásio, que tem como proprietário – adivinhem? – Gildásio!  Ele conta com o auxílio de uma grande equipe de garçons e churrasqueiros, maioria primos, sobrinhos, parentes, aderentes… Enfim, lá o nepotismo come solto, e conta com supervisão de sua esposa, Dona Nilce. Corintiano doente, mas diz que é Vitória, ele é dono de uma discrição incrível. Não contou um único “causo” que tenha acontecido em seu bar, que é uma churrascaria, que é point, que é onde mora o cupim. Detalhe: só abre à noite.

Sombras da Ditadura

Foto: Facebook | Alan Kard
Foto: Facebook | Allan Kard

Esta tela do Artista Plástico Allan de Kard na técnica mista sobre tela, nas dimensões 148cm x 250cm, de título Sombras da ditadura , trás a tona a lembrança da noite negra que se abateu sobre a Pátria brasileira entre 1964 e 1983, quando completa 50 anos do golpe militar e sua herança; Centenas de mortos e desaparecidos e milhares de torturados.  O quadro é emblemático, carregado de cores fortes. Ao fundo um imenso painel com o nome dos desaparecidos, dentre eles o da Conquistense Dinaelza Coqueiro e logo abaixo 136 cruzes, sugerindo talvez que os desaparecidos devem ser catalogados como mortos, afim de que se alivie da duvida seus familiares que não tiveram o direito de sepultar seus mortos.

Até logo minha Vitória da Conquista

Esdras Tenório Libarino

Esdras Tenório

Venho aqui com o coração triste e ao mesmo tempo alegre, informa-los que estou deixando a minha terra mãe, o meu solo amado, a joia do sertão baiano a capital da caatinga, a mais conhecida suíça Baiana, onde cresci ate o momento aprendendo e ensinando no dia a dia com os cidadãos conquistense, mas aprendendo do que ensinando, pois pouco sei, e muito ainda tenho que aprender. Estou indo para a capital, a nossa são Salvador por motivos dos estudos, trabalho e continuidade do trabalho politico da esperança de uma nova Bahia, e um dia de alegrias para todos. Agradeço as pessoas que fizeram parte de minha vida tanto no campo politico como no meio mais intimo (os amigos de todas as horas), nessa cidade aprendi muito, principalmente sobre politica com os grandes ídolos do cenário politico não apenas de conquista, mas da nossa Bahia, referencia em varias cidades e estados pela competência de administração e de liderança.

Mandela um ícone da justiça

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Florisvaldo Bittencourt

A morte de Nelson Mandela apresenta uma reflexão importante para história da humanidade. Mandela foi daquele tipo de homem que sua trajetória deixa entre nós, uma série de lições e de aprendizado. Falar em Mandela é falar de luta, cuja perseverança incentivou centenas de movimentos sociais por todo o mundo, na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. Sua principal lição é a de que precisamos continuar lutando para que a intolerância nunca prevaleça. Por isso, e de alguma forma, todos os militantes sociais do mundo, das mais diversas bandeiras e ideologias, tiram seu significado do que foi e do que representa Mandela.

Diferenças, semelhanças e referência

Valdir BarbosaValdir Barbosa

Diferenças

Gino Meneghetti, nascido na Itália foi, talvez, um dos maiores larápios atuantes no Brasil. Chegou da Europa em junho de 1913, com pouco mais de trinta anos. Depois de praticar inúmeros delitos, sobretudo na terra natal e França, finalmente aqui aportou, tendo vivido até 1976, oportunidade em que morreu com noventa e seis anos. Especialista em furtos conseguiu subtrair incontáveis quantias de joias e dinheiro, nas casas suntuosas do sudeste brasileiro, sendo condenado e preso inúmeras vezes, principalmente no estado de São Paulo.  Certa feita perseguido pela policia paulista, sobe a um dos telhados do centro daquela capital e grita com as mãos levantadas: “Io sono Meneghetti, Cesare, Nerone de San Paolo, que se traduz: Eu sou Meneghetti, Cesar, Nero de São Paulo”. Midiático, fez declarações do tipo: “Jamais roubei um pobre. Só me interessa tirar dos ricos, e tirar joias, que são bens supérfluos que só servem para alimentar a vaidade”.

Uma Carta para o Sr. Guliver

Jorge MaiaPrezado Senhor,

Não poderia começar minha carta senão pedindo desculpas pela invasão da sua privacidade. Tenho conhecimento do seu retiro voluntário em razão de todos os acontecimentos vividos durantes as suas viagens. Entretanto, não me contive. Outro dia, tentando colocar em ordem a nossa modesta biblioteca, deparei com a obra em que o Senhor relata as suas aventuras. Folheei de forma aleatória aquele volume e reli com certa saudade alguns trechos cujas lembranças já se iam apagando. Retornei ao início da obra e reli a carta do seu editor, porém, com maior avidez, reli a sua resposta a ele endereçada. Considerando a publicidade dada ao caso, não me senti violando correspondência. O tempo tornou–me cauteloso, mas, não menos curioso.

Economia baiana: a realidade não é preta e branca

Geraldo_ReisGeraldo Reis

Apesar do significativo crescimento no PIB da Bahia em 2011 (4,1%), o estado perdeu participação na economia nacional e saiu da sexta para a oitava posição, ultrapassado por Santa Catarina e Distrito Federal. Essas três economias apresentam diferenças em suas estruturas produtivas. A Bahia, apesar de centrada no setor de serviços, é fortemente influenciada pelo setor industrial e, particularmente, pelo segmento petroquímico.

O PIB 2011 foi diretamente afetado por dois fatores particulares que contribuíram para o desempenho negativo da indústria baiana. O primeiro foi o apagão, determinante para a queda de 4,38% na produção industrial – enquanto a taxa no Brasil foi de +0,4%. O segundo fator foi o diferencial de preços relativos no segmento da petroquímica. Em 2011, os preços do petróleo (com cotação no mercado internacional) cresceram, mas os preços dos derivados produzidos pela indústria baiana, que são administrados, ficaram estáveis. Assim, tivemos de um lado estabilidade no valor de produção e de outro crescimento nos custos, reduzindo de forma drástica as margens e o valor adicionado.

Trabalho Decente no Brasil

Nilton Vasconcelos*download (1)

Em visita a Salvador em outubro último, para reunir-se com o Comitê Gestor da Agenda Bahia do Trabalho Decente, o diretor geral da OIT, o inglês Guy Rider, elogiou os avanços e conquistas alcançados por esta experiência inovadora, à qual se referiu como a primeira em nível subnacional em todo o mundo.

Iniciada em 2007, a iniciativa baiana tem sido reproduzida em vários estados e municípios brasileiros, assim como em diversos países da América Latina, tanto assim que já se debate a constituição de uma Rede Latino-americana de Trabalho Decente.

No Brasil, a realização da 1ª Conferência Nacional, em 2012, deu uma nova dimensão à abordagem de temas como a erradicação do trabalho infantil e do trabalho escravo, a valorização do trabalho doméstico, a igualdade no mercado de trabalho, dentre outros, cuja concretização é indispensável aos desejados avanços das condições de trabalho.

Eleições 2014: A explicação de Edwaldo Alves

Edwaldo Alves | Foto: Blog do Anderson
Edwaldo Alves | Foto: Blog do Anderson

Por nota enviada ao Blog do Anderson, na noite deste domingo (1), o secretário municipal de Governo da Prefeitura de Vitória da Conquista, Edwaldo Alves Silva, disse que não tinha preferência por nenhum dos pré-candidatos a ser pré-candidato do Partido dos Trabalhadores à sucessão do governador Jaques Wagner.

1 – O Governador Jacques Wagner, como qualquer outro petista, tem todo o direito de manifestar a sua opinião sobre assunto de tanta importância política que é a sua própria sucessão. Aliás, seria enorme contrassenso se o governador, pela força da sua liderança e o peso de seu cargo, se alheiasse dessa questão.