Academia do Papo

Notícias sobre Bossa Nova e Buena Vista Social Clube

Por Paulo Pires   

Em 21 de novembro de 1962 subiu ao palco do Carnegie Hall, Nova Iorque, a turma da Bossa Nova. O band leader era o maestro Tom Jobim e a apresentação do grupo foi motivo dos mais variados comentários.  Os jornalistas que apreciavam a “novo estilo” na música popular do Brasil encheram a apresentação de elogios. Em contrapartida os críticos e dentre esses o mais ferrenho, que atende pelo nome de José Ramos Tinhorão, desceram, sem piedade, o cacête na “desastrosa apresentação”. Tinhorão, talvez o mais exigente dos críticos musicais brasileiros, muitas vezes citado pelos adversários como xenófobo, era muito rigoroso quando se debruçava em estudos sobre nossa música. O homem era dotado de um espírito figadalmente nacionalista e detestava qualquer influência que pudesse sofrer nossos músicos em matéria de arte.

Academia do Papo

Adeus Bareta, adeus Magassapo

Por Paulo Pires

No início desta semana tive uma visão melancólica: Nossos bregas estão em extinção. Isso mesmo! Nossos bregas da parte alta da Bartolomeu estão dando os últimos suspiros. Fiquei triste. Eu, velho freqüentador de puteiros, amigo de muitas quengas, admirador da boemia bregueira e poeta solidário com raparigas e cafetões, senti de modo cruelmente que parte do mundo está se despedindo de mim. Conforme ocorre nessas ocasiões a melancolia logo se instala. Aprendi que quando coisas e pessoas se afastam da gente é porque estão dando sinais de que forças ocultas estão nos afastando do mundo. É um distanciamento esquisito. Tom Jobim dizia que a certa altura do campeonato “a gente começa a ver a vida e as pessoas a certa distância”. O maestro tinha razão.

Pequenas Notas

Paulo Pires

Uma breve teoria sobre o erro

Os seres humanos são incríveis. E se tornam mais inacreditáveis quando opinam sobre coisas e fatos.  Para exemplificar, tomemos apenas dois tipos: O otimista e o pessimista. Se colocarmos diante deles um copo de vidro com água pela metade teremos invariavelmente duas opiniões. O otimista dirá que o copo está quase cheio. O pessimista dá um muxoxo e diz peremptoriamente que o copo está quase vazio. Daí surge diferenças que abrangem não só aspectos quantitativos, mas dezenas de outras divergências que avançam em quase tudo que os envolve. Esses dois divergem em qualidade, cores, gostos, aptidões, opções e o diabo a quatro. O que ajuda a explicar isso? Um conjunto de fatores que se desenvolvem a partir do ambiente familiar, passando pelos relacionamentos sociais, formação cultural, educacional, idiossincrasias, filosofia, psicologia, até chegar a heranças atávicas, entre outros.

Pequenas Notas

Foto: Blog do Anderson

Festival de Inverno & outras coisas

Por Paulo Pires

Terminado o Festival de Inverno de Vitória da Conquista, seria pertinente fazer breves comentários sobre o evento. O primeiro é que em meio a uma Festa daquele tamanho e com tantas pessoas houve pequenos incidentes de ordem Policial. Isso mostra que o Povo de Conquista e o pessoal que veio de fora para assistir aos shows e participar da festa são gente da “melhor qualidade”. O ex-senador Antônio Carlos Junior, filho do lendário ACM e pai do deputado ACM Neto, não conseguiu esconder sua admiração pelo povo e pela festa e em alguns momentos derramou-se em comentários expressando boas impressões sobre nossa gente e nossa cidade. Os irmãos Vitor e Léo, dupla que roda o Brasil como poucos artistas da atualidade, ficaram impressionados com as meninas e os meninos de nossa cidade. Melhor ainda, disseram em particular e no meio do show que estavam encantados com Vitória da Conquista.

Pequenas Notas

Famílias Musicais Culturais

Por Paulo Pires

Há poucos dias alguém lançou uma pergunta sobre as famílias que mais se destacam no plano cultural de Vitória da Conquista. Fiquei mudo, vacilante. Todos que estavam na rodinha de amigos se calaram e ficamos pensando qual a melhor resposta. Passados alguns dias, matutei, matutei e cheguei a uma conclusão (absolutamente pessoal): De todos os clãs conquistenses o que mais se destaca na parte cultural-musical é o dos Figueira. Sim, são os Figueiras os mais destacados personagens dos nossos artistas e intelectuais. São eles, e parece não haver contestação, os melhores representantes, o que há de mais refinado em nossa Cultura (pelo menos em minha visão e de tantos outros). Esta afirmação origina-se de uma longa visitação ou revisitação à nossa cena cultural desde os anos 60 do século passado. A partir daquela década [talvez até antes] já contávamos com a presença deles nos melhores eventos da Cidade. A começar pelo gênio criativo desse notável compositor e pensador brasileiro chamado Elomar Figueira Mello.

Atualmente, além do

Pequenas Notas

Uma questão para ser resolvida pela Lei e pela Serenidade

Por Paulo Pires

Há algum tempo perguntaram ao compositor Gilberto Gil como ele definiria  a personalidade do seu colega Paulinho da Viola. Gil, reconhecidamente uma pessoa dada a discursos longos, prolixos olhou para o jornalista e surpreendeu lacônica e poeticamente: Mister Serenidade. Isso mesmo. Na visão de Gil e da maioria dos brasileiros, Paulinho da Viola é uma pessoa que transmite muita serenidade. Gil ganhou pontos com a resposta porque o povo brasileiro sentiu sinceridade e fidelidade à verdade no que tange a personalidade do autor de Sinal Fechado. Paulinho, claro, adorou…Vejam como em poucas palavras podemos emitir  juízos de valor sobre questões que parecem complexas e que no fundo são simples. Mas a simplicidade, para muita gente, tem um lado muito chato: É simples demais, transparente demais! Por isso os que são contra a simplicidade, acham ser um sagrado dever abandoná-lo e partir para anuviar a coisa. Desse modo, pensam eles, teremos no lugar da simplicidade portadora constante da alegria uma esbórnia trepidante provocada pela algaravia. É isso que interessa para algumas pessoas.

Pequenas Notas

A História, como é bela a História

Por Paulo Pires

Não sei se há maldade no discurso da Oposição em Conquista ou se realmente um petista “aloprado” disse em algum lugar que a História desta cidade começou em 1997. Ora, ora, em qualquer das opções diria que isso é absolutamente ridículo. Ou seja, se alguém do Partido dos Trabalhadores disse uma besteira como essa, merece umas reprimendas. Mas, ao contrário, se a Oposição estiver mencionando esse tipo de coisa para desestabilizar as boas relações do Governo Petista com a Sociedade Conquistense, objetivando um apartheid histórico-social, isso também, convenhamos, é recriminável.  Em outras palavras, ambos estariam errados. Nossa História vem de longe. Muito longe. Para escrevê-la contou com homens e mulheres valorosos. Ninguém seria tolo de chegar aqui para dizer grotescamente: Esta cidade é o que é hoje, porque meu grupo político se empenhou para esse desiderato. Todos  contribuíram para esse fim.

Pequenas Notas

Privatização – Descentralização

Por Paulo Pires

A Câmara de Vereadores de Conquista vota esta semana uma proposta administrativa do Governo Municipal para o Hospital Esaú Matos.  Diante de algumas postulações equivocadas, há quem diga tratar-se de decisão complexa tendo em vista alguns insistirem que a “privatização” do hospital causaria danos irreparáveis à municipalidade.

José Carlos Aleluia

Foto: Blog do Anderson

O Senhor José Carlos Aleluia (DEM-BA), candidato derrotado para o senado nas eleições de 2010, esteve ontem em Conquista e realizou uma série de encontros com lideranças locais. Tudo se deu num clima amistoso e cordial como deve ser nas democracias, até porque o ex-parlamentar é conhecedor de um belo acervo cultural de nossa Política. Ocorre que o ex-parlamentar em meio ao calor de suas observações resolveu criticar o ex-presidente Lula e ao Governador do Estado por causa das visitas que fizeram. Até aí tudo bem também. Entretanto, o senhor Aleluia de forma distraída (penso eu) disse que o município de Cachoeira de São Félix, por exemplo, não tem nada em termos de infraestrutura e, em que pese sua História, vive até hoje problemas cruciais. Mais uma vez penso que ele se distraiu e se esqueceu que o grupo político a que pertence dirigiu, administrou a Bahia por quase 50 anos. Senhor Aleluia: É por esse tipo de crítica que seu Partido fica sempre em situação difícil para entusiasmar eleitores. Essas e outras fazem com que os democratas entrem em “saias justas” ou se tornem vítimas de “camisas de sete varas”. Eleitores atentos e independentes percebem isso com naturalidade. Somos o Estado com maior número de pobres do Brasil. Triste Bahia, disse dom Gregório de Matos!

(Paulo Pires)

Pequenas Notas

Elomar e Guimarães Rosa: Desindoidecer, desindoidar

Por Paulo Pires

João Guimarães Rosa, assim como o grande poeta-místico-pensador-compositor Elomar, era um sujeito autêntico. Ambos são brasileiros legítimos e se assemelham em muitos aspectos. A parecença deles começa pelo lado estético [Rosa e Elomar são inventores de linguagens inusitadas em seus campos de criação]. Outro aspecto revela zelo e meticulosidade quando se expressam. Um terceiro aspecto, quase conseqüência do anterior, decorre de uma razão simples: Sendo homens muito criativos, são detentores de uma autocrítica impiedosa sobre o que produzem.

Pequenas Notas

Caetano Veloso, Cesária Évora e nossa música longe

Por Paulo Pires

Ouço agora pela Sky uma canção do final dos anos 1960, autoria de Alcivando Luz e Carlos Coqueijo que tem como título: É preciso perdoar. O tema é linear, com variações harmônicas quase imperceptíveis. Todavia, há na canção uma beleza grandiosa porque, simples como foi construída, pode-se sentir o casamento perfeito da música com a letra, numa combinação inseparável do corpo com o espírito. Meus amigos Antônio Roberto e Clovis Bittencourt (este último vivendo muito tempo em salvador até concluir seu curso de Medicina), conhecem por demais a obra, até porque em 1973 João Gilberto a gravou na perspectiva do seu inconfundível estilo. 

Final Feliz do Forró da Serra do Periperí

Foto: Blog do Anderson

Por Paulo Pires

Sobre o excelente Forró do Periperí, realizado pela Secretaria de Cultura, Turismo e Lazer, ainda vale acrescentar que além do emprenho dessa Secretaria como um todo (Gildelson Felício à frente) houve um incrível empenho de todos os servidores a ela pertencentes, os quais deram de tudo para que o São João de Conquista fosse festejado e elogiado por todas as pessoas de dentro e de fora da Cidade.   O Blog de Anderson acompanhou par e passo as rotinas e ações dos servidores e também vem prestar justa homenagem a quem tanto se empenhou para que os conquistenses e os visitantes ficassem embevecidos com a qualidade das nossas festas Juninas.

17 anos de Plano Real

Por Paulo Pires

Há exatos 17 anos o Presidente da República Itamar Franco, o Ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, o Chefe da Casa Civil Murilo de Avellar Hingel e o Ministro da Justiça Alexandre de Paula Dupeyrat Martins, assinavam a Medida Provisória 542/94, instituindo o mais famoso e bem elaborado de todos os Planos feitos para a Economia Brasileira: O PLANO REAL. A partir daquele momento, 10 anos depois de destituído o Regime Militar, o País ganhava um Instrumento que realmente iria funcionar como o fio de Ariadne, para que saíssemos do suplício da inflação e nos encaminhássemos para os caminhos econômicos da consagração. O Plano concebido sem pecado, contou com a inteligência de Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco [o antipático], Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. Sua elaboração obedeceu a uma lógica super simples: Ao invés de se tentar bestuntamente controlar todos os preços, Pérsio, homem de grande inteligência, disse para os seus companheiros: Vamos controloar só um e fim de papo. Os companheiros, entre perplexos e irônicos perguntaram: E que preço é esse? Pérsio, com seu agradável estilo tibetano respondeu: “O do câmbio. O resto é conversão e tamos conversados”. Todos se calaram e não deu outra. Assim foi feito e assim deu certo. Abaixo foto histórica envolvendo os Pais Políticos do Plano (Itamar Franco e Rubens Ricúpero):

Pequenas Notas

Oposição com razão

Por Paulo Pires 

Na pretensa fusão envolvendo o Grupo Pão de Açúcar com os franceses do Carrefour, devemos reconhecer que pela primeira vez nos últimos anos a Oposição brasileira está com razão. Ufa, até que enfim! Quem está encabeçando a corrente dos indignados é um experiente senador do PSDB do Paraná. Sim, o injuriado parlamentar Álvaro Dias é quem está à frente “da bronca” correndo pelos quatro cantos de Brasília, rangendo e fazendo barulho igual rodeira de carro de boi. Quero dizer, rodeira dos velhos carros de boi. Em minha visão, o senador está certo. Por isso dou razão ao vê-lo blasfemando contra o Governo e o BNDES  neste episódio.  Também acho que Banco está se desviando de suas finalidades Institucionais.  

Pequenas Notas

Homens que mudaram cidades

Por Paulo Pires 

Quase concluídos os festejos juninos, passo a reproduzir opiniões de diversas pessoas as quais me levaram a uma saudável conclusão: A Prefeitura acertou no modelo multiespacial para realização da festa. Tivemos forró na Praça Nove de Novembro, na Barão do Rio Branco e, de quebra, um mini Arraiá na Tancredo Neves. Sobre este último espaço já me pronunciei enaltecendo o belo e agradável trabalho da arquiteta Lara Gusmão. Lamentei apenas ser o espaço pequeno demais para que pudesse concentrar mais gente (embora as pessoas tenham adorado) e nem tenham notado certa desarmonia da parte baixa com a alta. Tudo bem…

Pequenas Notas

Caro xará:

Por Paulo Pires

Enganado [está o amigo] e enganando quem está é o Sr. Ricardo Fiúza.  Quem acredita nesse cidadão? Um jornalista que parece comprometido até a medula com o pessoal da PUC-RJ para dar moral ao antipaticíssimo Gustavo Franco.  Ele deveria dizer que a gestão do Sr. Gustavo Franco – conforme afirmou o ex-ministro Delfim Neto – à frente do Banco Central deu um prejuízo ao Brasil de “apenas” 140 bilhões de dólares por causa daquela política de câmbio fixo em que tanto insistiu. Hoje o Sr. Franco deveria responder processo por incúria (junto com seu amigo Armínio Fraga que – dizem – era o operador no Brasil do senhor George Soros). Não podemos deixar de dizer que foi naquele tempo que o megainvestidor americano mais ganhou dinheiro, à custa do nosso País. 

Academia do Papo

Maconha para todos

Por Paulo Pires

Na década de 1970, tive um professor de Direito que dizia: “Quando você ouvir alguém dizendo que tem um amigo que fez tal coisa – pode crer – o amigo a quem ele se refere é ele mesmo!”. Contrariando essa tese, peço a todos para não pensar igual ao meu velho mestre e considerem, pelo amor que tem aos seus filhinhos, que alguns trechos da narrativa a seguir não tem nada a ver comigo.  É o seguinte: Com a campanha pública, ostensivamente declarada e corajosamente defendida por grandes republicanos a favor da liberalização da maconha [Fernando Henrique entre eles] todos os maconheiros do Brasil estão exultantes: “Obá, até que enfim chegou nossa vez!”.

Pequenas Notas

  Dilma, Fernando Henrique e Lula

 Por Paulo Pires

Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, nesta semana de calmaria e frio, movida pela paz de espírito, generosidade e reconhecimento que deveriam estar presentes á vida de todas as pessoas, remeteu uma carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviando congratulações pela passagem dos seus oitenta anos. Na missiva Dilma disse, entre outras coisas, que o simpático FHC era “O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”.

Pequenas Notas

 Tudo acaba bem quando começa bem

Por Paulo Pires 

O vídeo com pronunciamento da professora Amanda Gurgel do Rio Grande do Norte exibido pelo You Tube está dando o que falar. Não podia ser diferente. A sinceridade, a eloqüência, os dados reais, as imagens verdadeiras e as cenas descritas pela pedagoga provocam impressões fortíssimas em quem o assiste.  É pungente e verdadeiro. Não diria verdadeiro demais porque a verdade nunca excede. Somos uma Nação jovem com um povo jovem e um grande defeito: A maioria das nossas estruturas ainda não está preparada para atender a um mundo complexo que requer e exige dignidade, agilidade, compromisso e menos veleidades. Percebemos isso quando terminamos de assistir a fala da professora.  Chegamos a uma óbvia constatação: Nossos erros ainda estão muito presentes, nossas falhas são muito gritantes e os defeitos de nosso passado parecem nos perseguir como espectros da maldição de começar mal aquilo que deveria ter sido feito buscando o bem (tendo a perfeição como meta).

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A derrota da máscara (2)

Por Paulo Pires

David Nasser, o fecundo jornalista da revista O Cruzeiro, foi contratado pelo endiabrado Assis Chateaubriand por intermédio de uma rapidíssima entrevista. Doutor Assis, como gostava de ser chamado, depois de fazer perguntas sobre jornalismo, pediu-lhe que mostrasse seu talento fazendo ali “na perna” uma crônica sobre Deus. Nasser, que também parecia ter pacto com outras entidades, olhou firme para o futuro patrão e perguntou: “A favor ou contra?”.  O dono das Associadas, surpreso pela audácia do moço, disse, bem ao seu estilo: “Tá contratado!”. Isso mesmo. Nasser nem precisou escrever o texto; sua resposta já dava a entender como ele se comportaria na função de jornalista. O homem escrevia sobre os mais variados assuntos e tão importante quanto isso, o fazia em belo estilo.  O Brasil que lia a revista ao abrir O Cruzeiro procurava a crônica de Nasser e se espantava com o inusitado de suas colocações. Ao longo da vida e apesar do bom estilo, Nasser colheu grandes amizades e também muitos desafetos. A vida é assim mesmo. Ninguém pode agradar a gregos e troianos. Ou, como disse o Padre Vieira: “Ninguém pode agradar a dois senhores ao mesmo tempo”.