Vale dos desvalidos

Jeremias Macário

Jeremias Macário

Vi uma senhora de idade na fila do SUS, tentando marcar uma consulta médica, clamar para o repórter que não tinha nenhum orgulho de ser brasileira. Dentro do hospital público, que mais parecia campo de concentração em tempos de guerra, vi um jovem numa maca do corredor da unidade dizer que aquilo ali não era um hospital, mas o inferno. Foi operado de apendicite “por engano” e estava há quatro dias sem se alimentar direito e sem receber uma visita do médico.

Vi na fila do recadastramento do bolsa família vários idosos e mulheres aflitas com crianças nos braços em desesperados choros incontidos, com medo de perderem o auxílio que os mantêm ainda na pobreza do vale dos desvalidos, ou dos esquecidos. Vi aposentados catando o minguado “benefício previdenciário” do mês para comprar um remédio na farmácia. Do outro lado, vi o lucro astronômico do sistema financeiro dando gargalhadas em suas confortáveis poltronas.

Essa é a cara do nosso país!

Jeremias MacárioJeremias Macário

Tem um provérbio chinês que diz: “Enquanto se briga por um quarto de porco, perde-se um rebanho de carneiros”. A discussão em torno da condenação e da prisão dos mensaleiros nos fez clarear como as leis não são iguais para todos, embora a Justiça se esforce para nos dizer o contrário. Todos nós sabemos que as penitenciárias no Brasil estão cheias de presos com doenças graves, como cardiopatias, AIDS, tuberculose, diabetes e acabam morrendo à míngua sem tratamento justo, adequado e humano. Quem importa com isso! Qual condenado no regime semiaberto neste país consegue um emprego tão rápido, com tão alto salário?

Conquista: “Conquista Urgente” vai cobrar demandas, dentre elas segurança pública

Fotos: Blog do Anderson
Fotos: Blog do Anderson

Um grupo de empresários esteve reunido na noite desta segunda-feira (25), discutindo uma série de demandas para Vitória da Conquista, tendo como foco principal a falta de investimentos na segurança pública, motivo este que tem deixado a maioria da população em pânico.

DSC_0238-001

Pelo auditório da Fundação Getúlio Vargas passaram os empresários Daniel Soares (Silva Calçados), José Maria Caires (Maxtour/Nobel), Ronaldo Bulhões (Zab), Onildo Oliveira (Labo), Geraldo Meira (Hotel Ibis/Drogaria Bahia) o jornalista Jeremias Macário, o artista plástico Edmilson Santana, o radialista Humberto Pinheiro, além da diretoria do Blog do Anderson. Dentro de alguns dias o movimento nomeado “Conquista Urgente”, retorna a se reunir e deverá oficializar uma série de demandas que serão cobradas juntamente aos setores responsáveis.

Na base do tranco

Jeremias MacárioJeremias Macário

Sabe como é aquele carro de muitos anos de uso, maltratado, chaparia enferrujada e cheio de problemas no motor, que só pega na base do tranco? O dono sempre deixa o veículo num declive para quando sair pegar no tombo. Sempre está pedindo a galera para dar um empurrão. Dessa vez vai, acredita o proprietário. Qual nada, lá na frente torna a parar no meio da rua. O cara gasta o que não tem na troca de válvulas e peças, mas não adianta. Só mesmo um novo resolve. Pois é, já tive um desse e era aquela dor de cabeça! Toma vergonha na cara e compra um carro conservado! É o que sempre recomendam os amigos. O pior é que, para “economizar”, o dono sempre está colocando peças não confiáveis, indicadas por terceiros e fazendo serviços em oficinas suspeitas. Assim é o nosso Brasil, meus caros! Está sempre pegando na base do tranco. Quando se imagina que tudo vai mudar, é só uma questão de tempo para começar tudo de novo. O cidadão se enche de dívidas até a tampa e ainda tem o seu bem desvalorizado, dificultando a aquisição de um novo.

Democracia ou impunidade?

Jeremias MacárioJeremias Macário

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, fez um belo discurso do julgamento do mensalão, em defesa do recurso infringente (que nome repugnante!), baseado na jurisprudência do regimento interno da magna casa. No seu voto de duas horas, elogiou ainda a nossa incipiente democracia por propiciar ao réu esse leque de recursos em sua defesa.  Do ponto de vista técnico e jurídico dá até para entender o argumento do ministro, mas na minha modesta leitura como jornalista, não engulo tudo isso. Indagaria se essa infinidade de recursos que temos valoriza mesmo nossa democracia, ou conta pontos para a impunidade? Na minha concepção, ficou bem cristalino que a lei não é igual para todos.  Aos mais fortes e poderosos existe um sem fim de brechas para se livrarem dos processos. Aos mais fracos só resta a prisão medieval na primeira instância. Outro aspecto que ficou claro é que as leis foram justamente elaboradas para cumprir esta finalidade, que é, no último caso, a engorda da impunidade.

Direita e esquerda

Jeremias MacárioJeremias Macário

O problema do Brasil não pode ser resumido apenas à redução da tarifa de ônibus e ao passe livre, como vem acontecendo depois das manifestações de junho. Temos questões mais crônicas e críticas que precisam ser resolvidas com maior urgência, como na área da saúde que vive há anos em estado terminal, com centenas e milhares de perdas humanas diariamente por falta de estrutura e atendimento médico nos hospitais e postos. No Brasil temos uma salada indigesta de direita e esquerda que desembocam no corporativismo. Cada categoria procura defender sua parte no quinhão. O que mais predomina é a cultura elitista e burguesa, em detrimento do coletivo e do bem-estar de todos.

Temos direita com posições de esquerda, e esquerda com comportamentos de direita. A maioria só pensa mesmo em montar a sua plataforma para o futuro. O que adianta o cidadão ganhar uma ração, se não tem um tratamento digno de saúde e uma educação eficiente que possa crescer e se tornar independente?

Não se fala mais no menino

Jeremias Macário

Jeremas Macário

O caso do menino Maicon que foi vítima de uma bala perdida numa ação desastrada da polícia militar, num bairro da periferia de Vitória da Conquista, logo mais estará completando um ano, sem o devido esclarecimento. Os pais não tiveram nem o direito de enterrar seu filho, dignamente.

No Dia dos Pais, no último domingo, Maicon não estava lá para comemorar a data. O tempo foi passando e ninguém tocou mais no assunto, principalmente a mídia, no sentido de cobrar uma satisfação. A sociedade calou-se, assinando embaixo mais um ato de injustiça e atestado de que a lei não é mesmo igual para todos.

Oh quanta lambança!

Jeremias MacárioJeremias Macário

Que país é esse que se habilita a sediar uma Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas só nos faz passar vergonha? Como podemos ter autoestima e orgulho, se nossa imagem lá fora é alvo de chacotas e de atraso? Oh quantas atrapalhadas na visita do papa! Oh quanta lambança, Senhor Deus!

O assunto pode não ter mais interesse, mas é bom relembrar alguns fatos. Logo na chegada ao Brasil, no Rio de Janeiro, engarrafaram o papa no trânsito. Embora o sumo pontífice, com sua simplicidade, tenha dito que não sentiu medo, poderia ser vítima de um tumulto natural de pessoas querendo tocá-lo e desejosos de estar mais próximo da figura máxima da Igreja Católica.

Uma festa de arromba

Jeremias Macário

Jeremias Macário

Quis sempre cobrir uma festa de arromba, mas sempre fui eliminado da lista como persona non grata, como aqueles barrados no baile, que ficam na entrada da portaria acompanhando o movimento de fora. Teve uma festa de arromba na Ilha do Governador, se não me engano lá pelos anos 60, que deu muito que falar e até hoje é comentada.  Vez por outra, a festa, programada por reis, rainhas, duques, condes, marqueses, barões, tribunos, lordes, chefes e membros da nobreza, é contestada bravamente com manifestações de todo tipo, desde as pacíficas com palavras de ordem às mais agressivas com quebra-quebra, pichações e depredações. Dessa vez, os movimentos resolveram acompanhar os convidados em todos os lugares, fazendo barulhos e protestando contra a esbórnia que chegou a um nível intolerável de orgias.

Mais um embuste

Jeremias Macário

Jeremias Macário

Ninguém consegue enganar as pessoas por todo tempo. A União Nacional dos Estudantes (a UNE), os partidos políticos, (agrupamentos de interesses escusos), as centrais sindicais e as instituições em geral não representam mais o povo, e isto ficou evidenciado nas últimas manifestações. Esse plebiscito sobre a reforma política, que agora vai se transformar num referendo, depois dos conchavos entre eles mesmos no Congresso, não passa de mais um embuste. Traição e trapaças têm limites.

Ouvidos moucos

jeremias macário

Jeremias Macário

Há anos venho comentando que toda paciência, por mais que a pessoa seja cordeira, tem limites e um dia se esgota de tantos deboches. Não estava mais aqui disposto a falar dessa política nojenta e desavergonhada, que tem ouvidos moucos. Apesar de toda essa barulheira nas ruas, os poderosos (o executivo, o legislativo e o judiciário) continuam “surdos”, fazendo de conta que nada estão entendendo desse clamor desesperado do povo.

Mesmo sem lideranças programáticas e renegando as instituições políticas partidárias, que há anos falam de costas para a população, subestimando a nossa inteligência, o recado direto é pela moralidade e o fim dessa máfia que se tornou um monstro, deixando um rastro de destruição no país, bem pior que os quebra-quebras dos “vândalos”, “baderneiros” e “arruaceiros”, assim chamados pela nossa mídia manipuladora que maquia a verdade.

Tombamento dos carros-pipa

Jeremias Macário

Rasguei por muito tempo o sertão baiano para fazer coberturas jornalísticas sobre a seca que sempre foi o flagelo do homem do campo, especialmente do semiárido. Os carros-pipa sempre fizeram parte desse cenário desolador, e cabia uma foto de destaque na matéria.  O pior de tudo é que depois de muitos anos ainda se fala nesses carros como meio de transporte de água para angariar votos, isto é, o uso político dos novos coronéis de conversa afiada e bem engomados. Fica aqui a minha sugestão de um projeto de tombamento cultural dos carros-pipa, a ser aprovado no Congresso pelos parlamentares.

“Ministéro da indukassão”

 Jeremias Macário

Cuma tava dizeno, cumpade Mané, nós tá ficano cada vez mais burro e idiota. Os menino increve nos exame tudo errado, cuma já faz nas rede sociá, e o tá Ministero da Indukassão aprova. Agora o errado é o certo, cuma na idologia política onde tudo é permitido, menos a ética. Cala-te boca, cumpade Quelé, oi que arquem nos ouve e nos condena à prisã perpeta. Pois é gente, ganhou nota mil quem escreveu “rasoável”, “enchergar” e “trousse” nas redações do Enem 2012 (Exame Nacional de Ensino Médio).

  O Ministério da Educação (pode ser Mistério da Educação) alegou que eventuais erros de grafia não significam que o aluno não domine os padrões da língua. “Mesmo com falhas, uma redação pode ter pontuação máxima”.

O Papo do Papa

Jeremias Macário 

Sua aparição na sacada de seus aposentos na praça do Vaticano já foi motivo suficiente de regozijo para todos, principalmente os católicos. Seu primeiro papo em público de que seus colegas foram buscar um papa lá no fim do mundo, ao desejar uma boa noite e repouso para todos, foi o bastante para a mídia qualificá-lo de carismático, simples e humilde. Um sorriso leve e seus primeiros passos foram exaltados com louvor. Toda sua vida, como aconteceu nas eleições dos seus antecessores, foi levantada pelos veículos de comunicação desde os tempos de criança, mas pouco se aprofundou sobre transparência, dogmas, doutrinas e linhas disciplinares da Igreja diante das demandas dos novos tempos.

Da nota ao Papa

Jeremias Macário

Quem importa! Como já dizia o poeta, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Infelizmente, poucos sabem fazer a hora antes do acontecer. Por aqui, seguimos o roteiro imposto pelo sistema como se nada estivesse acontecendo, como no caso do menino Maicon que há três meses desapareceu numa abordagem policial, em Vitória da Conquista. O assunto do momento é o papa que, pelo que tudo indica, será mais um conservador, longe da renovação e da transparência fiel da Igreja. Engraçado é que, com tudo isso, surgiu agora na mídia o termo conservador moderado, podendo, nesse caso, ser também de direita e de esquerda. Ou se é conservador, ou não é.

Mostra sua cara

Jeremias Macário

Nem ao menos saímos de uma campanha eleitoral municipal, já estamos com outra nas ruas e praças, agora a presidencial, embora a economia do país dê sinais de cambaleio com seu “pibinho”, por falta de um plano estratégico rumo ao seu crescimento. Como num final de carnaval, os blocos já começaram a vender seus abadás, com a cara da Copa do Mundo de 2014.  Na Bahia, os candidatos a governador pelo PT já estão a postos em suas campanhas, mas o Partido Socialista Brasileiro (PSB), do saudoso Otávio Mangabeira, e um dos aliados mais tradicionais, ainda não mostrou sua cara. Como sempre, fica calado, como recentemente comentou num jornal da capital o escritor Antônio Risério.

Cada um faz o que quer

Por Jeremias Macário

Não sei se falo da blogueira cubana Yoani Sánchez que teve sucesso monumental na sua passagem pelo Brasil, graças ao grupo de esquerdas festivos da “democracia” de uma única via; se dos torcedores do Corinthians; se dos estádios de futebol que surgem como cogumelos, em maior quantidade que nos tempos da ditadura de Médici; se da médica suspeita de abreviar a morte de pacientes de uma UTI; ou do menino Maicon que desapareceu numa operação policial em Vitória da Conquista. Êta Brasil nosso de cada dia que rende tanta matéria-prima para o jornalismo! Os assuntos aparecem em montes, cada um maior que outro. Coisas cabeludas, de arrepiar lobisomens! Já imaginaram que estamos vivendo no país a dura realidade do pensamento hegemônico, do partido único?

Uma face desfigurada

Por Jeremias Macário

O tratamento dado ao caso do menino Maicon que há três meses desapareceu numa operação policial desastrada numa periferia de Vitória da Conquista é um acinte. Somente agora foi feita uma reconstituição do episódio e nada foi revelado sobre o resultado do exame de DNA, realizado num resto de sangue encontrado no chão. Como sempre dizem, tudo está sendo feito em segredo para não atrapalhar as investigações.  O que tudo isso tem a ver com o título acima que tento falar sobre a renúncia do papa Bento XVI, que surpreendeu o mundo com seu desabafo, de que as intrigas e as divisões no alto clero desfiguram a face da Igreja Católica? Nossa sociedade também está desfigurada diante de tanta hipocrisia, corporativismo e acomodação, em face dos desmandos politiqueiros.

Queria saber

Por Jeremias Macário

Depois dessa “muvuca” toda do carnaval baiano das elites e da concentração de renda, mesmo de fora, a gente fica um tanto desorientado. Aqui comigo, queria mesmo saber da conclusão final das investigações do desaparecimento do menino Maicon, em Vitória da Conquista, depois de uma malsucedida operação da polícia militar num bairro da periferia.   Três meses estão se completando e nenhuma satisfação concreta foi dada para a sociedade, se bem que ela também não se mobiliza neste sentido. Os pais e familiares sofrem e ainda têm esperança e fé de reencontrá-lo. Melhor mesmo que eles caíssem na real. Fosse filho de um rico poderoso, o caso já teria sido desvendado.

Os pestilentos

Por Jeremias Macário

Somos mesmos uns bananas! Aliás, o Renan, de “r” de rato, eleito para presidir o Senado, e o Henrique Alves, da Câmara, devem estar nos mandando umas bananas. São os pestilentos sanguessugas que agora se juntam para expurgar o Judiciário. Não sabem eles, do PMDB, que estão abrindo caminho para sacramentar o PT como o partido acima de todos os poderes, como aconteceu no franquismo e no nazismo. A presidente Dilma passou incólume nas eleições secretas do Congresso. Não era conveniente meter a mão na cumbuca. Mandou seus bajuladores e fez apenas a negociação em surdina, para não arranhar sua imagem. Os súditos engoliram tudo direitinho.