
Por Marco Antônio Jardim
Onde a carne nada vale. Tradução atualizada e literal do Carnaval. Tem aquela história cristã das festas regidas pelo calendário lunar, mas o fato é que ninguém olha pra lá. O mundo olha pra Nice, New Orleans, Veneza, Toronto, Berlim, Rio, Recife ou Salvador. Seja onde for, bocas, peitos, coxas, bundas e paus. Cada vez menos o olhar sente músculos involuntários. Um artigo na internet até perguntou se ainda existe amor de Carnaval. Na quarta das cinzas, o que rima com o mardi gras é sexo casual. Mas, no deserto de Vitória da Conquista, talvez exista sim. Hoje, em plena sexta, por exemplo, passar pela Olívia Flores ao meio dia, outrora na disputa pra ser avenida fora de época, é ver tufos no asfalto, quase o Arizona. É neste lugar que lembro que deserto significa abandono. Se a significância for renúncia, é neste bloco que eu desfilo. E ainda determino o dia da roupa de baixo, sem mídia de impacto e sob efeito de pílulas. Anderson pode até publicar, desde que assine meu nome com as primeiras letras garrafais.