“Quando eu deitei, ele me examinou, ele fez o toque, com os dedos. Foi quando ele disse que de fato tinha características de um aborto espontâneo. Nesse momento, ele tirou as luvas, jogou no lixo, e começou a massagear os meus seios”. O depoimento é de uma das mulheres que acusam um médico ginecologista de abusos em Vitória da Conquista, Sudoeste da Bahia, e relata ter sido vítima do médico ao procurar emergência após ter sofrido um aborto espontâneo. Mais de 20 mulheres relataram à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ter sido vítimas do médico Orcione Júnior durante consultas.
Nove delas, até esta quinta-feira (16), também já procuraram a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) para prestar depoimento sobre os casos. A mulher que diz ter sido abusada após sofrer o aborto não quis se identificar. Ela foi uma das que levaram o caso ao conhecimento da Polícia Civil e afirma que ficou traumatizada após o ocorrido. “Naquele momento eu já sabia que aquilo não era procedimento de uma pessoa que tava ali por outros motivos, não tinha por que tocar nos seios. E aí ele, ele começou a acariciar meu corpo todo”, relatou, bastante emocionada.
A mulher disse que já tinha ido uma vez no médico e que, na ocasião, foi assediada por ele. Afirma que ficou em choque e que só voltou uma segunda vez no mesmo profissional por conta da situação emergencial. Outra mulher que denunciou o médico à Polícia Civil informou, também sob anonimato, que era a primeira vez que tinha ido em um ginecologista e que ficou confusa inicialmente com as atitudes do médico. As mulheres contam que não tiveram coragem de denunciar na época dos crimes por medo e vergonha.
Mas, quando as denúncias surgiram na internet, elas afirmam que se sentiram encorajadas. As denúncias começaram a surgir na última sexta-feira (10), depois que um perfil foi criado no Instagram por uma pessoa, que não se identificou, que relatou um caso de abuso por parte do médico Orcione Júnior, que atende nas redes pública e privada da cidade. depois desse primeiro relato, várias outras vítimas denunciaram ter passado pela mesma situação. Os crimes teriam ocorrido no consultório do médico, entre 2018 e 2019. Confira a reportagem do G1.