Domingo, dia de campanha em Piragiba, zona rural de Muquém de São Francisco, cidadezinha de pouco mais de 10 mil habitantes encravada nas planícies empoeiradas do Oeste baiano. É fim de manhã quando chega um ônibus escolar financiado pelo governo federal unicamente para transporte de alunos da rede pública. Mas, longe dos olhos da lei, Muquém vive um faroeste das urnas, em que vale tudo para comandar a prefeitura pelos próximos quatro anos. Mesmo que seja usar em eventos eleitorais veículos exclusivos para estudantes.
O episódio, registrado em 3 de março por um cinegrafista amador na caminhada do candidato Evandro dos Santos Guimarães, o Vandim da Farmácia (PT), compõe o balaio de ilegalidades que caracterizam o processo eleitoral de Muquém. No município onde a riqueza dos barões do agronegócio contrasta com a dureza da vida de pequenos agricultores em seca, o CORREIO viu, ouviu e flagrou cenas e depoimentos que revelam compra de votos, abuso de poder econômico e uso da máquina pública para favorecer um grupo político.