Jorge Maia
Eu era menino, e não faz muito tempo, saindo da infância e entrando na adolescência, morando na cidade, mas em casa com quintal. Sempre tive quintais, um canto da casa que hoje é desconhecido pelos mais jovens e urbanos. Naquela época meu quintal tinha abacateiro, cana caiana, em linguagem coloquial, adorável, pé de laranja e pé de pêssego. Havia galinhas poedeiras e em algumas oportunidades era tirada uma ninhada. Era um encanto. Das frutas, o pêssego era a que eu mais gostava. O pêssego tem um encanto especial. Sua polpa macia e seu doce sabor servia de merenda, pois era acompanhada da aventura de subir na fruteira para colher, ou mais perigoso ainda; subir no muro do vizinho para pegar os pêssegos nas galhas que pendiam para o nosso muro. Muitas vezes eu ouvia: saia dai menino, você vai cair, era meu pai, ou era a voz do vizinho que dizia a mesma coisa e nestas ocasiões eu descia desembalado do muro, quase caindo e quebrando a perna ou o braço.