Jeremias Macário
Vi uma senhora de idade na fila do SUS, tentando marcar uma consulta médica, clamar para o repórter que não tinha nenhum orgulho de ser brasileira. Dentro do hospital público, que mais parecia campo de concentração em tempos de guerra, vi um jovem numa maca do corredor da unidade dizer que aquilo ali não era um hospital, mas o inferno. Foi operado de apendicite “por engano” e estava há quatro dias sem se alimentar direito e sem receber uma visita do médico.
Vi na fila do recadastramento do bolsa família vários idosos e mulheres aflitas com crianças nos braços em desesperados choros incontidos, com medo de perderem o auxílio que os mantêm ainda na pobreza do vale dos desvalidos, ou dos esquecidos. Vi aposentados catando o minguado “benefício previdenciário” do mês para comprar um remédio na farmácia. Do outro lado, vi o lucro astronômico do sistema financeiro dando gargalhadas em suas confortáveis poltronas.