Luís Carlos Fernandes | Taberna da História
A “Laticínio Vitória da Conquista S/A” (Lavisa) surgiu da iniciativa de José Oliveira Lima, gerente do Banco do Brasil, conhecido simplesmente como “Seu Lima”, que dizia que já havia financiado o café de Conquista e que agora era a vez do leite. E a ideia foi patrocinar o surgimento da Lavisa da seguinte forma: o cliente do Banco do Brasil que pretendia fazer um financiamento ele aconselhava a tomar mais 10% do valor do empréstimo para constituir o capital de ingresso da Lavisa. Assim, quase 400 clientes se tornaram associados da Lavisa (associados porque a empresa, apesar de ser uma Sociedade Anônima tinha espírito cooperativista). Constituíram, então, a primeira diretoria administrativa, composta pelos seguintes investidores: Fernando Dantas Alves, Pedro Bittencourt Ferraz, Haroldo Gusmão e Orlando da Silva Leite. Esta diretoria adquiriu, no Distrito Industrial dos Imborés, uma grande área para a construção do prédio e instalação dos equipamentos; faltava apenas o acabamento e a instalação.
Como “Seu Lima” não tinha como conseguir novos investidores, a Lavisa ficou estagnada cerca de cinco anos, por falta de novos capitais. Foi convocada, então, uma Assembleia Geral Extraordinária, onde os diretores informaram que, para viabilizar a conclusão e funcionamento da Lavisa era necessário que se entregasse a um grupo, a fim de investir novos recursos e colocar a empresa para funcionar. E esse grupo foi formado com a seguinte diretoria administrativa: Hélio Ribeiro Santos (diretor-presidente), Altamirando Gusmão Cunha (diretor vice-presidente e o maior de todos os investidores), José Silvio Bulhões (diretor industrial) e Pedro Bittencourt Ferraz (diretor comercial). Aí houve a inauguração no dia 21 de setembro de 1978, com solenidade religiosa oficiada pelo Bispo Diocesano Dom Climério Andrade. Ospró-labores desses quatro diretores, no início, eram simbólicos, representando hoje cerca de dois salários mínimos. Tal era o desprendimento da diretoria em prol do sucesso da Lavisa.
A empresa dispunha de moderna aparelhagem para o beneficiamento do leite, fabricação de queijos, manteiga e outros derivados do leite. Contava com 31 funcionários e 400 acionistas. Apesar disso, encontrava grandes dificuldades, como a concorrência dos próprios acionistas que eram produtores de gado leiteiro e que forneciam leite in natura às residências de Conquista. Em função disso chegou a ficar com 20 toneladas de queijo tipo prato estocadas, provocando, durante os primeiros seis meses de funcionamento, problemas de caixa na empresa, até que o diretor Hélio Ribeiro visitou o Supermercado Paes Mendonça em Salvador e conseguiu vender todo aquele estoque.
Em 1979 a população começou a optar pelo leite pasteurizado e comprar cada vez mais o “leite em saco” da Lavisa. Assim a empresa conheceu um período de relativo sucesso, adquirindo novos equipamentos, veículos e pavimentando a área externa da fábrica. Passou também a vender leite resfriado para a Alimba. O diretor da Alimba, Willy Otto Jordan, em visita à Lavisa em Conquista, ficou impressionado com o que viu e fez uma proposta de compra da empresa. Para preservar o interesse da maioria, a própria diretoria adquiriu em torno de 70% do capital da empresa, pois todos os associados foram informados que o valor das suas ações seria corrigido pela inflação e aplicado sobre ele um ganho de 100%. A grande maioria vendeu e no dia 31 de outubro de 1985 a Alimba adquiriu o controle acionário da Lavisa até a mesma ser comprada pela Parmalat e fechada.