Depois de uma parada, causadas pelos afazeres de final de Semestre, na Fainor, essas coisas de prova (de Unidade e Final), arrumar cadernetas etc., volto com mais um caso.
Por Paulo Ludovico
Não gosto muito de viajar. Acho que tenho traumas dos tempos em que era tachado de gordo. Um amigo meu quando me ouve falar isso, vai logo dizendo: “tachado não, tu era gordo mesmo. Com 197 quilos, o que você queria?”. Aliás, gordo, não, eu era obeso. E o que é pior. Depois de certo tempo, juntaram outra palavra a essa que já é feia e marcante, mórbido. Ou seja, passei a ser um OBESO MÓRBIDO. Era só uma pessoa me encarar um pouco mais demoradamente e eu já lia em seus lábios, ainda que silenciosos: O-BEEE-SO (demorava bem no “BE”, só prá irritar) MÓR-BIIII-DO (o mesmo no “BI”). E você não pode, nem de longe, demonstrar sua irritação, caso contrário torna-se apelido e morre com você, ninguém mais tira. Tenho dois conhecidos. Um de olheiras enormes e abertas que lhe causaram o apelido de “Lebre”. O outro, que tinha (e tem) o narigão (daqueles que teriam de pagar impostos por absorver mais oxigênio que todo mundo), recebeu, oportunamente, o apelido era “Pinóquio. Os dois se irritavam por causa do apelido. Não deu outra, até hoje, os infelizes são conhecidos pelo apelido de juventude, Lebre e Pinóquio. Até a mãe de um deles, a de Lebre, chama o filho pelo apelido. Nesses casos, o ideal é disfarçar, fazer de conta que é com outra pessoa. Mas o que tem isso com viagem? É que, para o gordo (o gordão) viajar de ônibus é um suplício. Olhar para a cara de decepção (pra não dizer de desespero) de quem se senta na poltrona vizinha à que você vai se sentar, seria hilário, se não fosse trágico. A solução é comprar duas cadeiras. Já de avião, o problema são aquelas cadeiras estreitíssimas. Para o obeso, é outro “deus nos acuda”. O jeito, pra mim naqueles tempos, era viajar de carro. Gosto de dirigir, mas hoje, a intensa movimentação nas estradas, o que antes era um prazer passou a ser um pesadelo, além de toda a insegurança. Agora, bem mais magro (80 quilos a menos), não tenho problemas com acomodações (seja em avião ou ônibus), mas ficou o trauma. O certo é que não gosto de viajar. No máximo, a Salvador, num vôo de menos de uma hora.