Caldeirada à brasileira

Jeremias Macário

Antes de mexer na Caldeirada à Brasileira, uma mistura de ingredientes indigestos para se comer, queria cobrar aqui, de público, o meu futuro que me prometeram há mais de 60 anos, quando eu ainda era um menino inocente, trabalhador braçal, ajudando meu pai na roça. Fugindo do nazismo, na Segunda Guerra Mundial, o escritor alemão Stefan Zweig, ficou tão fascinado com o nosso país que publicou, em 1942, o livro “Brasil, o País do Futuro”. Na semana passada, 70 anos depois, no Rio de Janeiro, com seu sotaque de inglês, a cantora Lady Gaga, soltou aquela “bela” frase que tantas vezes temos ouvido de visitantes do exterior: “Este é o País do Futuro”.

Mediocracia e Meritocracia

Por Jeremias Macário

Voltando à questão do, “Agora a Coisa Vai”, será mesmo? Dá para acreditar? Nos últimos tempos, as cotas no Brasil não se resumem às universidades. Elas também se disseminaram na política, quando se passou a distribuir cargos públicos, não se levando em conta o mérito das pessoas, mas com base nas suas ligações partidárias e nos agrupamentos, principalmente após as campanhas eleitorais.

A capacidade de exercer uma função importante, a propalada meritocracia, deixou de existir para dar lugar à mediocridade. Com isso, a mediocracia foi tomando conta do pedaço e vemos hoje gente, do primeiro a terceiro escalão dos governos, indicada aleatoriamente para chefias, exclusivamente para preencher a cota do partido aliado. Cada um tem direito ao seu lote. É assim que a coisa funciona.

Nossa Câmara de cada dia

Por Jeremias Macário

 

De acordo com informações colhidas, um vereador de Conquista ganha hoje R$8.970,00 mensais que, multiplicados por 15 parlamentares equivale a R$134.550,00. Por ano, incluindo o décimo terceiro, a verba com o salário dos vereadores chega a R$1.749.150,00, isto sem contar os benefícios a que têm direito o presidente e os membros da mesa diretora.os conquistenses têm ideia precisa de quanto o povo paga por mês por um vereador, ou qual o orçamento anual repassado pela Prefeitura Municipal para a Câmara. As entranhas da nossa Câmara de cada dia ainda são pouco conhecidas pelos cidadãos, apesar de estar bem próxima fisicamente. No Brasil, em geral, as câmaras de vereadores são o poder menos transparente e o mais vulnerável à corrupção. Quando indagados, muitos vereadores de Conquista evitam falar de salário, de verba de gabinete, despesas de custeio e orçamento. No site da Câmara não constam estes dados atualizados, embora a internet seja hoje a mídia que mais pode aproximar o povo do seu legislativo e de outros órgãos públicos. Por que não revelar, de forma simples e detalhada, todos os custos mensais?

Um chocho centenário

Por Jeremias Macário

Li dia desses a reclamação de um colunista de jornal de grande circulação de que estava sem assunto para escrever. Achei muito estranha a sua preocupação. Ora, o que mais temos neste país são assuntos os mais diversos, que vivem a atropelar uns aos outros. Pena que são os mais escabrosos, escandalosos e desumanos.  Aqui mesmo em Vitória da Conquista temos vários temas para escolher, que dariam para passar um ano escrevendo e ainda sobrariam muitos. Mas, vamos nos deter no centenário de nascimento do jornalista, escritor, poeta e crítico literário Camilo de Jesus Lima (nascido em8 de setembro de 1912, em Caetité), que praticamente passou em branco e ficou desconhecido para a grande maioria da população. Um chocho centenário.

    A “homenagem” prestada no Centro de Cultura, que leva o seu nome, feita nos dias 4, 5 e 6 passados, ficou muito aquém do desejado. Pelo tamanho da sua obra literária e de suas ações, tendo projetado Conquista lá fora (foi premiado no Rio de Janeiro), merecia uma programação cultural à sua altura e do porte de uma cidade como Conquista, a terceira maior da Bahia.

Falso padrão

Por Jeremias Macário

Quando as eleições se aproximam, acreditamos que somos cidadãos respeitados, só porque temos um voto para depositar numa urna. Aí o voto é exaltado como expressão maior da cidadania. Só que durante todo tempo, somos enganados com falsas promessas de melhoras. Somos mesmo burros e otários, serviçais de um sistema arcaico e autocrático, que não muda porque só interessa a eles que vivem no topo dos privilégios políticos.  Vivemos numa falsa nação, e nos ensinam desde cedo a lição de que temos direitos, quando, na verdade, não escolhemos o que queremos. Decidem nosso destino e cobram deveres. Somos um povo marcado pela tradicional cultura subalterna, desde os tempos coloniais dos jesuítas, e assim vamos vivendo, fazendo de conta que fazemos parte do poder.

Uma Câmara mais pensante

Por Jeremias Macário

Sei que não sou uma voz que agrada a todos, mas sempre digo que Conquista precisa ser repensada e replanejada em todos os setores, de acordo com o porte de terceira maior cidade do estado. Incluo aqui a Câmara de Vereadores, que precisa ter um corpo legislativo mais pensante, com um nível de discussão que tenha como alvo projetos coletivos em melhoria de toda população, e não apenas de um reduto eleitoral. Nos tempos atuais de hoje, é primordial que o parlamentar seja honesto, trabalhador e não tenha desvios de conduta e de caráter, mas não adianta muito se ele não tivertambém capacidade e preparo para exercer sua função legislativa. Infelizmente, atravessamos um período de muito assistencialismo e populismo, mas escasso de pessoas capacitadas para o cargo em que atua.

Não estou falando tão somente de intelectualidade e formação escolar (é importante), pois seria o mesmo que arrotar preconceito. Não adianta tão somente ter a instrução de um mestre ou doutor, se não tiver um conjunto de requisitos e predicados, para propor um projeto ou defender uma causa.

Terreno que seria da APAE é ocupado por hotel

Por Jeremias Macário

Quem passa pela Av. Juracy Magalhães em direção ao Shopping Conquista Sul se depara, no lado direito, com uma imponente construção em fase de acabamento de um hotel de luxo do grupo Ibis, onde deveria estar alí as instalações da Apae – Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Vitória da Conquista, fundada em 1º de março de 1977, portanto, 35 anos de atividades. É mais um fato revoltante de administração desastrosa, inclusive do sr. Carlos Rezende de Santana. Para mim que acompanhei todo processo de retomada do terreno para a Apae, de mais de 27 mil metros quadrados, que foi vendido de forma irregular, o caso continua entalado na minha garganta, porque a área bem poderia estar hoje sendo usufruída por mais de 500 alunos portadores de deficiências e seus respectivos familiares.

Vocês vão saber como tudo aconteceu até chegar a este ponto lamentável e irresponsável. Na verdade, o terreno (dois lotes), localizado hoje num lugar nobre da cidade (zona sul), no Jardim Guanabara, era do Serrano Tênis Clube, que doou à Apae em 1987. O plano inicial era construir uma nova sede, com amplas instalações, inclusive de educação, treinamento, entretenimento e lazer.

Os 25 anos de uma sucursal

Por Jeremias Macário

Não é saudosismo ou coisa parecida, mas é bom registrar os 25 anos de uma sucursal jornalística nesta cidade de Vitória da Conquista, que neste mês de agosto chegou ao seu fim, ou melhor, dizendo, fechou suas portas. Trata-se da Sucursal Sudoeste do Jornal A TARDE, que durante todo este tempo procurou realizar um jornalismo sério, não se limitando ao factual e ao simples registro das notícias.     Nos anos 70 o jornal A TARDE expandia sua cobertura jornalística para vários pontos estratégicos do território baiano, criando sucursais em Feira de Santana, Itabuna, Juazeiro, Jequié e Vitória da Conquista. Depois vieram Barreiras, Teixeira de Freitas, Eunápolis e Santo Antônio de Jesus. O plano era ampliar para outras cidades menores, inclusive Guanambi, na região sudoeste.

“Não estão nem aí…”

Por Jeremias Macário

– A saúde está zerada, no descaso total. Não aguento mais. Estou no limite máximo. Estou sobrecarregada e eles (diretores, governantes e políticos) não estão nem aí para a situação. Os médicos não querem mais trabalhar na saúde pública.

É o desabafo de uma médica (Dra. Renata) num dos hospitais no Rio de Janeiro, dedo em riste e aos gritos frente às câmaras de uma rede nacional de televisão, mas não teve repercussão além disso. O eco da sua voz ficou ali naquele recinto sujo, misturado aos lamentos dos pacientes que apoiaram o protesto. A dor do próximo não importa mais.

    Devem estar dizendo: mais uma vez! É isso, novamente volto a falar do quadro caótico da saúde no país, onde o Congresso Nacional é o mais caro do mundo; um boi de Alagoas tem o preço mais alto; e uma casa, em Goiás, tem uma negociata mais enrolada, de difícil entendimento.

Itapetinga: MP pede afastamento de Zé Carlos

Foto: Blog do Anderson

Ao contrário do que previu o ex-prefeito Michel Hagge, o Ministério Público (MP) já está agindo e pediu o afastamento do prefeito José Carlos Moura (PT) do comando da prefeitura Municipal de Itapetinga, por conta de uma série de denuncias apuradas em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara Municipal. A CPI investigou um pacto superior a R$ 670 mil entre a Prefeitura de Itapetinga e a Bernardo Vidal e Associados (veja aqui), uma empresa de consultoria contratada para recuperar valores recolhidos irregularmente ao Instituto Social do Seguro Social (INSS). “A decisão do Ministério Público, que já foi comunicada oficialmente aos membros da CPI, por intermédio da sua presidente Naara Duarte (DEM), chega em um momento crucial da sucessão municipal, coincidindo com outros problemas que o prefeito Zé Carlos vem encontrando dentro do próprio PT, para garantir legenda e disputar a sua reeleição. Caso a justiça venha a acatar o pedido de afastamento solicitado pelo Ministério Público, o vice-prefeito Edilson Lima deve assumir o cargo de prefeito, imediatamente à decisão, dando uma reviravolta sensacional na política local. Outra medida drástica adotada pelo Ministério Público foi o encaminhamento de uma cópia de toda documentação  para o Delegado da Polícia Federal em Vitória da Conquista, para adoção de medidas legais contra o prefeito Zé Carlos, por ter incorrido no crime previsto no art. 2º da lei nº 8.137/90 (crime contra a ordem tributária), que é da esfera federal”, informou o blog local, Sudoeste Hoje.   Ressarcimento do dano causado aos cofres públicos no valor de R$ 512.225,79; Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; Pagamento de multa civil até duas vezes o valor do dano; Proibição de contratar com o Poder Público, ou receber benefícios ou incentivos fiscais pelo prazo de cinco anos; Perda da função pública, foram os itens da Ação Civil Pública proposta pelo MP foi ajuizada na Vara da Fazenda Pública de Itapetinga, nessa sexta-feira (4). O Blog do Anderson tentou contato com o prefeito Zé Carlos Moura, mas ele não atendeu o celular. Já o seu chefe de Gabinete, Jeremias, disse desconhecer o assunto.

Seca, lixo, fogo, energia e destruição no Sudoeste

Por Jeremias Macário

Em “O Sertão Chora”, canta meu companheiro e amigo Wilson Aragão, lá das terras da minha querida Piritiba. Na canção, ele diz que as mulheres morrem de parto na mão de uma parteira. Vem a chuva e nada melhora. As escolas desmoronam… As criancinhas engrossam o exército da ignorância…Lembrei da sua canção de lamento e protesto quando viajava semana passada para Guanambi, numa visita ao meu amigo jornalista catingueiro João Martins, da revista “Integração”, que logo completará 20 anos de circulação. Denuncia o cantor e compositor, que o povo é escravizado no açoite do couro cru.  No sofrimento, os sertanejos nutrem a esperança de um milagre de Jesus. A seca que abate a gente e tira a comida da mesa… O sertanejo resiste como pau Pereira. Na seca politicagem, os homens são tratados como se fossem boiada, e a vida nada vale – brada a voz de Aragão.

Vigilância

Por Jeremias Macário

Volto ao comentário anterior sobre a ditadura civil-militar quando disse que tem saído coisas desencontradas na imprensa (intencional ou por ignorância) que têm me deixado estupefato. Esses apoios à ditadura requerem da nossa parte vigilância permanente em defesa da liberdade, informando corretamente às novas gerações o que realmente ocorreu naqueles tenebrosos anos de chumbo que, a meu ver, foram de 1964 a 1988(última Constituição).   Um moço, cujo nome não merece ser citado, porque seria dar  visibilidade, escreveu, no Espaço do Leitor, do jornal A Tarde, que “o que foi feito em 1964 só se pode louvar”. Se for um militar linha dura, dá até para entender, mas se é civil, nos envergonha. Aliás, para dizer tal asneira, deveria glorificar a democracia, plena ou relativa, conquistada por aqueles que lutaram por ela. É o tipo de gente que acha que não existiram torturas, estupros e mortes nos porões da ditadura. Tudo não passou de uma mentira.

Acham que é mentira

Por Jeremias Macário

Tem gente que ouve o galo cantar, mas não sabe aonde. Tem gente que ainda acha que é mentira que o homem pisou na lua, como não acredita que houve torturas e horrores nos porões da ditadura civil-militar. Por falta de leitura e pesquisa, essa gente sai por aí falando e escrevendo coisas deturpadas que simplesmente ouviu da boca de outras pessoas que também não se aprofundaram no assunto. Nos últimos tempos tenho acompanhado e lido na imprensa escrita, principalmente, uma enxurrada de “comentários” desinformados da parte de leitores sobre os anos de chumbo da ditadura civil-militar. Usam a raiva para combater os que defendem a comissão da verdade e ainda acham que os pesquisadores estão enganados e nada sabem. A primeira impressão que dá é que se trata de uma campanha orquestrada da direita conservadora para apagar a luta da esquerda no Brasil contra o regime da época (1964-1985, ou até 1988 ou 1990 para alguns estudiosos). A outra impressão que fica é que se trata mesmo da falta de conhecimento (a pessoa não sabe aonde o galo cantou). É um quadro perigoso e preocupante. 

Tipos Populares: Zé Baleiro

Zé Baleiro: figura marcante nos eventos de Conquista e na entrada da "Sacramentinas" há mais de 40 anos
 
Não é o famoso cantor nordestino “Zeca Baleiro” mas é o baleiro Zé mais famoso do Nordeste (desculpe o trocadilho! Foi inevitável!). José Gonçalves de Souza nasceu em Boa Nova (BA) no dia 5 de janeiro de 1943, de família simples, mas batalhadora. Ele tornou-se vendedor de balas ainda criança em 1949, e de lá para cá nunca mais parou. Mais de meio século de profissão. Desde o tempo do “Cine Ritz”. Quem não se lembra dele na portaria dos cinemas da cidade (no Madrigal, no Riviera etc.)!
Zeca baleiro esteve presente em
quase todos os eventos importantes
de Conquista nos últimos 50 anos
“Seu” José Gonçalves, apenas com a venda de balas e doces, conseguiu manter sua família (mulher e cinco filhos). Alguns deles começaram a seguir o exemplo do pai, como Jeremias, mas desistiram, e tomaram outros rumos.
Zeca, mulher e sua “escadinha” (filhos)

O Paciente da Central

Por Jeremias Macário

O paciente, como o próprio nome já diz, é paciente, mas tudo tem seu limite de paciência. Tem necessitado que suporta, chora e lamenta, mas outros se revoltam diante de tanta carga de humilhação.   O paciente que sofre de problemas gástricos e já fez tratamento de Hepatite “C” recebe uma requisição, no dia 20 de maio, do seu médico do SUS para realizar uma Colonoscopia. Tem mais de 60 anos e precisa passar por esse procedimento.  Como não tem condições financeiras para bancar um exame desse porte numa clínica particular, se dirige, no mesmo dia, ao Sistema da Central de Marcação da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. O funcionário anota seu telefone e orienta que espere em casa um comunicado.  Depois de três meses, no dia 24 de agosto, uma atendente liga para que ele se apresente à Central para marcar o exame. O paciente chega às 9 horas e só é atendido às 11horas. O funcionário passa as instruções e marca o procedimento para o dia 5 de setembro, com o Dr, Egmar Nogueira, no Hospital Esaú Matos.

Entusiasmo com o Forró da Serra do Periperi

Foto: Blog do Anderson

Quem está muito contente com o São João de Vitória da Conquista é o jornalista Jeremias Macário. Em conversa com o Blog do Anderson na noite desse domingo (26), o comunicador disse ter ficado encantado com a valorização da cultura que foi expressa em todo o circuito do Forró da Serra do Periperi. Ele que também visitou outros municípios nestes últimos dias, disse que apenas a Capital do Sudoeste preservou o verdadeiro cenário que representa os atos e os costumes nordestinos.

Academia do Papo

A morte da elegância – conquistenses ilustres

Por Paulo Pires

Com o falecimento de Dalmar Gusmão, sexta feira 13 de maio/2011, pode-se afirmar com segurança [e tristeza] que o charme masculino conquistense dos anos 50, 60 e 70 está desaparecendo do nosso Planalto. Dalmar era filho de Ariovaldo Fernandes, que junto a Jeremias Gusmão [seu cunhado], Aureomar, Ziziu, Bebé, Wellington Mendes e Osvaldo Santos Mello, formavam aquele santuário de grandes pecuaristas. Ao lado de outros grandes amigos da região de Itambé e Itapetinga como Zé Caixeiro, Zeca Espinheira, Jovino Oliveira, Waldemar Holanda, Cori Moreira, Pequeno e Belizário Ferraz entre outros, esses senhores constituíram-se em verdadeiras lendas da criação bovina baiana.

História dos bancos de Vitória da Conquista

Antiga sede da agência do Banco Econômico, que foi
derrubada para a construção do atual prédio inaugurado
em 1984 (hoje Insinuante), na Praça Barão do Rio Branco
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Econômico foi a primeira agência bancária de Vitória da Conquista
 
Por Luís Fernandes
 
Antes da década de 1930 Vitória da Conquista não tinha agência bancária. Havia somente um correspondente do Banco do Brasil, que era o Coronel Paulino Fonseca. Quando havia necessidade de empréstimos avultados recorria-se aos grandes capitalistas locais, como o Coronel Zeferino Correia de Melo, que agiotava a juros de 2% ao mês. Foi justamente o Coronel Zeferino Correia, latifundiário, líder político influente e presidente do diretório local do Partido Republicano, correligionário do ex-governador Góes Calmon, então presidente do Banco Econômico, que solicitou deste a implantação de uma filial nesta cidade, onde não existia agência bancária. Atendida a solicitação, o Coronel ficou encarregado de contratar um gerente para o banco. Apresentou, então, seu genro, Joaquim Hortélio da Silva Filho, para ocupar o cargo no dia 10 de março de 1930, em sede provisória, situada ao lado da casa de sua residência, na antiga Praça 15 de Novembro (atual Praça Tancredo Neves), a segunda agência do Econômico na Bahia. O primeiro depósito foi feito por Zeferino Correia, na quantia de 300 mil réis. Depois, o banco foi transferido para a Alameda Lima Guerra, de onde saiu para a Praça Barão do Rio Branco, até ser vendido para o Excel, e este para o BBV (Banco Bilbao Viscaia) e, por fim, para o Bradesco. O Bradesco, quando adquiriu o BBV, fechou a agência e vendeu o prédio para as Lojas Insinuante.
Fachada do antigo prédio do Econômico
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Eleito deputado estadual em 1954, Joaquim Hortélio indicou como substituto seu irmão Jonas Hortélio, que construiu a sede do banco em Conquista. Depois de adquirida a sede do antigo Cinema Riviera, o Banco Econômico iniciava as obras para sua nova instalação, que seria inaugurada em 10 de julho de 1984, comemorando o sesquicentenário de fundação do Grupo Econômico S/A. Era gerente geral na época Edgar Moreira, mas talvez o mais conhecido gerente desta instituição em Conquista tenha sido Enésio Freitas Gonçalves. Um dos grandes clientes desta instituição em Conquista foi, certamente, Jeremias Gusmão Cunha.
“Nova” agência do Econômico inaugurada em 1984 (foto: José Silva)

História dos Cinemas de Vitória da Conquista

Cine Madrigal: último cinema de rua de Vitória da Conquista
Nivaldo Araújo, natural de Itaquara (BA), foi proprietário de cinco salas de cinema em Vitória da Conquista; instalou seu 1º cinema, o “Cine Ritz”, onde antes funcionava o “Cine Vitória”, no prédio da antiga “Rádio Clube de Conquista”, pois o “Vitória” já estava desativado. Logo depois Nivaldo o vendeu para “Juvenal Calumbi” (uma empresa de cinema de Salvador). Isso ocorreu assim que Nivaldo adquiriu o “Cine Glória” de Frederico Maron (Itabuna-Ba), que havia construído o 1º Glória. Nivaldo reformou o prédio, mudando-lhe a fachada. O “Glória” tinha capacidade para 600 pessoas. Esse 2º Glória só foi desativado em 1992, quando o Grupo Cinematográfica Nivaldo O. Araújo Ltda., empresa de Nivaldo que controlava todos os cinemas de Conquista nos anos 70, 80 e 90, vendeu o prédio para a Igreja “Universal do Reino de Deus”.
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O 2º Glória, com sua “nova” fachada (década de 1970), hoje
é a “Igreja Universal do Reino de Deus” da Francisco Santos
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Em julho de 1971 Nivaldo Araújo já havia adquirido os outros três cinemas da cidade: o Eldorado, o Riviera e o Madrigal. O “Eldorado” pertencia ao grupo de Petrônio Sales, que explorava o prédio de propriedade de José Isidoro da Silva Primo (dono do posto de gasolina que funcionava na frente ao cinema). O Eldorado tinha capacidade para 300 pessoas. Mais tarde, Nivaldo devolve o prédio a Isidoro, extingue o Eldorado e constrói um prédio na Avenida Itabuna (bairro Brasil) e instala ali o “Trianon”, por volta de 1974, com capacidade para 500 pessoas. Mais tarde Nivaldo vende o prédio do Trianon para a Igreja Universal.
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Cine Riviera: uma das fachadas de cinema mais clássica
do Brasil foi derrubada pelo “Econômico” para dar lugar ao
prédio da atual loja “Insinuante” na Barão do Rio Branco
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O “Riviera” pertencia ao grupo de Petrônio Sales, Joaquim Teixeira e Cláudio Cordeiro, que havia adquirido o “Cine Conquista” de João Picopel e mudado o nome para “Riviera”. Tinha capacidade para 550 pessoas. Picopel e Inocêncio, por sua vez, tinha comprado o cinema de Jeremias Gusmão. Depois, Nivaldo Araújo vendeu o prédio ao Banco Econômico, para ser derrubado e construído no local a nova agência, inaugurada em 1984. Por fim, o “Madrigal”, que foi adquirido de Gentil Alves (Jânio Quadros-Ba). Gentil construiu o prédio da “Galeria Madrigal”. “O cinema foi inaugurado no dia 22 de maio de 1968, com a exibição da fita A Noite dos Generais“, lembra Edilno Ferreira Macedo, gerente do Madrigal na época e que foi colega de banco de Nivaldo e Enésio (os três trabalharam no Econômico e os três tinham vinculações com cinema). “No dia da inauguração tinha capacidade para 1.022 lugares”, complementa Edilno, que lutou até o fim para que o Madrigal não fosse fechado em Conquista, mesmo depois que a “Art Filmes” o adquiriu em 1996, fechou em 2001 e reabriu em setembro de 2002. Ícone da antiga geração de amantes da 7ª arte de Conquista, o Madrigal, infelizmente, teve seu fechamento definitivo no dia 30 de julho de 2007.  

ABI quer apuração dos fatos da chacina de Vitória da Conquista de forma livre, sem pressões e sem ameaças

Jeremias Macário é jornalista e membro da Associação Baiana de Imprensa

Texto: Jeremias Macário

Não se pode combater a violência com mais violência, e a polícia deve ser a primeira a dar o exemplo quanto ao cumprimento da lei, não importando que seja morosa. A Chacina de Vitória da Conquista foi um ato de violência e transgressão à Constituição quando domicílios foram invadidos sem madado judicial. A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) defende que o trabalho de apuração dos crimes pelo Ministério Público e pela Justiça seja feito de forma livre, sem pressões ou qualquer tipo de ameaças. A verdade é que o fato aconteceu e 11 pessoas foram mortas. Quem são, então, os responsáveis? O mais lamentável é que nosso povo, diante de tanta insegurança está perdendo ou perdeu o conceito sobre o certo e o errado. Enquanto isso, continua a deficiência na educação, e o governo pouco investe no social. Não basta só aumentar o número de policiais e de equipamentos para conter o avanço da violência.   

Ouça a entrevista do jornalista concedida ao Blog do Anderson